Page 51 - Telebrasil - Maio/Junho 1999
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litt
Luiz Vieira
E m b r a t e l c o n t r a E l e t r o n e t Q u e d a s n a s r e c e i t a s
A Eletronet, a ser formada cia desleal, lembrando que 70% Grandes fornecedores do o corte de RS 1 bilhão nos in
pela Eletrobrás e por em pre dos custos para a implantação setor de telecomunicações re vestim entos imposto pelo
sas da iniciativa privada para de uma rede estão na infra-es gistraram quedas de fatura Governo federal no primeiro
construir uma rede de teleco trutura e que a empresa que mento ou de lucratividade no semestre de 1998, quando as
municações sobre as linhas de vier a participar da Eletronet ano passado, segundo balan operadoras ainda eram esta
transm issão de terá que investir muito menos ços divulgados. Entre os fato tais, e o adiamento de enco
energia, tem sido do que a Embratel para conse- res que determinaram estes mendas tendo em vista o pro
criticada pela guir uma rede de alta resultados negativos estariam cesso de privatização.
Embratel. capilaridade.
O presidente Segundo ele, se a Embratel
E m p r e s a R e s u lt a d o
da empresa, I )ílio contar com igualdade de trata
Ericsson Lucro líquido de RS 100,94 milhões, contra RS
Penedo, disse que mento para implantara sua rede
256,17 milhões do exercício anterior.
não tem sentido o na infra-estrutura de empresas
NEC Prejuízo líquido de RS 31 milhões. Em 1997 lu
Governo voltar a como a Eletrobrás e a Perrobras,
crou R$138 milhões. O volume de vendas foi re
Dílio Penedo participar do negó que também anunciou inten
duzido em 11%, ficando em RS 1.3 bilhão.
cio de telecomuni ção de fornecer a infra-estrutu
Promon Receita líquida passou de RS 729,4 milhões para
cações depois de ter privatiza ra de seus dutos para as redes
RS 640,1 milhões e o lucro líquido caiu de RS 93,2
do todo o setor. Na realidade, de telecomunicações, o proble
milhões paru RS 32,6 milhões.
Penedo teme uma eoncorren- ma deixa de existir. 5 1
E c o n o m i a Telebrasil
A g l o b a l i z a ç ã o e a r e a l i d a d e b r a s i l e i r a
A globalização não cria, necessariam ente, Sydnoy A. Latin! dc?’\ Após discorrer sobre os sete modelos que consi maio-junho/99
dera os mais representativos (o próprio modelo ame
embaraço ao desenvolvimento econômico
ricano, o japonês, o dos “tigres asiáticos", o alemão, o
e pode até criar novas oportunidades de cres
cimento, desde que os agentes tenham uma noção sueco, o neo-zclandês e o holandês), conclui que o
clara do processo e os governos desenvolvam estra modelo ideal muda de acordo com as circunstâncias.
tégias que permitam aproveitar as vantagens da Sem pretender entrar no mérito de cada um desses
globalização. modelos, três características do modelo japonês, que
E possível obter uma inserção internacional ade muito influencia os modelos dos chamados “tigres
quada do País se o Estado brasileiro tiver um planeja asiáticos" - principalmente Coréia do Sul e Taiwan
mento esrratégico que contemple uma visão sistémica —, devem merecer (ou já deveriam estar merecendo)
c holística do desenvolvimento sustentado. atenta análise dos formuladores da política econômi
1 loje em dia, o ncoliberalismo está na moda e dele se espe ca e social do Governo brasileiro, a saber:
ra a solução para rodos os nossos problemas. E imperativo • a íntima cooperação entre governo e iniciativa privada;
considerar, no entanto, que num país como o Brasil, com gran • a valorização dos recursos humanos; e
des desigualdades regionais e econômicas, numerosa popula • a formação e preservação de uma burocracia estatal competente.
ção e problemas sociais agudos, cometer-se-ia um erro grave As relações estritas entre as empresas, o sitema bancário e
adotar um modelo como esse sem pensar profundamente so o governo tornaram possível a formulação e execução dc polí
bre a adequação ã sua realidade. ticas mais preocupadas com o longo prazo e menos vuneráveis
Precisamos procurar soluções próprias para os nossos pro às contingências de curto prazo.
blemas. A atenção dispensada pelas empresas e pelo Governo à
Estas soluções podem, naturalmente, incorporar elemen educação, cm todos os níveis, com ênfase especial no treina
tos provenientes da experiência de outros países, mas a adap mento dc mão-de-obra, e a preocupação com o seu bem-estar,
tação não pode ser mecânica. constituíram as bases de uma sociedade solidária c de uma
O reconhecimento de que, em menos de 75 anos depois de coesão social que explicam o elevado nível de produtividade
ter sido iniciada oficialmente, a disputa entre capitalismo e e os baixos níveis de litígio entre patrões e empregados.
socialismo terminou com a vitória do primeiro, não implica A existência de uma burocracia estatal capaz é outro ele
cm admitir que venceu o estilo anglo-saxão (ou norte-ameri mento que poderia ser imitado - e o nosso País tem boas
cano) de capitalismo. condições para perseguir esse objetivo, tendo em vista os
A autorizada revista “The Economist”, em recente edição padrões já atingidos em passado não muito distante. O peri
(16 de abril), analisando o modelo econômico americano, ques go a evitar é o de criar uma burocaracia eficiente mas divor
tiona: “Será que o modelo americano provou sua superiorida- ciada da realidade social que circunda.