Page 29 - Telebrasil - Março/Abril 1998
P. 29
Potlc-se dizer que os fatores tionar se a combinação virtuosa tais como:
econômicos e políticos que sus - remuneração do investidor em • confirmação da expansão do
tentaram a elevação cios investi simultâneo ao atendimento ao mercado de telecom unicações
mentos cia Telebrás, até o mo usuário sob forma não discrimi que, a grosso modo, vincula-se
mento, foram os seguintes: natória - vai ser efetivamente es tanto à evolução do PIB como à
• comportamento altamente favo tabelecida no País. Além disso, sua redistribuição, incorporan
rável da relação lucro/tarifa da sabe-se que o poder de compra do ao mercado os segmentos de
Telebrás (financiam ento com da Telebrás, juntamente com as baixa renda;
recursos próprios); atividades do CPqD, contribuiu • amadurecimento da Anatei na
• mercado em forte expansão para a geração de tecnologia na resolução de conflitos entre os
(alta demanda reprimida); cional nas telecom unicações novos operadores privados (ta
• excelente oportunidade de con (vide as centrais Trópico e a fi rifas de interconexão, cesta ta
centração no segmento da telefo bra óptica). O que vai acontecer rifária. autorização para novos
nia celular; com essa tecnologia após a pri serviços, fiscalização da univer
• atendimento à reivindicação de vatização? Serão, de fato, sufici salização. garantia da concorrên-
imediata abertura da telefonia entes as intenções positivas con cia não desleal e demais lemas
celular ao setor privado; tidas na Lei Geral? polêm icos);
• decisão de elevação do investi A resposta a essas questões • desenvolvimento de novos ins
mento juntamente com anúncio depende de variáveis regulalóri- trumentos de política industri
da privatização/concorrência (in as e da confirmação de cenários al e tecnológica de modo a pro
vestir para privatizar e não para económ icos, cujos com porta mover a competitividade sistê
dar continuidade a uma estatal); mentos não podem ser antevis mica do País (encontrando um
• centralização de poder político tos de modo absoluto e isento de mix adequado entre importação
do ministro das Comunicações incerteza. Nesse sentido, pode- e produção local de tecnologia
e rapidez nas decisões (“efeito se antecipar que, a médio e lon e o estím ulo às atividades de
Sérgio Motta"). go prazos, a instauração do binô P&D no País). *
A partir do novo quadro de mio virtuoso (rentabilidade e
privatização, concorrência e re atendimento náo-discriminato- * M árcio Wohlers tf
gulamentação, é necessário ques rio) depende de fatores-chave, professor da L nicam p IE
0 tempo é curto aprovada em tempo recorde. Mesmo com o auxilio
de consultoria internacional, é difícil que as novas
regras e o aprendizado institucional necessário ao novo
urante a Telexpo 98, realizada em São Paulo, o
modelo possam vir a ocorrer nos próximos três anos.
D jrofessor Márcio Wohlers, da Unicamp. ao ana- Márcio Wohlers observou que a Anatei sofre um
isar a reestruturação das telecomunicações bra
sileiras. iniciada em 1998, observou que ela está sen processo de aprendizado de seu modelo institucio
nal. baseado na “Cornmon Law” dos países anglo-
do radical e efetuada num intervalo de tempo bastan saxoes. que não é de nossa tradição jurídica.
te curto (a abertura total é prevista para 2001) para Segundo o conferencista, será fundamental ocor
sua devida absorção. rer entendimento e concessões mútuas entre usuári
Nos EUA. decorreram 22 anos até a promulgação os, fornecedores, operadores, e demais atores do pro
do Telecommunications Act (90). Na Inglaterra, foram cesso, para que as coisas andem. Será preciso evitar
dez anos, a partir do duopólio estabelecido em 1981. conflitos de objetivos e excesso de formalismo jurídi
para chegar à atual abertura das telecomunicações. No co. tal como ocorreu na licitação da Banda B.
Japão, a privatização em 1995 foi parcial e ainda não “Dentre os objetivos gerais do discurso de nossa
ocorreu o desmembramento do sistema de TCs. privatização, que são a universalização do serviço e o
Na Argentina, o processo levou de seis a sete anos aporte de capital privado para as telecomunicações, o
e o monopólio privado na rede básica deve ser esten Plano de Motas, que traçá metas detalhadas para o
dido pelo Governo Menem por mais dois anos. No novo sistema, talvez seja exigente demais. Já há os
Chile, a privatização iniciada em 1982 só terminou que se queixam, como na Bahia, que tal plano nada
em 1992/94. mais faz que reproduzir as desigualdades regionais
No Brasil, a Lei Geral das Telecomunicações foi existentes no País", finalizou o palestrante. (J.C.F)