Page 20 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1981

computador de porte médio. Mesmo assim, o
desenvolvimento das empresas não está sendo
baseado em dinheiro do usuário, mas em inves­
timentos diretos dos grupos financeiros que do­
minam as empresas do setor.
A indústria de minicomputadores cómeçou a se
implantar dois anos antes da de periféricos,
tendo sido 1980 o ano do término da implanta­
ção das unidades industriais dos minis, como
comprova o fato da Cobra ter inaugurado sua
fábrica em fins de 1979, a Sid, Labo, Edisa e
Sisco durante 1980. Assim, para esta indústria,
em 1980, foi possível atingir o estágio de mon­
tagem total de seus computadores no País. E a
indústria de periféricos deve atingir esta posi­
ção no próximo ano, embora todos já possuam
unidades fabris.
Como desenvolvimento, em 1980, a Edisa lan­
çou um data-entry totalmente projetado e fa­
bricado no Brasil e já em linha de produção.
Equipamento semelhante foi lançado pela Sid,
enquanto a Cobra colocou no mercado o TD
(terminal inteligente), que é o Cobra 300, tam­
bém com projeto de hardware e software to­
talmente nacional.
Entre as empresas de periféricos eletrônicos, a
Scopus — a indústria mais antiga —já está for­
necendo ao mercado cerca de seis mil
terminais/ano e em condições de atender a
qualquer tipo de demanda técnica.
O capital integralizado das 33 empresas de in­
formática está em torno dos Cr$ 19 bilhões,
tendo possibilitado a abertura de 8500 novos
empregos, muitos inexistentes no Brasil. O fa­
turamento destas fábricas c montadoras, cm
1980, chegou a Cr$ 24 bilhões, quase o dobro
dos Cr$ 13 bilhões do ano anterior. Na parte de
computadores c sistemas, são 15 empresas com
26 sistemas diferentes de controle dcproccssos
e comercial. As empresas de periféricos produ­
zem 38 produtos diferentes c a comercialização
das unidades é feita pelo leasing, venda ao
usuário final, aluguel c OEM.
Entre as maiores empresas, a Cobra teve um fa­
turamento de Cr$ 7 bilhões que poderia chegar
aos Cr$ 10 bilhões, não tivessem ocorrido os
últimos problemas de conjuntura econômica.
Ainda nos fabricantes de minis, a Sid faturou
Cr$ 2 bilhões 500 milhões; Sisco, Cr$ 1
S e r p r o - U m a E x p e r i ê n c i a
O Serviço de Processamento de Dados
(Serpro), empresa vinculada ao Ministério
da Fazenda, acaba de privatizar mais um de
seus segmentos. Terça-feira, em Brasília, o
diretor-superintendente da empresa, Ri­
cardo Bahia Vianna, firmou contrato trans­
formando o Núcleo de Manutenção de Equi­
pamentos Eletrônicos (Numan) cm coopera­
tiva independente, a Cooperativa de Assis­
tência Técnica de Equipamentos de Produ­
tos Eletrônicos Ltda. (Tecnocoop), formada
por 118 ex-funcionários.
bilhão; Labo, Cr$ 2 bilhões; e Edisa, Cr$ 1 bi- teleinformática; integração das políticas indus­
lhão 500 milhões. Na área de periféricos, a Mi- triais de Informática e de Telecomunicações;
crolab teve um faturam ento de Cr$ 800 aumento da prioridade governamental ao setor
milhões; Elebra, Cr$ 800 milhões; Globus, de Telecomunicações; uso dos planos diretores
Cr$ 500 milhões; Digilab, Cr$ 300 milhões; de Informática como instrumento de estímulo à
Flexidisc, Cr$ 200 milhões; Conpart, Cr$ 70 indústria e tecnologia brasileiras; exploração
milhões; Multidigit, Cr$ 300 milhões; e Sco­ de comunicação de dados urbana pelas empre­
pus, Cr$ 700 milhões, sem nomear os demais sas pólo de comunicações; apoio ao projeto
pequenos fabricantes. Entre estas empresas, CPA/T da Telebrás; e política para fluxo de da­
três já pensam em exportar: Cobra para a dos transfronteiros.
