Page 3 - Telebrasil - Fevereiro/Março
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ação do Estado, para apontárlo como um mau agente de operação de
serviços de utilidade pública. A experiência, entretanto, tem demonstrado,
cabalmente, que a estatização quase sempre conduz os empreendimentos
a situações perigosas e a resultados negativos.

      As emprêsas incorporadas ao Patrimônio da União são bem o exem­
plo, a demonstrar aquela verdade: — enquanto estiveram elas sob a
responsabilidade da iniciativa privada, funcionaram razoavelmente, ape­
sar de desassistidas do amparo oficial ef consequentemente, prejudicadas
pela ação dos Governos. Depois de estatizadas, tais emprêsas entraram
em pleno colapso, chegando mesmo, em alguns casos, à completa insolr-
vabilidade.

      As tarifas, que já eram, quando tais serviços estavam afetos à livro
emprêsa, insuficientes e inadequadas, tiveram que permanecer inaltera­
das, como acontece, por' exemplo, com as estradas de ferro, isso- a fim
de não acarretar seu reajustamento dano eleitoral para os homens de
Govêmo, mesmo que essa inércia represente o risco de se levar ao caos
o empreendimento, reduzindo, dia a dia, a prestabilidade do serviço. O
Estado teve, portanto, que suportar os “déficits” da operação do serviço
estatizado — que antes lhe assegurava renda farta representada pelos
tributos a que estavam obrigadas as respectivas emprêsas concessioná­
rias — recorrendo-se, para tal, a sucessivas e vultosas emissões de papel
moeda e, consequentemente, acarretando o permanente agravamento da
espiral inflacionária que desgraça o povo.

      Por outro lado, a intromissão política nos destinos das sociedades
estatais, cujos cargos diretivos são transformados em presa fácil dos
partidos políticos, Tia sua luta permanente pela conquista de mais poder,
trouxe outra gravíssima consequência que mais ainda agravou o pro­
blema: — a permanente instabilidade administrativa das emprêsas ope­
radoras de serviço estatizado, sujeitas a pressões de toda a ordem, ao
afilhadismo, ao empreguismo no seu mais alto grau e à constante explo­
ração ideológica dos “chauvinistas” e aventureiros.

      Ultra-politizadas, com seus postos-chave sempre objeto de nego­
ciações político-partidárias, tais emprêsas não podem executar, ade­
quadamente, qualquer projeto ou plano de realizações, os quais deman­
dam, além de tempo e saber, uma orientação segura e continuada — e
isso não seria possível fazer-se, tendo em vista a instabilidade de seus
escalões administrativos, em regra geral compostos de leigos na técnica
administrativa especializada da emprêsa em foco.

      Muitos e muitos casos poderiam ser apontados, “ad argumentadum”.
Um, no entanto, nos parece bastante citar: — enquanto noI Brasil as
emprêsas fabricantes de automóveis se desenvolvem em ritmo acelerado,
firmes na produção e no conceito operacional — tul onais franca pros-
pendade — uma outra, que está sob a administração do Estado, a mais
antiga no mercado e permanentemente à sombra de maiores favores
oficiais, se encontra às beiras do colapso, exaurida, quase arruinada.

      Nos Estados e Municípios, o fenômeno se repete: — tudo o que
fora operado por particulares e passou, em seguida, para a responsabili­
dade do Govêmo, entrou em decomposição acelerada. Jornais, rádios,
emprêsas de serviços de utilidade pública, empreendimentos de fins lu-
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