Page 48 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1993
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NEGOCIOS
S e g m e n t o i n d u s t r i a l e m p o l v o r o s a
O mercado fornecedor de bens e ser tecnologia externa, mantida igualdade tria local não tem economia de escala.
viços de telecomunicações se agita. Com de condições. "Lá fora há empresas que Luta com altos encargos e com a infla
a abertura para o exterior no governo gozam de benefícios dos respectivos Go ção. Daí, apenas a proteção tarifária e
Collor, chegaram novos produtos. Par vernos e isto deve ser levado em consi fiscal não serem suficientes para
ticipantes, até então discretamente pre deração, ao se falar de abertura para o defendê-la do exterior. A Abinee quer
sentes, emergiram no mercado interno. exterior. Mas nosso Governo está aten que novos participantes sejam subme
Isto mexeu com o mercado. Empresas to", garantiu o ministro. Em termos prá tidos às mesmas regras dos que aqui já
com parques fabris instaladas no Brasil ticos, segundo o dirigente, as importa se encontram. Ele analisou que a
- como NEC, Alcatel, Ericsson, Equitel ções nos diferentes setores cresceram de Telebrás luta com limites de investi
— reclamaram publicamente da dife 5 a 10% e estimularam a competição. mentos, tem políticos em cargos admi
renciação e se sentiram injustiçadas. nistrativos (uma distorção) e precisa
Outros fatores afetaram o cenário. A Fórum das mesmas oportunidades de que goza
entrada da tecnologia de comutação a iniciativa privada. Isnard ainda ob
Trópico, com obrigações de compra O forum sobre política industrial, re servou que empresas internacionais Já
por parte da Telebrás, fez cair o custo alizado durante o II Semint, em Foz de fora, são também operadoras, que com
oficial do terminal de US$850 para Iguaçu, reuniu os debatedores Raul An pram delas mesmas.
US$350 e até US$192. Começaram a tonio Del Fiol (Promon), Roberto Isnard Otávio Marques de Azevedo foi fa
vir de fora, equipamentos menos tradi (Abinee), Otávio Marques de Azevedo vorável à abertura porém com incenti
cionais, como para telefonia celular, (Andrade Gutierrez TCs), Márcio vos claros à tecnologia e produção
comunicações de dados, Vsat e com Lacerda (Batik), Armando Medeiros locais. Ele criticou a falta de um plano
pressão de informação, não de desenvolvimento para o
produzidos em escala no país e País, situação que "favorece
também equipamentos aqui H O G t A S M j o autoritarism o e a
fabricados. corrupção". Não pode haver
Ao início de 1993, pressio política industrial para as TCs
nado por alguns segmentos, o m I se não se definir, primeiro,
Minicom lançou o texto da Por como fica a situação da
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taria 647 para ser avaliado pela V U Telebrás. E preciso ampliar
sociedade. O documento esta os serviços de telefones de
belece que nos casos em que há . uso público e a Embratel que
alta capacidade de produção opera serviços sofisticados
de um produto no país - tal tem uma taxa de penetração
como a comutação — ele tem (E-D) W. Moherdaui, A.Medeiros, Raul Del Eiol, O.M. de Azevedo. "ridícula" junto à sociedade.
que ser adquirido aqui. Frente Falta tarifa que não é inflaci
ao impasse causado por divergência (Alcatel) e Carlos Rocha (Prolan), co onária (menos de 1 % do custo de vida).
entre diversos agentes, a Portaria 647 ordenados pelo jornalista W ilson Márcio Lacerda definiu o Brasil como
foi parar numa comisão do Congresso Moherdaui. potência industrial que cresceu com base
para opinar. Dentre os critérios sendo Raul Del Fiol disse que a produção em incentivos e substituição de impona*
discutidos para a aquisição de equipa local de equipamentos gera empregos ções. O modelo gerou preços elevados e
mentos pela Telebrás está a exigência mas que o custo do equipamento deve defasagem tecnológica mas também criou
do "atestado de qualificação técnica - ser baixo para que o uso do serviço empregos e "knowhow" interno. O Gover
aqt", que ela mesmo dá. também possa gerar empregos. Há ne no Collor fez uma abertura -- em mão
A Lei 8666 rege as licitações do setor cessidade de escala na produção local única, sem contrapartida em outros merca
público. Vence a concorrência, dentre sem esquecer que o desenvolvimento dos - que mesmo assim produziu resulta
elementos previamente qualificados, o de software é cada vez mais importante. dos. Estudos no ministério da C&T e no
que apresentar o menor preço. Essa Del Fiol propôs favorecer, em primeiro M ICT indicam que segmentos de
intenção em dar lisura ao processo cau lugar, a fabricação local com tecnologia tecnologia de ponta, como o complexo
sou "engessamento" do setor público e nacional e depois com tecnologia es eletrônico, precisam de apôio do Governo
um séquito de recursos administrati trangeira. O material importado, com e acesso privilegiado ao mercado interno.
vos. A lei 8248, ainda não regulamenta similar nacional, seria onerado por ta A seguir, o debatedor observou que a
da, introduziu a licitação técnica, junta xas aduaneiras e o sem similar teria a "redinamização" ou a queda do mono
mente com o preço. A lei 7232 define o importação normal. pólio da Telebrás — a indefinição é o
que são bens de informática abrangen Roberto Isnard lembrou que a maio pior dos mundos - causará uma explo
do diversos equipamentos de TCs. ria (87%) das compras de equipamen são de demanda no mercado fornecedor
Para o ministro'da indústria e comér tos de TCS está nas mãos do sistema de bens de TCs. "A política de abertura
cio e do turismo - mict, José Eduardo de Telebrás (monopsônio) e que a abertu neo-liberal como proposta é suicidio e
Andrade Vieira, uma parte do mercado ra do mercado resultou em produtos não é praticada lá fora. Os EUA se
deve ser aberta ao investimento e à novos com melhor qualidade. A indús protegem contra muitos produtos vin-