Page 48 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1993

O r í e n t a ç ã o p a r a o b j e t o s
n o v a a r t e
Nem sempre o computador trabalha com dados numéricos.
um mundo tecnológico em que
N o computador ocupa o centro
do palco — como nas centrais
de comutação telefônica — pro­
gramas de software passam a ter im­
portância fundamental. É fácil ocor­
rer um erro entre milhares de linhas
de código que se relacionam entre si
para comandar as máquinas. Para do­
minar este ser quase mitológico — o
software — novas concepções ou apli­
cações novas de concepções antigas,
são postas em jogo. Uma delas, em
moda, é a orientação para objetos.
Cláudio D’Ipollito, da Sucesu-RJ,
começou por lembrar que “ paradig­
ma” é uma forma de pensar e de per­
ceber o mundo. A função do para­
digma é determinar o que é, ou não
é, significativo ao descrever um obje­
to ou uma situação. Ao mudar o pa­
radigma muda a visão sobre uma mes­
ma coisa. Quando o polonês Copér-
nico quis ver o Sol como centro do
mundo c não mais a Terra, como acha­
va o grego Ptolomeu, ocorreu uma
mudança de paradigma. Mudanças de
paradigma podem revolucionar o mun­
do. A Orientação por Objetos (OO) é
um novo paradigma computacional.
Uma nova maneira de conceber pro­
gramas de computador.
orientado a objetos, “ fruta” será um
objeto contendo dados (como nome,
cor, preço) e operações (como arma­
d e p e n s a r zenar nome, que nome?, mostrar no­
me). O objeto “ fruta” ao receber uma
mensagem como “ tela mostre que no­
me?” executa o método “ que no­
me?” e acha o nome. Depois execu­
tará o método “ tela” e mostrará o
nome da fruta na tela. Tudo isto po­
de parecer complicado mas, na práti­
ca, a operação já efetuada com a ra­
pidez do computador.
As linguagens orientadas a objetos
são consideradas puras, como as lin­
guagens Actor e Eiffel, do sistema
Smalltalk e híbridas, nas quais ainda
persistem o conceito de variáveis e
procedimentos da programação tra­
dicional. A linguagem C + + , utiliza­
da na programação de centrais tele­
fônicas com Controle por Programa
Armazenado-CPA, bem como varian­
tes das linguagens Lisp, Pascal e Co-
bol, são linguagens híbridas orienta­
das a objetos.
Fundamentalmente, uma base de
dados armazena dados e suas descri­
ções, a serem acessados por usuários
ou programas. Nas bases de dados
convencionais, as informações (dados)
são armazenadas em estruturas simi­
lares a arquivos ou em estruturas en­
cadeadas por endereçamento físico.
As informações dinâmicas dos dados
ou algoritmos ficam, nestas bases de
dados, reservadas aos programas.
As bases de dados orientadas a ob­
—“ Ao invés de privilegiar, em pro­
gramas de computador, operações cm jetos armazenam dados e também, sob
detrimento de dados (como em algo­ (vide Glossário), os métodos que ma­
a descrição de cada classe de objetos
nipulam tais objetos frente às mensa­
ritmos) ou dados em detrimentos das
operações (como em base de dados),
gens que recebem. É a própria base
a orientação para objetos considera, de dados, neste caso, que dá a idéia
para cada objeto, os dados e as ope­ do objeto. É a base que mostra que o
rações que lhe são inerentes“ , expli­ objeto carro é constituído de chassis,
cou Cláudio D’Ipollito, acrescentan­ rodas, freios e outras partes e não
do que “ a modelagem de sistemas mais, como nas bases de dados con­
orientados a objetos base a-se na iden­ vencionais, que é o programador que
tificação dos objetos — que desem­ “ sabe” que estas partes constituem
penham ou sofrem ações no âmbito um carro, relatou o especialista da
do problema — e dos padrões de coo­ Sucesu-RJ.
peração entre estes objetos. A orientação por objetos encontra
aplicações outras que em linguagens
Real e base de dados. Ela facilita as bases
de conhecimento ou sistemas especia­
No mundo da orientação a obje­ listas, nos quais -o conhecimento de
tos, a intenção primordial é que o um especialista é colocado organiza-
programa de software descreva uma damente no computador para ser con­
versão, computadorizada, do mundo sultado. Ela também simplifica a in­
real. Em tal mundo, um programa é terface dos programas com o usuá­
visto como uma coleção de objetos rio. A orientação para objetos permi­
que cooperam, trocando mensagens. te a apresentação gráfica de ícones
A mensagem desperta no objeto ade­ ou objetos na tela, janelas com mul-
quado um comportamento determi­ tiprogramas e metáforas visuais, co­
nado. mo botões, mostradores e reostatos.
Como todo paradigma, a orienta­ Um programa de software com­
preende dados, funções e controle. Pre­
ção para objetos criou seu próprio dominando os dados, um diagrama
Glossário, que aqui incluímos para
gáudio dos leitores. Num programa