Page 1098 - Telebrasil Noticiário
P. 1098
derada pelo Sr. Carlos Lacerda, certa- intento — encampar a Companhia Te
mente não teríamos chegado ao ponto lefônica. Foi impedido pelo decreto de
que chegamos — um terrível e imo- intervenção federal na companhia. A
bilizador déficit de telefones. interventoria anômala até hoje vigora,
e precisa terminar em favor dos usuá
Será preciso recuperar o tempo per rios assinantes.
dido. Qualquer solução que encare rea
listicamente o problema terá de pon Com tôda a certeza, o governador
derar, primeiro, a cobertura do déficit, continua com pretensões ao controle
ou a reconquista do tempo perdido; da CTB. Trata-se evidentemente de
segundo, terá de criar condições para, pretensão absurda, pois a ninguém,
daqui por diante, impedir a formação com mínimo de bom-senso em maté
de nôvo déficit, o que só será consegui ria de segurança nacional, ocorreria
do se o serviço telefônico acompanhar
confiar ao Sr. Carlos Lacerda o con
o crescimento vegetativo da vida urba trole das comunicações telefônicas do
na e interurbana. País.
Estamos diante de um desafio cuja
Portanto, no equacionamento da so
dimensão exigirá a participação coo
lução, duas hipóteses podem ser afas
perativa de todos: do Govêrno Fede
tadas: a da intervenção vigente, já vis
ral, dos governos estaduais atendidos ta e experimentada, e a estatização no
pela Companhia Telefônica Brasileira,
sentido estadual, na forma de qualquer
da Companhia concessionária, e dos fusão ou de subordinação à CETEL.
assinantes.
Restam algumas hipóteses, uma das
quais, a estatização ou federalização
Qualquer solução estritamente esta por compra pelo Govêrno Federal, se
tal, sob a forma de nacionalização por ajustava à política naci.onalizadora do
compra ou encampação, não oferecerá govêrno Goulart, mas não se encaixa
perspectiva de telefones abundantes e harmoniosamente na filosofia do go
operantes. O caso da CETEL já é bas vêrno Castelo Branco.
tante expressivo aqui na Guanabara.
Tôda gente sabe que a empresa tele A abertura da CTB de forma a que
fônica do Estado não tem condições dela passassem a fazer parte acionis
de continuidade sôbre seus próprios tas privados e públicos brasileiros, pas
pés, ou, em outras palavras, com sua sando o controle acionário à maioria
própria renda. Ela só não está falida nacional, só poderá ter apêlo se vier
porque empresa estatal não entra em apoiada firmemente em uma diretiva
concordata ou abre falência. Sobre clara e insofismável por parte do Go
vive ao amparo oficial. vêrno Federal: os assinantes financia
rão em grande parte o crescimento do
Tôda gente sabe que a CETEL é sus serviço. O aumento das tarifas já con
tentada pelos assinantes e pelo Tesou cedido, e mesmo admitindo que elas
ro do Estado. O que vale dizer por não mais ficarão em atraso com a
usuários e por não-usuários do nôvo inflação, não será suficiente para for
serviço. Ninguém sabe, todavia, quan mar o capital necessário aos enormes
do êste nevo serviço estatal entrará investimentos exigidos pelo tempo per
efetivamente em funcionamento, ou se dido em matéria de serviços telefô
ja, entrará em ligação com o resto nicos.
do sistema telefônico local e geral.
É fácil — e não demanda coragem
A solução adotada no projeto CETEL — clamar que o serviço telefônico es
— a do financiamento do aparelho, em tá em colapso e que alguma coisa tem
grande parte, pelo usuário — foi justa de ser feita. Coragem revela quem de
mente a que, à época do Prefeito Ne clara que coisa é essa, pois a grande
grão de Lima, foi furiosamente ata dificuldade é afirmar o melhor para o
cada pelo atual governador. Éste, em povo, mesmo que isso signifique impo
suas oscilações pendulares, evoluiu, pularidade momentânea e contrarie
mais tarde para a solução estatal, e dades ao governador do Estado.
chegou mesmo a querer imitar o go
vernador do Rio Grande do Sul, Sr. O certo, em matéria de telefones, é
Leonel Brizola, em suas atividades en- manter o serviço nas mãos da inicia
campadoras. tiva privada, se preciso abrindo o con
trole da emprêsa aos acionistas popu
O Sr. Carlos Lacerda, ao tempo do lares — os assinantes. Permitir que
govêrno Goulart, quase conseguiu seu ela venda seus serviços a preços cor-