América Latina; Coecisa (modems) para a
mesma região e Digiponto (teclados) para o Para as empresas filiadas à Assespro — Asso­
mercado internacional de modo geral. ciação das Empresas de Serviço de Processa­
mento de Dados — 1980 foi um ano de dificul­
Do ponto-de-vista de política industrial, até dades porque são pequenas e médias empresas
agora, a implantação da indústria de informá­ que não têm proteção nenhuma. Segundo Be-
tica tem sido feita sem qualquer subsídio, redu­ nito Diaz Paret, empresário e ex-presidente da
ção de impostos ou ajuda do Governo — afirma Assespro nacional “ vivemos um contexto
o secretário da Abicomp. “ Pelo contrário, este complexo, agravado pela indefinição do setore
ano, tivemos o aumento da alíquota de IPI, au­ a própria situação econômica do País e em 81
mento do imposto de importação, aumento do sofreremos maiores restrições de crédito para o
ICM, criação do 10F (15%) sobre as partes im­ nosso desenvolvimento“ .
portadas. O usuário tem reclamado que o pro­
duto nacional é caro, mas a culpa não é da in­ E como foi o ano para os profissionais de pro­
dústria. cessamento de dados, uma categoria que ganha
força no País? Conforme a opinião de Sérgio
Apesar de tudo isto, como o equipamento na­ Rosa, presidente da APPD-RJ — Associação
cional tem demonstrado o mesmo grau de con­ dos Profissionais de Processamento de Dados
fiabilidade do equipamento importado, dispõe — o ano foi de derrotas para o profissional e a
de assistência técnica à altura e está atendendo, indústria nacional, com a aniquilação da parte
dentro do prazo e condições razoáveis, o mer­ de tecnologia do Serpro, ou seja, com a decisão
cado brasileiro tem respondido afirmativamen­ de se privatizar o setor, acabou-se com a área
te“ — lembrou Didier Vianna. estatal, sem que houvesse o repasse à iniciativa
privada. “ Por outro lado, também houve o es­
No balanço de suas atividades em 1980, a Sei vaziamento da Digibrás com a sua transferên­
reconhece uma certa instabilidade inicial, cia para Brasília e a Sei continuou trabalhando
tendo cm vista a extinção da Capre c os rumores de maneira fechada, sem a participação dos
que circularam entre os funcionários, q acú­ profissionais.“
mulo de processos por analisar e a transferên­
cia para Brasília dos funcionários que assim de­ “ A abertura do mercado para os computadores
sejaram , ao invés da demissão sumária. Con­ médios das multinacionais também afetou os
tudo, também apresenta resultados, destacan­ profissionais cm seu mercado de trabalho, por­
do-se as atividades de sua Subsecretária de Ser­ que estas empresas apenas montam os equipa­
viços, nas áreas de telecomunicações e telein­ mentos no Brasil.
formática.
Quando se importa, já tem o software, o que
A Comissão de Teleinform ática fez suas deixa o profissional sem trabalho.” — disse
recomendações: apoio á Rede Pública de Co­ Sérgio Rosa.
mutações e Pacotes; recomendação para a revi­
são dos serviços Transdata; padronização dos Em suma, apesar da crise o setor de informática
protocolos de comunicação de dados; apoio e não se deu mal em 80.
condições de contorno ao projeto videotexto;
integração e divulgação dos bancos de dados do (Pesquisa e Editoria — Telebrasil)
G overno; regularização do serviço de
Pelo contrato assinado entre o Serpro e a
Tecnocoop, ficou acertado que todo o
e m P r i v a t i z a ç ã o acervo de bens e serviços anteriormente per­
tencentes ao Núcleo de Manutenção fica
com a cooperativa, “ segundo condições fi­
Esta é a quarta experiência de privatização nanceiras e administrativas específicas” .
de setores fundamentais do Serpro; Primei­
ro, foi a revista “ Dados e Idéias“ , posta em Além de dar assistência técnica a todo equi­
concorrência ganha pela Gazeta Mercantil. pamento de processamento de dados do Ser­
Depois, o Departamento de Desenhos Téc­ pro (birôs, computadores e terminais), a
nicos (Astec), que tinha seis funcionários e Tecnocoop estará capacitada para o atendi­
atualmente é uma cooperativa com aproxi­ mento de qualquer outro cliente em todo ter­
madamente cinqüenta desenhistas. A tercei­ ritório nacional, para a prestação dos mes­
ra experiência aconteceu com o parque grá­ mos serviços, independentemente do equi­
fico, atual Coopgraf, também uma coopera­ pamento utilizado.
tiva hoje com mais de cinqüenta funcio­
nários. (L. A. Toríbio - Gazeta Mercantil)