Page 49 - Telebrasil - Julho/Agosto 1976

Previsões tecnológicas

planejamento: um brinquedo

ou um instrumento?

HAROLD A. LINSTONE

Professor da Universidade do Estado de

Portia nd

Tradu/ido pelo Eng ; Jaime Cimerman

Empresários do ramo geralmente con­ to. Na verdade, planejamento a longo trolar nosso futuro ou não? Se quiser

sideram de pouca utilidade as "pre­ prazo é considerado como uma das mos, planejamento a longo prazo,

visões". Aqui apresentamos algumas coisas importantes. A maioria das (prever o futuro para daqui a cinco, dez

diretrizes para planejadores que de­ companhias médias e grandes tem ou mais anos) tem muita importância.

sejam retificar esta situação. equipes de planejamento para este Seu impacto é para alterar nosso

propósito, geralmente encabeçadas planejamento a médio prazo (normal­

Engenheiros eletrotécnicos têm de­ por vice-presidentes. Eles mantêm mente 3 ou 5 anos), o qual conseqüen­

monstrado um crescente interesse Dela reuniões anuais sobre planejamento, temente altera nosso planejamento a

metodologia, classificação e plane­ que são assistidas por altos funcio­ curto prazo (acima de dois anos). Mas

jamento das previsões tecnológicas. nários e amplamente divulgadas aos se nós simplesmente quisermos deixar

Conseqüentemente, como profissional acionistas como evidência de uma cor­ as coisas andarem, esperar que de al­

desta área amplamente divulgada, poração previdente e líder. guma maneira os problemas futuros se

acredito ter chegado a hora de se resolvam por meios correntemente

examinar realisticamente o motivo pelo O problema é que há pouca substância desconhecidos, então nós não nos

qual ela representa papel secundário, sobre a maior parte disto. Com al­ preocuparemos com um horizonte am­

no atual processo de tomada de de­ gumas excessões notáveis, a equipe de plamente planejado. A dificuldade

cisões comerciais. A verdade é que as planejamento não participa da real crescente é que da mesma maneira

previsões geralmente não são usadas tomada de decisões e é uma entidade que nós restringimos nossas opções

de uma maneira efetiva, e é minha in­ que, na melhor das hipóteses, é um para o futuro, fazendo um planejamen­

tenção explorar neste artigo qual a refúgio para os intelectuais da firma. to rígido — um plano para 15 anos e

razão disto, bem como fornecer al­ Quando ela é encabeçada por um seguindo-o em detalhes — nós tam­

gumas diretrizes específicas para em­ executivo, ele é geralmente uma pes­ bém eliminamos opções, por não

presários do ramo que desejam obter soa que está para se aposentar ou al­ fazermos planejamento algum. Con­

resultados mais úteis de sua equipe de guém que foi removido de um cargo de siderando, por exemplo, nosso total

planejadores ou consultores. responsabilidade por ter demonstrado descaso para previsões sobre a escas­

incapacidade. A reunião anual para sez de energia em 1952 (relatório da

Quero deixar claro que o planejamento planejamento a médio e longo prazos President's Materials Policy Comis­

a que me refiro é a médio e longo é, na maioria das vezes, um ritual que sion ), e em 1966 (relatório anual da

prazos (geralmente 3 anos ou mais), e deve ser aturado da mesma maneira Atlantic Richfield's), que previu cla­

não planejamento a curto prazo; quan­ que o é a reunião anual de acionistas. ramente que "a nação enfrenta a pers­

do as previsões tecnológicas não Resumindo, para a média de em­ pectiva de falta de energia". A con­

causarão um impacto significativo. presários do ramo, planejamento além tínua utilização de nossas reservas não

Empresários eletrônicos não diferem de um futuro próximo é simplesmente renováveis vai, no futuro, reduzir nossa

de outros empresários, no fato de uma atividade que tira tempo e di­ economia e, em um futuro próximo,

raramente ouvir-se um deles atacar nheiro de atividades mais importantas nossas opções políticas no cenário in­

publicamente este tipo de planejamen- como, por exemplo, impulsionar a ternacional.

próxima quarta parte da produção ou

as vendas do próximo ano. Agora, devido ao fato de que há muito

N.R - Este artigo foi publicado na Revista IEEE poucos empresários, incluindo pre­

SPECTRUM volume II - N°4 em abril/1974 • Oireitos/ Poucos empresários se fazem a per­ sidentes — que esperam estar ocupan­

1974 e está sendo republicado sob automação do IEEE

Instituto de Engenheiros Eletrotécnicos e Eletrónicos. gunta fundamental: Queremos con­ do a mesma posição daqui a 10 anos,