Page 11083 - Revista Telebrasil

Levantam ento solarim étrico do
nordeste do Brasil utilizando-se
satélites m eteorológicos artificiais
RONALDO DE ANDRADE
M ARTINS
Form ado em Engenharia Elétrica peia Es­
cola de Engenharia da
Federai do Rio Grande do (Morte, em
setem bro de 1973.
Curso de Pós-Graduação em Eletrônica
(Telecom unicações) no ITA de agosto/73
a janeiro/75. Trabalhou com o auxiliar de
Apresentação: o presente artigo é uma súm ula de um projeto ora em
desenvolvimento peio C entro de Tecnologia da UFRN, em Natal. O obje­
tivo final do projeto é encontrar o índice de insolação e de radiação solar
usando-se satélites m eteorológicos a rtificia is.
De posse destes índices, de início para o Nordeste e depois para outras
regiões, será possível um m elhor aproveitam ento da Energia Solar.
I - Introdução constantes, além da grande incidência
de luz solar.
Devido ao alto custo da energia produ­
zida por combustíveis fósseis, provoca­ No caso do aproveitamento da energia
dos pela especulação e pela sua quase solar, um levantamento solarimétrico
extinção, viu-se a necessidade de se da região deverá ser feito, para que a
explorar e pesquisar novas fontes aplicação da mesma seja científica e
de energia. Entre estas, não conven­ racional. Atualmente este levantamen­
cionais, podemos citar: a eólica, a solar to é feito, no Nordeste do Brasil, pelo
eadas marés. Laboratório de Energia Solar (LES) do
Centro de Ciências e Tecnologia da
No caso particular do Brasil, o apro­
Universidade Federal da Paraíba (João
veitamento da energia eólica e solar
Pessoa — PB), e dentro de alguns
leva vantagem bastante acentuada
meses, também pelo Departamento de
sobre a das marés. Isto porque, estan­
Eletricidade do Centro de Tecnologia
do o Brasil situado nos trópicos, temos
da UFRN.
grande incidência de radiação solar.
Este potencial energético natural não A insolação é medida por heliógrafos
pode ser desprezado, nem desper­ de Campbell — Stokes e a radiação
diçado por um país como o nosso. por intermédio de actinógrafos bi-
metálicos tipo Robitzsc-Fuess. No en­
Para que se possa estudar racional­
tanto, um levantamento deste tipo,
mente o problema do aproveitamento
além de ser bastante dispendioso (in­
dessa energia, necessário se faz co­
suficiência de
nhecer-se melhor o comportamento
periódica, recolhimento de dados e
dos fatores correlatos a ela. Velocidade
aferição de aparelhos), é também bas­
dos ventos e constância dos mesmos
tante longo.
nas regiões de possível aproveitamen­
to devem ser conhecidas. O Nordeste II — Satélites meteorológicos
do Brasil é a região ideal para o início Existem vários tipos de satélites: co­
deste tipo de pesquisa: ventos fortes e m unicações, m ilitares, pesquisas,
meteorológicos, etc. O que será usado
N A — Artigo originariamente rem etido para a apre­
ciação da Teiebrasil em 05/08/76 sob o tftulo "U so de por nós será o satélite do tipo me­
Sat&ites Meteorológicos para Utilização Racional de teorológico, que se destina, principal­
Energia Solar". Atendendo sugestões da Teiebrasil, o
artigo foi modificado quanto à sua apresentação. mente, à previsão meteorológica. Os
engenheiro na TELERN no período de
Universidade m arço/73 a seternbro/73.
A tualm ente é professor do D epartam en­
to de Eletricidade da UFRN, desde 1975, e
M estre em Ciências em Telecom uni­
cações no Centro de Ciências e Tecno­
logia da Universidade Federal da Paraíba,
em Cam pina Grande, desde 1976.
mais comuns no Brasil são os da série
NOAA (NOAA-4 e NOAA-5). 0 NOAA
é um veículo espacial, dos que são
operados pelo National Environmental
Satellite Service (NESS), da Adminis­
tração Nacional Oceânica e Atmos-
ê
férica dos Estados Unidos.
De seus 1500 Km de altura, com órbita
aproximadamente circular e polar, o
satélite consegue "ver" a terra con­
tinuamente. O período da órbita é de
aproximadamente 115 minutos, notan­
do-se que em cada passagem por um
ponto, a Terra terá girado 29° para Es­
te. A combinação do movimento da
terra com o movimento do satélite, per­
mite varrer uma "tira " cuja largura é de
3400 Km. Os satélites da série NOAA
levam um radiômetro de varredura que
esquadrinham a superfície do planeta e
a atmosfera; pode ser vista em luz
visível ou infravermelho. As imagens
do radiômetro de varredura são dis­
poníveis para uma estação de terra,
equipada convenientemente para cap­
tar os sinais emitidos pelo satélite.
O satélite fotografa a terra conti­
nuamente. O sinal recebido em terra é
estações, inspeção
uma portadora de VHF de 137,5 MHz
modulado em freqüência com
M = 10 KHz, por sua subporta-
dora de 2,4 KHz que está, por sua vez,
modulada em amplitude pelo sinal de
vídeo, formando um sistema AM/FM
(fig. 1). A freqüência de varredura
horizontal é de 0,8 Hz e o tempo de
cada foto é de 20 minutos. Cada foto
completa varre uma área de 3400 Km
de largura, por 8000 Km de compri-