Page 7 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1993
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de. Precisaríamos agrupar as empresas Oscar Dias Correia Jr. disse que a revi cientes para a expansão e a falta de
brasileiras de modo que quem explo são da Carta Magna terá que ocorrer por liberdade na gestão da coisa pública. O
rasse São Paulo, também desenvolves ter sido prevista pelos constituintes. Ele executivo de uma operadora estatal é
se as TCs da Amazônia. Conheço o se posicionou como um liberal não obrigado a conviver com a política anti-
sertão e não podemos aceitar a compe exarcerbado mas que é contra o Estado- inflacionária do governo que segura a
tição de maneira irrestrita. O mais for gerente. Segundo ele, cabe ao Estado geração dos recursos e a gestão finan
te precisará auxiliar o mais fraco", legislar e estimular a economia, através ceira, além de arcar com um complica
ponderou Alencastro. da competição. Mas o que se vê hoje é um do processo de contratações de recur
- "A competição é muito importante, Estado com "incompetência total no aten sos materiais e humanos".
mas mantero monopólio no serviço básico dimento de serviços sociais básicos, como Paulo Cordeiro, ao tratar do atendi
é uma garantia permanente do subsídio ensino, saúde e habitação e no mento da demanda, disse que o índice de
cruzado, em que serviços mais rentáveis - gerenciamento da coisa pública". 7.9 terminais instalados por 100 habitan
- como o interurbano e o de longa distância tes, considerado baixo pelos que criticam
ajudam a financiar as TCs com finalidade Competição o sistema Telebrás, não leva em conta a
social". O palestrante se mostrou revolta extensão territorial do país e a questão da
do contra o que denominou "das mentiras Para o presidente do IBDT, o setor distribuição de renda que marginaliza
das recentes Portarias" (referindo-se ao privado deve competir com o Estado parte substancial da população e não lhe
período Collor & Räuber) que considera nas TCs públicas. Hoje, um empresário permite ter serviços individualizados (são
ram a telefonia celular, como não sendo sequer pode agregar valor ao serviço, o 1.9 telefone de uso público por 1000
um serviço público. que prejudica o usuário. Mas é no cam habitantes). A privatização seria a solu
O ex-presidente da Telebrás, lamen po da necessidade de capital que o pre ção, com empresas privadas agrupadas
tando que tal debate não se desse na sidente do IBDT centrou sua argumen regionalemente para lhes dar escala.
comissão de comunicações do Congres tação. Até o ano 2005, o sistema Ele propôs a redação do artigo 21 da
so, recomendou alterar o artigo 21 da Telebrás terá que dispender de US$5 a Constituição: "explorar, mediante con
Constituição, amarrar a idéia de política 6 bilhões anuais, bem mais do que fez cessão à empresas, os serviços telefôni
tarifária com a de serviço público e aca nos últimos 20 anos — a média foi de cos, telegráficos, de transmissão de da
bar com o autofinanciamento. O código US$ 3 bilhões - para "dar o serviço que dos, e demais serviços públicos de tele
brasileiro das TCs seria redefinido com o povo brasileiro merece". comunicações" retirando a obriga
regras para concessão e a exploração dos No calor do debate, disse Correia Jr. toriedade da concessão dos serviços de
serviços e seria criado um novo conselho que o sistema Telebrás não cumpre seu TCs, ser exercida direta ou indireta
de TCs (um novo Contei) nos moldes do papel social ao referir-se à densidade mente pelo Governo da União, vale
FCC norte-americano, com membros in telefônica no Nordeste (3.5 telefones/ dizer, permitindo a privatização das
dependentes "representativos da socie 100 habitantes) e garantiu que o setor TCs. O Minicom teria um orgão
dade e podendo ser demitidos apenas por privado está disposto a explorar qual fiscalizador e regulador para conceder
processo administrativo". quer modalidade de serviço de TCs. até tarifas, aprovar planos e determinar
O deputado Paulo Bernardo declarou dos telefones de uso público. Ao final, percentuais para serviços sociais.
ser pessoalmente a favor da revisão reivindicou para o IBDT, "o mesmo tem No modelo idealizado por Paulo Cor
constitucional (o PT foi contra), com po de tevê executiva que o presidente da deiro, haveria a Banda B da telefonia
prioridade para os temas previdenciário Embratcl, Renato Archer, utiliza para móvel e mais dc uma empresa para a
e das estatais, mas previu que a revisão defender o monopólio estatal". exploração da telefonia de longa dis
não iria acontecer em 1993. "O Con O presidente da Telepar leu pronun tância entre empresas regionais e inter
gresso não terá autoridade moral nem ciamento impresso, distribuído à im nacionais, terminando com o monopó
para mudar uma placa dc trânsito en prensa, em que fez o diagnóstico das lio da Embratel. Os empregados teriam
quanto a CPI da corrupção do orçamen TCs no Brasil. Ele elogiou "o acervo uma participação na venda das ações e
to não chegar ao fim", considerou o técnico do sistema Telebrás - o mesmo participariam no lucro das empresas
parlamentar que vê uma polarização dos países desenvolvidos - mas criti que teriam liberdade para negociações
entre os liberais (a regulação pela mão cou a falta de recursos financeiros sufi- trabalhistas. No decorrer dos debates
invisível do mercado) e os estatizantes ele se mostrou cético quanto ao modelo
(o Estado omnipresente, como um fim híbrido privado-estatal.
em si mesmo). Muitas personalidades vêm se mani
O parlamentar alertou para a quebra festaram sobre o tema da privatização,
irrestrita do monopólio estatal das TCs como o ministro Hugo Napoleão, que
que criaria empresas voltadas apenas coerente com sua filiação partidária (PFL),
para setores de alta rentabilidade cri apoia a corrente liberal. Ele declarou à
ando um mercado predatório. Ele de TELEBRASIL, por ocasião da criação na
fendeu o contrato de gestão nas esta casa de Ruy Barbosa no Rio de Janeiro de
tais - mas que peca segundo o gene um grupo de estudos jurídicos sobre revi
ral Alencastro pela falta de compro são constitucional que "o PFL foi o único
misso tarifário do Governo -- com partido que apresentou medidas para cin
metas prefixadas e m andato de gir o Estado à educação, saúde e
gerenciamento profissional por 3 a 5 infraestrutura", acrescentando porém que
anos. Uma legislação complementar como Ministro obedecerá ao que a Cons
daria flexibilidade às estatais que ope tituição mandar. O deputado Renato
rariam como empresas privadas. Johnson (PP-PR), ex- presidente da
Os serviços dc caráter social teriam Telepar, distribuiu pronunciamento no II
dotação orçamentária própria. "A po Semint em que achou o atual modelo
lítica de privatização, nos moldes atu estatal esgotado, com desprofis-
Juarez Quadros do Nascimento, diretor
ais, não reverteria em bem nenhum", de coordenação, operações e serviços, falando sionalização das cúpulas e engessamento
concluiu o palestrante. no futuro do sistema Telebrás. administrativo do sistema. (J.C.F.)