Page 54 - Telebrasil - Maio/Junho 1999

Comércio Eletrônico
U m m e r c a d o e m c r e s c i m e n t o
Ana Oliva
Apesar das barreiras de ordem
técnica, cultural e psicológica, o
comércio eletrônico no Brasil
tem crescimento galopante.
Estima-se que, nos próximos
quatro anos, sejam
movimentados cerca de US$ 300
bilhões em nível mundial.
- Se a Internet brasileira fosse uma es­
cola de samba, o comércio eletrônico teria
papel de destaque, ele seria o abre-alas
com seus bilhões de dólares. Nesta sim­
2 pática analogia, o presidente da livraria
maio-junho/99
virtual Booknet, Jack London, fez uma im­
portante revelação em público: vender li­
vros através da Internet é sucesso garan­
tido. Ele tem conhecimento de causa, pois
a Booknet é um dos casos mais bem-su­
cedidos de comércio eletrônico no País.
Telebrasil fóricos quanto ele - afirmam que os novos
Outros especialistas da área - tão eu­
negócios tendem a crescer, principal men­
te agora que a infra-estrutura de teleco­
municações está sendo disponibilizada
por companhias que já moderniza­
ram suas redes.
Um dos melhores estudos sobre
o desenvolvimento da Internet no
Brasil, realizado pelo Grupo Ibope
no ano passado, informa que, quando
ainda havia apenas 1,1 milhão de
computadores ligados à Internet,
18% já tinham feito pelo me­
nos uma compra o n l i n e , en­
quanto 6 8% adorariam ou es­
tariam prestes a fazer. Hoje,
somam-se 1,8 milhão de com­
putadores ligados à rede e
que são utilizados por mais de
3 milhões de pessoas - mais
da metade de todos os usuá­
rios da América Latina. Se
esse crescimento se mantiver
- os analistas apostam que sim
n o P a í s
no ano 2000 o Brasil terá mais de 4 mi­ O crescimento acelerado do comércio
lhões de computadores ligados à Internet, eletrônico aponta para um volume de apro­
2% do total de PCs de todo o mundo ximadamente USS 300 bilhões. Nos pró­
conectados ao sistema. Para o assessor da ximos quatro anos, porém, os especialistas
diretoria de Informática do Bradesco, Cláu­ alertam para inúmeros desafios a serem
dio Rostelato, a evolução das tecnologias cumpridos à risca para a expansão dos
traz competição e força mudanças sociais. negócios. Nos Estados Unidos, por exem­
“Com tarifas mais baixas, vemos surgir o plo, segundo estudo da Confederação
novo modelo de comércio como uma ferra­ Nacional do Comércio - CNC -, 80% das
menta de negócios de grande impacto e companhias americanas declaram que a
que deve ser considerada em qualquer segurança é a principal barreira, razão p>ela
estratégia empresarial “, observou ele. qual vêm investindo fábulas de dinheiro
D e s a f i o s em seus sistemas de segurança.
- A maior preocupação é com a invasão
Entretanto, alguns fatores inibem o cres­ de seus arquivos que contêm segredos co­
ci mento da rede como a baixa teledensi- merciais, industriais, pesquisas e projetos
dade, a falta de mais ação governamental de valor incalculável, considerando-se todo
no que diz respeito à prevenção e punição o mercado norte-americano -, observou o
de violações da propriedade intelectual e assessor do Departamento Econômico da
dos interesses dos consumidores. “I)o CNC, Luiz Cláudio de Pinho Almeida.
ponto de vista técnico, o comércio eletrô­ “Muitas empresas investem e desenvol­
nico exige infra-estrutura computacional vem suas Intranets e Extranets para a con­
e de comunicação de dados adequada, dução de negócios que não ousam fazer
meios de pagamento digitais e, principal­ pela Internet e o irônico é que seus siste­
mente, atenção especial aos aspectos de mas correm, inevitavelmente, pelas mes­
segurança do seu s i t e \ analisou o presi­ de acesso público vulneráveis aos ataques
mas grandes linhas de telecomunicações
dente da Mantel, organizadora do “E-
Commerce BrasiP99v, Marcos Wettreich. dos h m k e r s \ exemplificou.
Assim como W ettreich, London e No Brasil, além das barreiras técnicas,
Rostelato participaram do en­ temos barreiras culturais e psicológicas, já
contro ocorrido no mês de que muitos internautas temem digitar o
abril, em São Paulo. número de seu cartão de crédito numa
rede pública. “Mas hoje é mais seguro dar
o cartão de crédito num s i t e que tenha o
protocolo de segurança S e c u r e S o c k e t L i y e r
(SSL) do que dá-lo ao garçom num res­
taurante", argumentou do diretor de Tec­
nologia do provedor de acesso ZAZ, .Ale­
xandre Goidanich.
Segundo análise de Raul Colcher, pre­
sidente do Instituto Brasileiro para Sim­
plificação de Procedimentos Mercantis-
Simpro -, de fato as pessoas estão temero­
sas em relação ao uso do cartão de crédito
na rede, mas ele lembrou que não há por
que temer, pois “hoje existem recursos
modernos como criptografia, uso de cha­
ves, combinações públicas mais eficientes
que no comércio convencional*.