Page 17 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1993

Evolução

O vice-presidente da BNR para as­

suntos de transmissão, Robert Pfeffer,

dividiu o assunto de rede num seg­

mento fundamental de transporte e

noutro de acesso. As redes de TCs

estão mudando de estrutura, impulsio­

nadas por várias forças. Entre elas, o

fato de que (nos EUA) o tráfego está

deixando de ser majoritariamente de

voz. Estima-se que nos próximos cin­

co anos, 80% do tráfego será do tipo

não-voz. Cresce a demanda para mai­

or capacidade de transmissão, hoje

sendo efetuda até 2,4 Gbit/s movendo-

se para 10 Gbit/s.

Historicamente, o mundo da trans­

missão nasceu com a cabeação de co­

bre, evoluindo depois para o cabo

coaxial e para a multiplexação eletrôni­

ca. Os meados dos anos 80 foi marcado

pela entrada da fibra óptica, com imen­

so potencial de transmissão, e dos dis­

positivos eletrônicos na rede, como um

meio para substituição econômica dos

cabos. A maioria dos sistemas eram

proprietários a velocidades de 45 Mbit/

s (EUA) e 40 Mbit/s (Europa) na época,

consideradas altas.

Com o decorrer do tempo, empresas

foram introduzindo novos serviços,

utilizando a periferia das redes públi­ Acima, Claudine Simson. diretora de tecnologia e Colin Beawnont, engenheiro-chefe dos laboratórios

BNN. Abaixo, pesquisadores da HNK inspecionam diagrama de um novo circuito integrado.
cas. O núcleo destas redes — baseado

em comutação hierárquica de linhas -

permanecia, no entanto, intocado. A dos síncronos vSonet/SDH de alta velo­ A grande virtude e o principal trun­

chegada da tecnologia de pacotes, prin­ cidade, servirão de transporte a pacotes fo da BNR tem sido sua habilidade

cipalmente para redes privativas, não fixos ATM (assíncronos) com infor­ em combinar tecnologias. Engenhei­

chegou a afetar o quadro geral da rede, mações multimídia dos usuários. O pro­ ros e cientistas da empresa estão atu­

então utilizada para canalizar bits de blema do acesso à rede ainda permane­ almente canalizando seus esforços

um ponto a outro. ce indefinido com uma mistura de ele­ para aplicações com utilidade práti­

A vulgarização de anéis de fibra trônica e de fibra se aproximando cada ca no mercado. Os próximos desafi­

óptica, mais confiáveis, e o adita­ vez mais do usuário final. os da tecnologia de telecomunica­

mento de software, mais do que uma Segundo Pfeffer, o drama enfrenta­ ções são a FiberWord, a arquitetura

simples substituição da cabeação de do pelas operadoras telefônicas é o concebida pela Northern Telecom

cobre passou a acrescentar "inteli­ desejo de levar a fibra até o usuário para redes integrais de fibra óptica,

gência" na rede, como a não desorga­ para oferecer-lhe todo tipo de serviço, de ponta a ponta, com base nas nor­

nização (demultiplexação) de todo o ainda que nada seja mais barato que mas mundiais SONET/SDH, as re­

agregado sendo transmitido para reti­ um par de cobre levar comunicação de des inteligentes avançadas, comuni­

rar apenas uma informação necessá­ voz. As mudanças nas redes se darão, cações multimídia e sistemas de co­

ria. Grande parte (70%) dos agrega­ inicialmente, pela substituição dos municação pessoal sem fios, inclu­

dos de informação de uma rede pas­ enlaces de transporte (troncos), em indo redes digitais celulares e redes

sam por vários nós antes de chegar a cobre, entre centrais (nós) por fibras sem fios, de baixa potência.

seu destino. A nova filosofia da rede ópticas. A seguir, usuários serão con­ Caberá aos pacotes ATM carrear os

pode ser idealizada como atribuição centrados por meios eletrônicos e o diferentes serviços na rede, inclusive

de faixa passante onde ela se torna agregado resultante será enviado por como circuitos virtuais. A chegada ao

necessária, com pontos de conexão fibra óptica aos nós da rede. Servido­ estágio ATM pressupõe a existência na

(Cross Connect) intermediários. res de serviços serão acrescentados e o rede de uma estrutura de alta velocida­

O custo da fibra óptica e do bit trans­ gerenciamento da rede - acesso, co­ de Sonet/SDH, montada sobre anéis

portado por quilômetro está diminuin­ mutação, transporte — será unificado. ópticos. As novas redes deixarão lugar,

do. Nós e supernós das redes fazem, No usuário, equipamentos ATM cole­ durante sua evolução, para nichos de

porém, uso intensivo de chips tarão sinais de voz, imagem e texto outras tecnologias como microondas

microeletrônicos e cresce a necessida­ repassando-os como agregado aos nós para enlaces em lugares inacessíveis e

de do gerenciamento integrado de todo de transporte da rede. Tais nós serão frame relay como acesso barato para

o sistema. Nas novas redes, os agrega­ interligados por fibras ópticas. redes em cobre. (J.C.F.i TT