Page 11 - Telebrasil - Novembro/Dezembro de 1963
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mercado de preços na hipótese de m o­        emprêsas. Ésse sistema de controle in­
nopólio quando se estima o preço, como       direto depende de uma administração
ocorre com o serviço público. Desde, po­     estatal eficiente e de um público dotado
rém, que exista mais de um produtor ha       de adequada educação civica. Essas
possibilidade de assegurar-se a exatidão     condições, dirão, são próprias de um país
do mercado. O processo de preservação        desenvolvido. Como pretender encontrar
da expressividade do mercado é com ple­      administração eficiente e público civi­
xa, não resta dúvida. Exige um sistema       camente educado em país subdesenvol­
flexível de imposição tributárias, do im­
posto de renda ao imposto de importa­        vido? Mas é óbvio que, de forma algu­
ção. Requer o exame da evolução dos          ma, alcançaremos uma administração

preços dos diferentes ramos de produção      eficiente e chegaremos a ter uma po­
e do grau de suprimento do crédito ban­      pulação civicamente educada, se insis­
cário. Impõem atento exame da políti­        tirmos em percorrer caminhos que nos le­
ca salarial e da aplicação dos lucros das    vam à direção oposta ao da civilização
                                             dos povos.

CA E LÁ

   Sob o titulo em epígrafe, o “ Jornal do   pagaios ou sem elhantes aos Estados Uni­
Comercio" de Recife, de 11-6-63, publi­      dos. Sinceram ente, amigos, sinto-me
cou o artigo abaixo recebido de seu cor­     maravilhado com estas coisas.
respondente em New York:
                                                Hoje paguei minha conta de uma se­
   NEW YORK, Junho — Enccniro a todo         mana de permanência no Hotel Chester­
instante brasileiros nesta grande cidade.    field. Surpreendi-me com uma cobrança
Mais do que em qua'quer cutra parte da       d& telefonem as no valor de C7S$ 20.00,
Eurcpa exceto Portugal, onde não se          equivalentes a CrS 16.000,00. Telefone­
sabe ao certo quem e português ou bra­       mas aqui mesmo para a cidade. Tudo
sileiro. Gostaria de ter uma e tatistica     é pago neste pais que se impõe como o
para ficar com a certeza de que vêm          mais poderoso do mundo. Quando a
mais brasileiros para os Estados Unidos      nossa Companhia Telefônica de Pernam­
ou para o Velho Mundo. Uma vaga in­          buco revolveu arbitrar uma taxa sobre
formação me assegura que vivem cinco         o excedente de um determinado número
mil patrícios em New York e quinze mil       de telefonem as houve uma grita dos dia­
no pais norte-americano. A impressão         bos. É que a jiossa gente acostumou-se
que se tem e que estes cinco mil da ci­      a ter tudo de graça. Por isto é que os
dade grande vivem totalm ente em Ma­         serviços públicos são defeituosos e os par­
nhattan.                                     ticulares ainda piores.

   Não sei com o estes brasileiros se acoz-     Outra coisa muito séria nos Estados
tumaram a um pais que exige tanta or­        Unidos, tal com o na Europa, mui espe­
dem em tudo e por tudo. Desde a en ­         cialmente Portugal, é Correio e Telégra­
 trada, na aduana do lindo aeroporto,        fos. Carta e telegrama são mensagens
sente-se a exigência no cum prim ento da     que precisam chegar com urgência aos
Lei. Minha pequena bagagem foi total­        seus destinos. Acima de tudo com rapi­
mente vasculhada e meu colega Fernan­        dez e segurança. Infelizm ente é o que
do Ramos viveu um pequeno drama para          nós possuímos de pior no Brasil. Meu
entrar com um papagaio que trouxe de          velho pai lutou durante 40 anos de sua
presente a um arJiiço comum. Teve e n ­       vida para moralizar o serviço. Muitos
 tão de assinar um têrmo, respon:abili-       dos seus colegas têm lutado igualmente.
 zando-se por uma epidemia que o ino­         Homens honrados que sofrem por um
 cente possa causar, promeiendo ainda,        êrro de base. Há dois anos. em Lisboa
 em juramento solene, jamais trazer pa­       coloquei uma carta para Londres, pela
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