Page 10 - Telebrasil - Maio/Junho 2001

Pinheiro da Fonseca e Luiz Viera

0 "caladão" - telecomunicações mudas - não deverá acontecer. 0 setor de

telecomunicações fez o dever de casa e investiu milhões de reais na expansão das

redes e várias operadoras desenvolveram planos para manter seus terminais

funcionando, ainda que ocorram "apagões".

0 “caladão”, irmão mais bem compor­ doras, além dos fornecedores, estão atentos ca. “Foi um arranhão em nossa imagem.

Fom os imprevidentes. O setor de teleco­
para a questão energética. A Anatei refu­
tado do “apagão”, também pode, mas
municações demonstrou ter mais preocu­
tou insinuações de que a crise energética
não deve, acontecer. O fenômeno c

o mesmo. Implica em mais solicitação do comprometeria a antecipação de metas das pação com o seu planejamento do que o de

que um sistema pode atender. Num siste­ operadoras, o ministro Pimenta da Veiga en­ energia elétrica”, anotou o senador Ney

ma elétrico supcrsolicitado cai a tensão ao fatizou que o setor não sofrerá nenhum co­ Suassuna (P M D B -P B ).

final da rede. O sistema telefônico reage lapso resultante de corte de energia e ope­ Metas mantidas

degradando seu desempenho. Numa rede radoras e fornecedores implantaram progra­ - N ão tem lógica c não faz sentido. É ab­

telefônica, a demanda pode ser tanta que mas para manter sua operação diante do solutamente estúpido o raciocínio de que as

o sistema “entope” - tal qual o tráfego na racionamento ou de “apagões". operadoras de telefonia fixa poderiam avan­

hora do rush, em qualquer grande capital. O sistema de telecomunicações, tecni­ çar em outros serviços, mas que não podem

O “caladão" já aconteceu dé­ cam ente, não depende tanto antecipar as metas - afirmou o presidente

cadas atrás, com a notícia da de energia elétrica na telefo­ da Anatei, Renato Guerreiro, reagindo con­

m orte do presidente Jo h n nia fixa, que utiliza energia tra a argumentos de que o racionamento de
Falta de
K en n cd y ; c no G o v ern o de corrente contínua, arma­ energia que o País vem enfrentando poderá

Collor, com o congelamento zenada num sistema de enor­ inviabilizar a antecipação das metas de uni­
energia
das cadernetas de poupança, mes baterias centrais, c de­
versalização. “Pelo amor de Deus, não so­

que praticamente emudeceu pende dos ciclos de carga e mos idiotas”, desabafou.
não afeta
a rede. M ais rccentem cntc, a descarga das baterias. Já os
Lem brou que a antecipação das metas

implantação do modelo de se­ sistemas celulares precisam não é uma obrigação, mas uma espécie de
metas da
leção de operadora de D D D estar preparados para que
bônus previsto nos contratos de concessão

ou D D I provocou um “cala­ não falte energia cm suas es­ para que as concessionárias de telefonia fixa
Anatei
dão” parcial nessas ligações. tações radiobase. Diretores
pudessem avançar cm outros segmentos de
Sc o “caladão” pode tecnica­ da Acel alertam que muitas
serviços c cm outros mercados, a partir de
mente acontecer nas redes - E R B s têm geradores para
janeiro de 2002.
por falta de investimentos adequados - , exis­ apenas 30 minutos ou no máximo quatro
O vice-presidente da Anatei, Francisco
tem outras formas de “caladão”. É o caso da horas de “apagão”.
Fenório Perrone, observou que as opera­
ausência de facilidades de comunicação cm A indústria de bens de eletrônica tam ­
doras têm que se preocupar com a conti­
regiões de baixa renda ou de fiaca densida­ bém se prepara para o racionamento de
nuidade dos serviços e a expansão do sis-
de demográfica. No Brasil, o Fundo de Uni­ energia. José Ripper, da A sG a, disse que
tem a, previstas nas obrigações contratuais,
versalização de Telecomunicações - Fust - não devem ocorrer problemas industriais
e que a falta de energia não pode servir de

se destina a prover recursos para expandir os cm sua fábrica, cm Campinas (SP). Já Luiz
justificativa para interrupções no sistema,
benefícios da informação a todas as camadas Garcia, do Grupo Algar, acha que o País
em bora admita a possibilidade de degra­
da população. As operadoras incumbents pri­ tem uma grande capacidade ociosa de pe­
dação em serviços vinculados a equipamen­
vatizadas tem metas de universalização que quenos geradores parados que poderiam
tos com o reforçadores de sinal c miniesta-
procuram antecipar para este ano. ser melhor aproveitados.
ções radiobase, ambos da telefonia celular;
Impactos Além da componente técnica, o “apa­
ou mesas K S e P A B X , na telefonia fixa. No

O óigão regulador, o M inicom e as opera- gão também tem sua componente políti­
caso da expansão dos serviços, Perrone in-

10-Telebrasil/maio-junho