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mensão é a das obras e dos atos que medida de nossa simples presença, a
transcendem a transitoriedade dos mo responsabilidade que nos cabe. Essa
mentos que passam. responsabilidade tem um preço míni
10. — Pode parecer sem encanto mo, que é o da justiça e o da isenção,
para o povo a verdade despida dos ar sem ódios, nem rancores, assim como
ranjos e dos cocares que estimulam a o dever da preservação impessoal.
imaginação, a verdade humilde e de Não se trata, porém, de passar uma
sataviada, sem gestos arrogantes, sem esponja sóbre o passado, pois êste tem
gritos ameaçadores, ou promessas ca o seu pêso próprio, a incidir sóbre o~
rismáticas. Mas eu estou convencido pratos da balança, e a balança da
de que a humanidade, após meio sé justiça como se sabe,oscila com o apoio
culo de “mostração”, — e eu mesmo equânime da fôrça.
compartilhei com fervor dessa época 14. — Como é necessário lembrar
das camisas simbólicas e das dedica — neste instante em que se cassam di
ções cívicas em colunas marciais — reitos de administradores corruptos -
tenderá cada vez mais a preferir a sim que cada ato de corrupção teve pelo
plicidade que se casa a uma clara menos um parceiro, um industrial, um
consciência de limites e de limitações. comerciante, um funcionário, um ad
11. — Só um povo com consciência vogado, um empreiteiro, sempre al
de maturidade, quando mais não seja guém, em suma, que talvez esteja ba
pela convicção de estar em condições tendo palmas, sem prestar atenção à
de adquiri-la, mostra-se à altura da arritmia de seu próprio coraçao...
tarefa de nossa época, que parece ser 15. — A coragem de ser “honesto” ,
a da velocidade e do paroxismo, mas de ser “sério” muitas vézes se confun
oculta o fundo desejo da estabilidade de com a coragem de ser simples, como
e da segurança, graças ao binómio ins- a ousadia de dizer: em lugar de mais
cindível da “liberdade” e do "bem-es uma Universidade, abram-se mais cem
tar social” . escolas ou trinta institutos profissio
12. — E' neste ponto essencial que nais; em lugar de mármores preciosos
somos diferentes dos pregadores de re em edificios públicos, mais serviços e
formas no govêrno anterior: éles que servidores capazes, mais aparelhamen-
riam reformas até mesmo à custa da tos técnicos a dar beleza interior às
liberdade: nós as queremos nos limi paredes decentemente caiadas...
tes possíveis das liberdades preserva 16. — Em tudo é preciso, porém, que
das. — 'R e i or mas-meios” e “ re/or- resplenda a fôrça de uma convicção
mas-fins” , ou, indo ao fundo da ques sincera. Nem basta a convicção que
tão, uma diferença no plano da inten se resume em mais uma "atitude de
cionalidade, nos critérios com que sc mostração” , como, por exemplo, a que
jogam e se equacionam os dados dos inspirou uma pretensa “ordem dos go
problemas. rilas”, com a melhor das intenções,
13. — De qualquer modo. só hã Re mas que ao meu vêr, não se afina com
volução na medida e enquanto se re o sentido autêntico da obra revolucio
conhece a necessidade de uma nova nária.
adequação entre a problemática dos Felizmente, são os nossos militares os
meios e a problemática dos fins, supe primeiros a repelir iniciativas que ol
rando-se as dificuldades postas por ca videm os valores cívicos que palpitam
sos isolados: é a atitude perante a “to debaixo da farda de cada um dos nos
talidade” do sistema vigente, com o sos soldados. O destino desta Revolu
propósito de fazer a critica construti ção está mais na consciência do ho
va de suas estruturas que caracteriza mem comum do que na espada dos
uma Revolução, e não o corte isolado militares ou nos poderes dos líderes
ou o reparo timido de um de seus vi civis
gamentos Mesmo porque a corrup 17. — A Revolução que estamos vi
ção, antes de ser um problema do “ ho vendo e cujos caminhos definitivos
mens corruptos” , é um sintoma de “so ainda estamos sondando, nasceu nas
ciedade corrupta” . ruas, sob uma inspiração tão generali
A corrupção é sempre de natureza zada e comum, que seria ousadia al
binada, envolvendo a positividade dos guém assumir poses de dono. Houve.
que subornam e a negatividade dos Dor certo, mentores, homens que se an
que se deixam subornar: assim como teciparam à intuição do momento,
dos que se omitem e dos que toleram. alertando a Nação, cada qual sob o
E se só agora estamos tomando pro ângulo de uma das muitas perspectivas
vidências enérgicas, tenhamos ao me que se vão delineando no cenário ideo
nos a coragem de assumir, todos, na lógico do Brasil atual.