Page 58 - Telebrasil - Maio/Junho 1999
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T e c n o l o g i a n a c i o n a l
g l o b a l i x a c ã o
Américo Richieri Filho
esta década, vivemos uma trans
N determinação de governo que sucedeu a A tecnologia Trópico tem ultrapassa
formação radical na nossa esrru
criação da Telebrás deu origem à tecno
tura econômica e comercial.
logia Trópico, que responde presente-
Esgotado o modelo espelhado na I xH de mente por 32% dos terminais digitais do todas as barreiras que lhe tem sido
Informática, polêmico quanto aos bene em operação no Brasil. A redução pro colocadas: performance em campo, de
fícios que reria gerado para o País, pas gressiva dos custos dos investimentos manda por funcionalidades complemen
samos pela abertura das importações no feitos pelas operadoras nas suas plantas, tares, por financiam ento, competiti
início dos anos 90 e mais recentemente os ganhos na balança de importações, a vidade em níveis internacionais etc. Ar
elas privatizações, processo esie que geração de conhecimentos e de empre gumenta-se ainda que se trata de uma
acentuou o grau de internacionalização gos são alguns dos importantes benefí tecnologia não global, ausente mundo
da nossa economia. cios decorrentes. 1 ’ara se chegar onde nos afora, sem condições de evolução. Ora,aí
58 Da primeira fase colhemos frutos, tal encontramos, dificuldades diversas fo reside a aposta da sociedade que dese
vez o mais significativo ram vencidas. Aqui nha seu futuro. A concretização deste seu
maio-junho/99
deles representado pela lo que muitos consi projeto depende todavia do comprometi
geração e acumulação de A tecnologia deravum impossível mento daqueles que aqui se instalam
conhecimentos nos seg acabou se concreti para prestar serviços á comunidade sob
Trópico tem
mentos da informática e zando. Exemplo no licença e nas condições ditadas pelos ór
das telecomunicações. Já tório do bonito gãos concedentes, representantes legíti
ultrapassado construído a partir do mos da mesma sociedade que os autori
nestes últimos anos vemos
Telebrasil acelerado o processo de todas as pequeno. za. Não caberia justam ente àqueles que
modernização da nossa
A privatização
questionam o incentivo ao desenvolvi
infra-estrutura de teleco-
municaçoes com a impor barreiras do Sistema Telebrás mento e á internacionalização da tecno
ameaça jogar por ter-
logia local, através do exercício da prefe
tação de tecnologias mais ---------------- —— ra todo este esforço e rência em igualdade de condições? Ne
recentes, oferecidas pelos suas conquistas. Os n h u m a tecnologia nasce grande ou
países desenvolvidos. A questão que se novos clientes, apoiados em prem is globalizada. Reconhecer que só os gran
coloca reside na perda progressiva dos sas que guardam pouco com prom eti des podem evoluir e que a concentração
valores gerados anteriormente, das cau mento com valores locais, apresentam do poder tecnológico reflete uma tendên-
sas e conseqüências associadas. como única motivação de compra a si eia natural, é capitular diante da perspec
O processo de globalização da nossa nalização inserida pelo governo, nos tiva de que os fortes sempre dominamos
economia vem alterar de forma radical as contratos de concessão ou de autori menos desenvolvidos.
relações que regulam o mercado na me zação, de preferência pela tecnologia Resta esperar que sejam encontrados
dida em que transfere o poder decisório nacional em igualdade de condições caminhos para o equacionamento desse
de dentro para fora, seja do governo para a de preços, prazos e qualidade. Decorre impasse. De qualquer forma, sobressalta a
iniciativa privada, seja de brasileiros para uma situação esdrúxula: os fornecedo componente de natureza sociológica pre
estrangeiros ou seus prepostos locais. O res das tecnologias nacionais brigan sente nesta questão: preconceito contra
governo deixa de atuar como executor das do com seus próprios clientes, o órgão os valores locais. Vencê-lo é obrigação dos
políticas industriais e de desenvolvimen regulador lutando para que o espírito que acreditam em causas justas. Obter
to e assume o papel de regulador das in do compromisso contratual assumido sucesso através de mecanismos de impo
tenções que sinaliza para o mercado. O por concessionários e autorizadores se sição e de arbitragem não faz parte dos
grau de liberalismo que se faz associar a faça cumprir. Estes últimos, pressio nossos sonhos, ainda que estejamos tra
esra nova situação predetermina a eficá nados, tentando acomodar interesses balhando no plano dos negócios.
cia do resultado. conflitantes, sem aprofundamento da *Américo Richieri Filho é diretor-presidente
No caso das telecomunicações, uma questão no seu mérito. da Trópico S.A.