Page 12 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1993
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POLÍTICA
S e m i n á r i o d i s c u t e T C s : p r i v a t i z a ç ã o o u n ã o ?
Quanto mais se Paulo Heslander foi contestado pelo seu par, das telecomunicações, restringindo a atuação
iONSTITUICAO aproximava outu deputado Renato Johnsson, que, colocando no governamental a três áreas: educação, saúde e
bro, mês previsto ar a indagação'' Por quê mudar?", argumentou segurança. Rômulo Villar Furtado foi outro
para o início dos que a entrada da iniciativa privada no setor das nome a defender a privatização de setor das
MREPUUCA trabalhos de revi telecomunicações, bem como a privatização telecomunicações.
são da Constitui das próprias empresas estatais, serão fatores Ethevaldo Siqueira, diretor responsável da
FEDERATIVA
ção b ra sile ira , fundamentais para a reestruturação do Estado e R evista RNT e um dos mais notáveis
mais esquentaram o conseqiiente equilíbrio orçamentário da apologistas da privatização, presidiu a mesae
as discussões sobre União. "H á muito tempo telecomunicações foi o moderador dos debates. Na defesa da
a questão da ruptu deixou de ser uma questão de segurança naci privatização do sistema Telebrás com ele fez
ra do m onopólio onal", disse. "H oje, a saúde, a educação, a côro Oscar Dias Corrêa Júnior, presidente do
estatal das teleco segurança pública, a fome, a miséria, o abando IBDT-Instituto Brasileiro para o Desenvolvi-
m u n icaçõ es no no das crianças, estas, sim, são as verdadeiras mento das Telecomunicações, entidade ena-
DIMENSAl
Brasil. Com notá questões de segurança nacional, que põem em da com o objetivo declarado de promovera
vel censo de opor risco o futuro do país", finalizou. integração da iniciativa privada com o gover
tunidade, a RNT- Dois ex-presidentes da Telebrás, o general no, de modo a viabilizar a modernização e o
Revista Nacional José A. de Alencastro e Silva e Joost Van amplo desenvolvimento das telecomunicações
de Telecom unicações, promoveu no Hotel Dame, também se manifestaram a favor da brasileiras". Durante a realização do Seminá
Nacional de Brasília, no final de setembro, o privatização. O primeiro, um histórico defen rio, sob o título "Com petição nos serviços de
seminário 'Futuro das Telecomunicações sor do modelo estatal (foi presidente daTelebrás telecomunicações no Brasil", o IBDT fez cir
na Revisão Constitucional". por mais de dez anos), explicou as razões que o cular um trabalho chamando atenção para o
Para participar foram convidados técnicos, levaram a mudar de posição e defender a que considera " a dura realidade das teleco
executivos c empresários do setor, além de privatização da Telebrás como o melhor cami municações no Brasil."
alguns parlamentares. Entre os conferencistas, nho a seguir. Entre outras razões, alegou a Ao fecharmos esta edição, o Congresso Naci
os engenheiros Edmundo Crespo, do Chile, e notória incompetência do Estado na gerência onal ainda votava o regimento interno da revisão
José Javier V.Cisncros, do México — que de atividades técnicas e econômicas. constitucional. As primeiras propostas de alterar
trouxeram informações sobre as experiências Van Damme, além de ex-presidente da a Constituição a essa altura estavam com previsão
privatizantes vividas nos seus países — e o Telebrás, é também ex-presidente da Telerj e de votação para janeiro de 1994. Sob o impactode
pro fesso r norte-am ericano Joseph D. da Telpa, e ex-diretor da Telebrasília. Embora grandes escândalos, praticamente toda a ativida
Straubhaar.da Michigan State Uni versity. Com reconhecendo que tudo que o setor das teleco de parlamentar e, de resto, a atenção da totalidade
pareceram ainda os deputados Arolde de Oli municações no Brasil conquistou até hoje, ele da nação, se encontravam absorvidas por graves
veira (PFL/RJ), Renato Johnsson (PP/PR) e deve à iniciativa governamental, na mesma denúncias e aprofundadas investigações sobre
Paulo Heslander Couto (PTB/MG). linho do general Alencastro, ele argumentou corrupção. A perplexidade, a indignaçcão e o
Único a questionar a conveniência da com a falta de eficiência do Estado, defenden espanto tomaram conta do Brasil.
privatização do sistema Telcbrás, o deputado do que a revisão constitucional alcance a área R e p o rta g e m : R o o se ve lt N ogueira de Holanda
MERCADO
O p e r f i l f r i o d o c o n s u m o
Daniel Barbará, vice-presidente da ção urbana (70%) aumentou nos últimos crescendo a proporção de assinaturas
agência DPZ, traçou um retrato do Bra 20 anos (era 30%). No universo da mídia, (60%). Folha, Estadão, O Globo, JB são
sil publicitário, por ocasião de um semi o rádio tem potencial de cobertura de os jornais de maior tiragem. A circula
nário voltado para TV por Assinatura. 127 milhões de pessoas, seguido da TV ção diária de 40 jornais é de 2,4 milhões
Os números falam por si só. (113), jornal (38) e revistas. Isto não de exemplares (3,8 mi aos Domingos).0
Houve mudança na escolaridade do bra impede que dos US$3 bilhões do merca cinema, com 330 salas (200 no sudeste)
sileiro. No decorrer de 20 anos (1970/90), o do publicitário, 58% vão para a tevê e não está morto, apesar que 40% dos fil
analfabetismo baixou (de 38 para 19% da 28% para jornais. A tiragem das revistas mes passam na tevê. O homem da rua e
população). Temos 64 milhões de pessoas caiu, a de jornais manteve-se estável. da estrada é bombardeado com 24 nul
economicamente ativas, com 1,9 "outdoors".
milhões (3%) de renda (salário) São 30 milhões de televisores-
acima de 20 salários mínimos. - com 8 milhões (27%) de apare
Este limite é de US$1500 contra lhos monocromáticos - grande
US$75 de quem recebe o míni parte concentrados na região su
mo. É a maior concentração da deste. Por ano, chegam aos lares-
renda dos últimos quarenta anos, 2,2 milhões de novos televisores
representando 1,9 milhões de pes coloridos, 330 mil mono
soas (3%) responsáveis por 30% cromáticos e 554 mil videocas
de tudo que é consumido. Daí a setes. Até as 22 horas reina -
febre de importados de todo tipo hegemonia da Globo, com aud’
que assolam o mercado. Novos e ência das classes D/E. No avafr
sofisticados bens e serviços de çado da noite, reparte-se a aus
vem se voltar, porém, para 1,9 ência que é das classes A/B u
milhões de pessoas. mercado potenc ial pai a TV A
O crescimento populacional assinatura) foi estimado em
caiu para 1,8% e a concentra Alta concentração de renda consome 554 mil videocas\etes/ano. mil lares. (J.C.F.)