Page 40 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1977
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I N B E L S A : m u i t o d a n o s s a
h i s t ó r i a
Iniciam os nesta prim eira edição de 1977, um resum o da história das empresas indus
triais associadas à Telebrasil.
O propósito nfio é. apenas, proporcionar subsídios para a H istória das Telecomunica
ções no Brasil, mas, principalm ente, m ostrar o quanto cada um a contribui para o desen
volvim ento do país.
Nos episódios m ais im portantes e significativos de nossa independência política ngo
nos faltou a colaboração de estrangeiros, onde avu ltaram as figuras de Pedro I e Lord
Cochrane.
No setor industrial, seriam os injustos se nfio incluíssem os em sua história alguns nomes
estrangeiros, dentre os quais se destaca a S.A. Philips do Brasil-Divisfio Inbelsa, por sus
contribuiçfio ao nosso desenvolvim ento industrial e, con sequ entem ente, a outra face
de nossa independência — a econôm ica e tecnológica.
O pionerism o da Cacique tado de São Paulo, teve oportunidade de — conta o Dr. Ignâcio Abdulkader (um dos
participar de mobilizações na Revolução Cons- companheiros de Roberto Simonsen na fun
Numa época em que o Brasil vinha aumen titucíonalista de 1932 e na II Grande Guerra, dação da Cacique) — estava praticamente
tando sensivelmente suas importações de
quando nesta última, o Brasil é apanhado sem estações de rádio-telefonia. Os faróis não
aparelhos receptores de rádio domésticos, um completamente despreparado em matéria de dispunham de radiocomunicações. Os navios
grupo de empresários brasileiros, liderados
radiocomunicações. "A nossa orla marítima comboio não falavam entre si pelo rádio.
por Roberto Simonsen decidiu enfrentar um
grande desafio, que foi a implantação de uma
j fábrica para produzir no Brasil aparelhos tão
bons quanto aqueles que vinham do exterior.
Essa foi a filosofia que norteou a constituição
da "Cacique", e hoje — mais do que nunca —
è a base das decisões da Inbelsa.
Na décad° de 30, apesar da grande dificul
dade de competição no mercado, a Cacique já
desenvolvia uma tecnologia brasileira ao
produzir condensadores, resistores, alto-
falantes, transformadores e outros compo
nentes básicos.
Em contrapartida recebeu um apoio decisivo,
como tem obtido ao longo destes últimos 45
anos: o incentivo das Forças Armadas. Dessa
forma, a Cacique recebeu as primeiras en
comendas da Marinha de Guerra do Brasil
cujo Estado-Maior decidiu fomentar a pro
dução nacional de equipamentos de rádio
destinados aos navios "Parnahyba" e "Pa-
raguassu", bem como aos navios mineiros
(caça-minas) construídos no País, da classe
do "Cananéia", do "Camocin" e do "Ca-
macuã", produzidos no Arsenal da Marinha,
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na Ilha das Cobras.
A partir dessa época, ano 1936, houve uma A criação do Ministério da Aeronáutica, em pecialmente, de componentes eletro-ele
mudança na linha de fabricação. 1941, abriu novas perspectivas para a am trônicos estrangeiros.
pliação dos serviços de comunicação e da
A Cacique passou a produzir exclusivamente Mas o prestigio da Cacique cresceu sempre
proteção ao vôo. A estação central do Exér
equipamentos para telecomunicações. junto às Forças Armadas, graças à lealdade, à
cito, no Morro do Capim, necessitava de nova
honestidade e à fidelidade de princípios que 3
— "O Brasil caminha de forma resoluta e aparelhagem". empresa revelava.
inexorável para a sua emancipação tecno
A substituição de importações na área eletro- No início da Segunda Guerra, instalou-se no
lógica" — dizia Roberto Simonsen há mais de
eletrônica se fez, então, com grandes sa Morro do Capim, na estação central do Exér
40 anos atrás.
crifícios. A incipiente indústria brasileira ainda cito, um transmissor de 1 Kw, construído peia
Essa sua segurança nasceu do convívio com era praticamente composta de oficinas de Cacique.
os militares da época, quando na qualidade de serralheria, mecânica e enrolamentos, que Ao final da guerra, seguiram-se os anos de
presidente da Federação das Indústrias do Es dependiam de matérias importadas e, es- trabalho duro na montagem de estações do