Page 53 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1995

Mauro S. Assis

Ministério das Comunicações

Secretaria de Serviços de Comunicações

por um enlace fixo (rádio ou fibra óptica) ao
A telefonia móvel celular, implantada no os serviços móveis. Os pontos considerados sceptor que pode se apresentar nas configu­

relevantes são destacados e comentados na
CCC. O terminal móvel consiste de um tran-
início da década de 80. está em acele­
Seção 8. A seção 9 encerra o trabalho com a
rado processo de expansão. Em 1985,

o total de usuários era da ordem de 700 mil. relação das referências bibliográficas. rações veicular, transportável ou portátil.

Este número chegou próximo de 4 milhões em Embora originalmente desenvolvida para ter­

1988. atingindo cerca de 26 milhões em 1993. 2. CONCEITOS BÁSICOS minais móveis em viaturas, atualmente 98%

As previsões estimam algo entre 60 e 100 mi­ Esta seção pretende introduzir os fundamentos dos usuários utilizam unidades portáteis. A

lhões de usuários na virada do século. Por da estrutura celular, comentar aspectos rele­ figura I ilustra esquematicamente um sistema

outro lado, transformações significativas neste vantes sobre a propagação da energia e con­ de telefonia móvel celular.

campo estão ocorrendo na década de 90. A ceituar as técnicas de acesso à interface rádio. Em geral, nas regiões suburbanas ou rurais, as

passagem da tecnologia analógica (primeira Em sua maior parle, o material aqui apresenta­ células têm cobertura omnidirecional. Em

geração) para tecnologia digital (segunda ge do independe da tecnologia adotada (analógica regiões urbanas, caracterizadas por alta densi­

ração), a penetração do serviço em diversos ou digital), constituindo uma base de referên­ dade de tráfego, é usual o emprego de células

segmentos do mercado, a previsão de inte cia para o restante do texto. setonzadas. Por outro lado, considerando a

gração com outros serviços móveis, etc., re necessidade de re-uso de frequência, as células

presentam etapas relevantes na evolução da 2.1 Estrutura Celular se apresentam cm forma de conjuntos como

telefonia celular. Consiste na divisão da área a sei coberta por mostra a figura 2. E importante assinalar que o

0
um sistema de telefonia nunel em áreas contorno do nível de sinal constante corres­

INTRODUÇÃO menores, denominadas células, permitindo a pondente a uma antena omnidirecional situada

Este trabalho tem o objetivo de apresentar utilização de transmissores de baixa potência e no centro da célula tem a forma de um círculo.

uma visão global dos aspectos técnicos que um emprego eficiente do espectro através do Entretanto, as células são usualmente repre­

constituem a base desta evolução. Espera se reuso de frequências. Neste contexto, diz-se sentadas por hexágonos. Isto se deve à maior

que este material sirva de referencia para estu­ que os sistemas celulares são limitados pela facilidade que esta figura geométrica propicia

dos relativos à implementação de novos sis interferência, em contraposição aos sistemas na construção dos conjuntos de células, evi­

temas, ampliação dos existentes ou substitui­ móveis convencionais (potência elevada) que tando lacunas e superposições. O número (N)

ção da tecnologia analógica por digital onde. são limitados pelo ruído térmico. de células em um conjunto é dado pela

além da parte técnica, aspectos econômicos, Os componentes básicos do sistema celular equação (I).

políticos e estratégicos também devem ser le­ são:

vados em conta. Neste sentido, foi adotado o

seguinte roteiro. A Seção 2 define os funda­ a) (entro de Comutação e Controle (CCC);

mentos da estrutura celular. A seguir, são onde / e j são inteiros positivos (/' j).

descritos os sistemas analógicos atuais (Seção b) Estação Rádiobase (ERB);

3) e os sistemas digitais que se encontram 2.2 Reuso de Freqüência

ainda cm estágios distintos de desenvolvimen­ c) Terminal Móvel. Este conceito é de fundamental importância no

to ou operação experimental ou em fase inicial As funções operacionais da rede móvel, quais uso otimizado do espectro. O re-uso de fre­

de operação comercial (Seção 4). A Seção 5 sejam, comutação, controle, tarifação e co­ qüência corresponde à utilização de uma

resume as características básicas de outros nexão com a rede fixa (RTPC - Rede de mesma frequência em dois conjuntos distintos,

serviços móveis tais como: telefone sem lio Telefonia Pública Comutada) são realizadas conforme ilustra a figura 3. A distância de re-

{cordless), rádio busca (pugini,>) e móvel por pelo CCC, composto basicamente de uma cen­ uso é limitada pela máxima interferência co-

satélite. A Seção 6 discute o conceito de co­ tral de comutação digital do tipo CPA. Os sis­ canal permitida no sistema. Deve ser observa­

municações pessoais, introduzindo os termos temas de 2a geração (digitais) apresentam um do que o correto posicionamento da ERB e a

PCN (Personol Communications NetWork) e certo grau dc descentralização destas funções. escolha criteriosa do diagrama de radiação da

PCS (Personal Communications Servires). A Através dos canais de voz e de controle, a antena da ERB são fatores relevantes na mini-

Seção 7 é dedicada aos sistemas de 3a geração, ERB estabelece o enlace radioelétrico com o mizaçào de sinais interferentes. No caso de um

através dos quais pretende-se chegar a uma terminal móvel dentro da área de cobertura de sistema homogêneo, formado por conjuntos de

estrutura que possibilite a integração de todos uma célula. Esta unidade é também conectada N células, a distância de reuso (D) é dada por: