Page 19 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1981

S E I L i d e r a P o l í t i c a I n d u s t r i a l d e

C o m p o n e n t e s M i c r o e l e t r ô n i c o s

O grupo coordenado pela SEI estuda o problema crucial de como se atingir cento do valor). Basta faltar um pequeno com­

a auto-suficiência na área da microeletrônica. Até lá a única alternativa é importar. ponente importado para que o equipamento não

O setor das telecomunicações participou através do GEICOM. possa ser entregue ao cliente.

Segundo Eliezer Salles do Estado de São Pau­ Naquela outra área, de maior tecnologia, não Por não nos liberarem a guia dc importação de

lo, o governo federal lançará, brevemente, as existe empresa brasileira, importam-se os com­ uma pecinha de 50 dólares, disse Vicente Pao-

bases para criação de uma indústria brasileira ponentes. E se alguma firma se decidisse a fa­ lillo Netto, não podemos entregar ao cliente

de componentes eletrônicos. Já tem pronto o bricá-los teria dc importar as matérias-primas, que a encomendou uma máquina de milhões de

decreto que prevê estímulos fiscais e crcditícios que o Brasil até agora não produz por falta de cruzeiros.

à iniciativa privada, para montagem de unida­ desenvolvimento tecnológico, como, por

des fabris, que irão formar um um complexo exemplo, fios capilares dc ouro, cobre e alu­ Em 8l,o setor dc informática poderá importar

onde se produzirão, no futuro, os componentes mínio. US$ 273 milhões cm peças, componentes e

e suas matérias-primas. produtos acabados, informou, em São Paulo,

O Brasil exporta silício em bruto c importa o Octávio Gennari Netto, secretário geral da Se­

A Secretaria Especial de Informática — SEI produto dele originado, porque ainda não de­ cretaria Especial dc Informática (SEI). Esse to­

(órgão complementar do Conselho dc Se­ senvolveu pesquisa para o seu adequado trata­ tal representa um aumento de 51,6% em rela­

gurança Nacional) instalará um centro dc pes­ mento, de modo a transformá-lo em matéria- ção às importações de 1980, que somaram

quisas para desenvolver tecnologia, que será prima para componentes eletrónicos. US$ 180 milhões.

transferida, gratuitamente, às empresas in­

teressadas na implantação de unidades industri­ O Brasii importa também tecnologia e as em­ No entanto, no setor industrial de comunica­

ais específicas para fabricação dos ditos com­ presas estatais são responsáveis por 60% dos ções houve uma redução das importações da or-

ponentes ou de matérias essenciais à sua pro­ contratos dc compra dc tecnologia no Exterior, dern dc US$ 249 m ilhões em 1975 para

dução. autorizados pelo Instituto Nacional de Proprie­ US$ 71,2 milhões, perfazendo uma diminui­

dade Industrial (INPI), enquanto as empresas ção de 350% para uma queda no faturamento da

O decreto consubstancia recomendações de privadas nacionais respondem por 18% c as es­ ordem de 40% no mercado interno.

uma comissão especial designada pelo secre­ trangeiras por 22%, informou, o presidente do

tário da SEI, Octávio Gennari Netto, a qual dis­ órgão, Arthur Bandeira. Segundo Wajnberg, os valores médios dos in-

cutiu, durante 60 dias, os problemas da infor­ sumos importados para a produção de equipa­

mática no País, notadamente nos domínios da Segundo declarações de Salomão Wajnberg, mentos e terminais caíram substancialmente de

indústria. Integram essa comissão representan­ do GEICOM, ao Jornal do Comércio, a nacio­ 1976 para 1979. Explicou que para a fabricação

tes da comunidade científica do setor de micro­ nalização de equipamentos, componentes e de um terminal de comutação em 1976 era ne­

eletrônica, da Financiadora de Estudos e Proje­ materiais eletrônicos aumentou significativa- cessário importar insumos que custavam entre

tos (Finep), do BNDE, do Grupo Executivo ln- mente. Com isso, a balança comercial passou USS 81 e US$ 224. Em 1979 esse valor caiu

terministerial de Componentes e Materiais de um saldo negativo de US$ 351,5 milhões em para um valor médio de US$ 19,3. Os índices

(Geicom) e das empresas Digibrás e Eletro- 1975 para US$ 79,5 milhões, em 1979. de nacionalização atingidos pelos fabricantes

brás. de telecomunicações, no mercado, atingem a

Enquanto isso, o diretor superintendente da casa dos 97% para os de maior demanda, fabri­

Preocupa-se o Governo, principalmente, com a Cobra diz que há peças e componentes de com­ cando em tomo de 85% para os demais.

área de circuitos integrados digitais (computa­ putador que a indústria nacional não fabrica,

dores), na qual deseja a existência de uma in­ por falta de escala de consumo no País, como Onde se conclui que o setor da telecomunica­

dústria nacional. Embora não se informe, por exemplo circuitos integrados para micro­ ções procurou reduzir, ao máximo possível, o

ainda, oficialmente, seria ela prioritária. Mas processadores e memórias. O próprio Cobra- déficit no saldo comercial.

haveria estímulos, também, para a área de cir­ 530, que é um projeto inteiramente nacional,

cuitos integrados lineares, voltados para entre­ contém peças importadas (cerca de 8,5 por (Pesquisa e Editoria — Telebrasil)

tenimento e comunicação (TV e Rádio).

I n f o r m á t i c a - U m B a l a n ç o F a v o r á v e l e m 8 0
Nesta área encontra-se a única empresa bra­

sileira, instalada em Montes Claros, no Estado

de Minas Gerais, a qual poderá beneficiar-se Apesar da crise o setor de informática não se deu mal em 1980.

com o novo decreto — a Transit Semicondu­

tores S.A., que sobrevive com dificuldades, As empresas fabricantes e montadoras tiveram afirma Antônio Didier Vianna, secretário da

por falta de garantia de mercado para seus pro­ um faturamento de Cr$ 23 bilhões 889 milhões Abicomp — Associação Brasileira da Indús­

dutos. Fabrica material de entretenimento, os e para 1981 espera-se que estes números sejam tria de Computadores e Periféricos e presidente

chamados dispositivos discretos (diodos e dobrados, apesar de todas as restrições impos­ da Microlab.

transistores), concorrendo com doze empresas tas pelo Governo com excessiva taxação e re­

montadoras vinculadas a multinacionais. Essas tração dos empréstimos do setor financeiro. Prossegue Guida Nunes, do Jornal do Comér­

empresas produzem, no Brasil, as partes mais “ Mesmo que o País entre numa recessão, o se­ cio, dizendo que, em 1980, foi significativo o

simples, pois são abastecidas de componentes tor de Informática terá um aumento físico subs­ número de novas máquinas lançadas, culmi­

por duas matrizes no Exterior. tancial e esta é a força da nossa indústria’ ’ — nando com a apresentação do Cobra 530, o