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em tempo algum, uma inflação de 100% (cem velmente uma mania tradicional e histórica de
por cento)- ao ano, como a que tínhamos pôde privatizar os lucros, sempre que possível e so
ser quebrada com aumento de produção que, cializar os prejuízos, sempre que necessário.
na melhor das hipóteses, pode atingir 6 (seis)
ou 7 (sete) por cento ao ano. Além disso, Procurei, portanto, ser objetivo, combinan
infelizmente o ato de produção não é uma so do de um lado a mitologia da emprêsa pública
lução instantânea, antes de se aumentar a pro e de outro a mitologia da emprêsa privada,
dução ou para se aumentar a produção fazem-se mas não quero embarcar nessa controvérsia, que
investimentos e pagamentos de rendas que acres considero superada e ociosa entre o papel da
centa ao poder de consumo e à demanda exis iniciativa puolica e da iniciativa privada. Não
tente, antes mesmo que a produção chegue ao o quero Jazer apesar de que maior parte das
mercado. Trata-se, portanto, de um método querelas do mundo, das grandes guerras e das
de combate à inflação, mediante uma tentati grandes disputas se situam, simplesmente, ou
va de enchimento do "'tonel das Denaides" se classificam em três categorias: as disputas
Não cufra solução qualquer que seja a sim territoriais, as disputas amorosas e as disputas
patia enorme da mitologia privatista se não semânticas, sendo que as disputas semânticas,
se combinar o esforço de incentivo à produção são entre tôdas, as que às vêzes atingem maior
com as severas compressões do excedente da grau de ferocidade ou pelo menos engajam
procura monetária e de bens e serviços. Tudo maiormente o esforço coletivo. Há guerras eni
o mais é iluüo tôrno de conceitos e em fôrno de preconceitos.
Há guerras em tôrno de territórios e fronteiras.
Um segundo aspecto da mitologia privativa Raramente há guerras em tôrno de disputas
é aquela que eu chamarei de " direito divino amorosas. Há contendas particulares. Infeliz-
da duplicata". Há quem postule a ver um di mente a história só registra uma grande guerra
reito sagrado ao desconto por ter havido já de motivação feminina, a guerra de Tróia.
um ato de produção e um afo de venda. Poucos É artificial o conflito entre o papel da
se dão ao trabalho de verificar se o ato de emprêsa pública e o da emprêsa privada num
produção e o ato de venda não se destinaram país em desenvolvimento, quanto mais não,
à formação de estoques especulativos. fósse pelo simples fato de que há uma tal
abundância de tarefas, há um tal número de
Poucos se preocupam em verificar se o
valor da duplicata não inclui um simples re áreas vazias que a emprêsa pública e a emprê
gistro do aumento de preço dos fatores de pro sa privada podem desempenhar um papel com
dução ao qual se agrega uma margem de lucros, plementar ao invés de competitivo. O atual
sem terem percorrido nenhum esforço para me Govêrno, com a deliciosa falta de lógica que
lhoria de produtividade, ou contenção de preço. constitui o nosso ieito sociológico, tem sido, ao
mesmo fempo, acusado de fanatismo interven
Se interpretarmos, com a ferocidade ideo cionista e fanatismo liberal. Onde está a ver
lógica com que é exposto enfre nós o direita dade ? Haverá excessivo intervencionismo ou
divino da duplicata, levaria certamente a per haverá excessivo liberalismo ? O próprio fato
petuação da inflação. Ninguém nega que deve de se tomarem duas atitudes diametralmente
haver crédito legítimo para produção. A pro- opostas em face do comportamento do Govêrno,
riurSn r>o<to rrpsrer 6, 7 ou 10% ao ano, em parece indicar que êsse comportamento está na
hipóteses ideais, e a expansão do crédito nessa média dourada ou na virtude que, como diz
proporção, certamente não somente não é in o nr^vérbio latino está no meio. Acusado, de
flacionária como é um requisito básico de de- excessivo intervencionismo, tem o Govêrno tra-
•”r< si-snrip número de contribuições, sejam
jSenVolvimento econômico de crédito. Entrle-
tanto na razão de 50, 60 ou 70% ao ano genéricas, sejam específicas, ao fortalecimento
não representam a consagração do direito di na emprêsa privada.
vino da duplicata, constituem a consagração de Alinharei primeiro! as contribuições gené
um abuso inflacionário. ricas. Uma delas é a diminuição de incertezas
e de riscos do ato econômico. Todo o e=‘ôrço
Há um terceiro aspecto da nossa mitologia de planejamento, de indicação de objetivos, de
privatista que se traduz no constante esforço de formação de uma moldura de um quadro para
privatização do lucro e de socialização do pre operação da iniciativa privada significa um es
juízo. Tôda a vez que ocorre um prejuízo é forço para diminuição da incerteza e do risco
insopitável o desejo de distribuí-lo socialmenfe, empresarial. Essa incerteza e êsse risco haviam
através da busca de subsídios de preços subven atingido o seu ponto máximo quando estáva
cionados e de financiamento generosos de pri mos laborioSamenfe trabalhando sob a batuta
vilégios de mercado etc. Nunca existe, entre do engenheiro do caos.
tanto, um contra-quadro, uma propensão ética
de socialização de lucro: êsce não deve ser Uma segunda contribuição foi eliminar a
objeto de privatização de todo o nosso vasto constante ameaça de desapropriação e confisco.
apetite de sonegar imp sfos e revela, indiscuti Essas palavras não foram ouvidas raramente e-