Page 27 - Telebrasil - Julho/Agosto 1993
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? X s V e c t ív a s PARA 0 MERCOSUL. ...Irreversível. Não é o m ercado com um
^OtiafCW.'«AÇÕES
europeu, exclusivista. Nem o N o/th Am erican Free Trade A gree
m e n t - N afta, o m ando do fo rte . É um tratado de união aduaneira,
pós-94, entre A rgentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Vai aum entar
o com ércio exterior, m as pode ser um vestibular m uito apertado
para nossa indústria. É tam bém o retorno da confiança m útua
AȀCA/V U
entre as novas dem ocracias. Inevitável. 'idílSOOMBIAT’
Furta do:
Podemos competir la fora?
O eng. Rômulo Villar Furtado, que mento, objetivando a constituição de farias progressivas, lineares e automa-
ticas, até alcançar a tarifa zero em
durante mais de uma década foi
um espaço econômico comum atra
secretário geral do Ministério das vés da liberalização comercial. O tra 31.12.94; coordenação de políticas ma
Comunicações, no início de sua pales tado prevê, entre outras medidas, a cro-econômicas visando assegurar con
tra fez um retrospecto histórico dos eliminação de todos os obstáculos ta dições adequadas de concorrência; ta
blocos econômicos regionais, a partir rifários e não-tarifários ao comércio rifa externa comum; constituição de
do final da II Guerra Mundial até os de bens e serviços e a harmonização um regime geral de origem; e estabe
dias atuais, passando pela Comunida de políticas macro-econômicas. lecimento de listas de exceções ao
de Econômica Européia (CCE) - criada Segundo o palestrante, “esta con programa de liberação comercial para
em 1957 pelo Tratado de Roma a vergência de políticas liberalizantes, os “produtos sensíveis”. O tratado pre
recuperação econômica do Japão, a com a privatização, a desregulamen- vê um período de transição até
queda do muro de Berlim e o rompi tação e a abertura para o comércio 31.12.94, em que deve ser alcançada
mento das velhas estruturas do cen exterior, adotadas por Argentina e Bra uma zona de livre comércio sucedida
tralismo político e do dirigismo estatal sil, criou a ambiência necessária ao por uma união aduaneira.
na União Soviética e outros países do coroamento dos esforços integracio- Em suas considerações finais, Rô
Leste Europeu. “Estes países surpreen nistas anteriores, culminando com a mulo Villar Furtado disse que são imen
dentemente apresentaram ao mundo constituição do Mercosul através do sos os problemas que o Brasil tem de
um quadro de pobreza e de incapaci tratado de Assunção de 26 de março superar para debelar a dramática cri
dade cultural e material de inserção, a de 1991“. Inaugurava-se então o mo se econômico-social em que se en
curto e médio prazos, na economia delo da integração competitiva nos mer contra há mais de uma década. “Para
de mercado dos países ocidentais“, cados internacionais, onde a raciona tanto é indispensável que as elites na
observou o palestrante. lização, a eficiência produtiva e a qua cionais se compenetrem - como já fi
Rômulo Furtado lembrou, ainda, que, lidade são os princípios básicos orien zeram as elites de outros países vizi
enquanto a Europa prossegue em seu tadores dessa nova fase. nhos - de que a continuidade do pro
caminho de integração, uma revolu Furtado disse também que a con cesso de deterioração social, em que
ção de mercado está ocorrendo na cretização do Mercosul se fará atra estamos mergulhados, nos encaminha
América Latina. “Esta revolução - acres vés de alguns mecanismos básicos, para o desastre total - por isso, é pre
centou - iniciada no Chile, logo secun como o programa de liberalização co ciso revertê-lo, já”!
dada por México e Argentina, e de for mercial, consistindo de reduções tari- Para ele, a revisão constitucional
ma mais lenta no Brasil, está condu brasileira, que se aproxima, tem de
zindo as nações latino-americanas a promover uma extensa e profunda re
afastar o Estado da atividade econô forma tributária, simplificando e tor
mica, pela privatização de empresas nando mais justa a tributação em nos
estatais, desregulamentando a econo so País, ampliando a base de incidên
mia, permitindo o livre jogo das leis cia dos tributos, permitindo ao mes
de mercado e transformando velhas mo tempo a redução da carga tributá
estruturas protecionistas, além de re ria e a elevação de sua receita. “O
duzir tarifas aduaneiras, conduzindo absoluto irrealismo da legislação bra
os países da região a uma progressi sileira cria na verdade uma casta pri
va inserção competitiva no mercado vilegiada de trabalhadores, cujas em
mundial“. presas podem cumprir com os altos
Rômulo Furtado explicou que o Mer- r encargos sociais, ao lado de uma le
cosul, constituído dentro do marco da gião de outros trabalhadores totalmen
Aladi, integrado por Brasil, Argentina, te desamparados, pois eles atuam na
Uruguai e Paraguai, teve como elemen economia informal”. Defendendo ain
to precursor o programa de integra da a melhoria salarial dos trabalhado
ção e cooperação econômica, aprova res e a redução dos encargos sociais,
do pelo Brasil e Argentina em julho de Rômulo Furtado disse que a atual le
1986, em Buenos Aires. Em 1988, Bra gislação trabalhista, “ao contrário de
sil e Argentina assinaram o tratado de proteger o trabalhador, na verdade de
integração, cooperação e desenvolvi- Rômulo Villar Furtado. semprega-o”.