Page 62 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1992
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Base de dados: navegação continua
desafio atual, segundo Mareei fica da base de dados, mostrava que Produtores independentes, por sua
Fátima Pires da Silva, pesquisa uma ramificação se originiva em ape vez, iriam produzir base de dados re
dora da Unicamp da área de so ft nas um tronco, o que constituía uma lacionais como o Oracle, de Larry All-
0ware, é armazenar e recuperar limitação. yson, que partiu na frente e atingiu
um volume crescente de informações. Em seqüência, seguiu-se o modelo negócios mundiais de 1,4 bilhào de
Desde o início da informática, pro de armazenamento em redes. Neste, dólares, bem como o Ingres da CHS,
gramas aplicativos operaram sobre da gavetas de informação passaram a ser o Sybase e o Informix, que aqui sào
dos armazenados em arquivos para interligadas por ponteiros lógicos pa representados, respectivamente, pela
resolverem problemas. Ao crescer o ra indicar relações. Um produto típi Ingres, Sybase e Informix do Brasil.
número de aplicações, porém, tomou co desta época foi o Adabas que ain Na área de ambientes proprietários, a
corpo entre os pesquisadores a idéia da pode ser encontrado funcionando, Digital apresentou os RdB/VMS e
— simples em teoria e complicada na em sucessivas versões. No modelo de V A X /D BM S. E para por maior fogo
prática — que o armazenamento de redes é preciso, no entanto, dar o ca na disputa comercial de base de da
um dado apenas uma só vez traria minho — ou seja, explicitar todos os dos relacionais, um pesquisador, C.J.
vantagem. Assim, seria evitado arma ponteiros — quando se quer chegar a Date, definiu as doze regras, que a
zenar dados redundantes. um dado. seu ver caracterizavam um modelo
A fim de compartilhar dados entre - “ Uma linguagem procedural é “ puramente relacional” .
aplicações distintas foi criado um sis aquela em que se deve explicitar pas “ Em paralelo com o desenvolvi
tema de gerenciamento de base de da- so-a-passo como acessar um dado. M o mento de base de dados relacionais,
dos-SGBD, conhecido em inglês co delos hierárquicos e em rede são por outra ordem de pensamento foi to
m o “ data base m anagem ent isso chamados de procedurais. Já na mando corpo, sob a forma do mode
system-DBM S” . Passou a ser tarefa linguagem não-procedural, basta ao lo entidade-relacionam ento, ou
do SGBD controlar coisas, tais como programa dizer apenas o que ele quer M ER” , observou Pires da Silva, acres
saber quem é o “ dono do dado” , on e a base de dados irá produzir o centando que a idéia agora “é centra
de ele deve ser armazenado e como dado correspondente” , explicou Pi da na definição de entidades ou obje
isto dever ser feito. res da Silva. tos e o relacionamento que estes man
Foi ainda criada a figura do dicio têm entre si. De um lado, modelos,
nário de dados, que é uma espécie de como o relacional, passaram a se apro
lista telefônica sofisticada, que dá to ximar mais da máquina e, de outro,
das as “ dicas” sobre onde, como e a modelagem ficou mais próxima da
de que forma estão armazenadas as forma com que o usuário pensa e des
informações na base de dados. Foi creve seu mundo real.”
também implementado um adminis É interessante notar que as bases
trador de dados que se encarrega de de dados relacionais nasceram da mo
dizer a um programa aplicativo como delagem de dados que, depois, gera
dados são armazenados c recupera ram linguagens correspondentes para
dos. Finalmente, nasceu uma lingua sua implementação. Já os modelos
gem de pesquisa ou system query lan- MER, como a base de dados orienta
guage - SQ L para interrogar a base da para objetos, nasceram de lingua
de dados. gens de programação.
Modelos são utilizados para des Na interpretação do mundo atra
creverem sistemas de base de dados. vés de objetos, passou a ser possível
Eles incluem uma parte gráfica - que uma linguagem que define objetos,
mostra onde ficam as informações e seus atributos dinâmicos, bem como
como elas se inter-relacionam — e ou as mensagens de comunicação com
Mareei de Fátima Pires da Silva, da Unicamp.
tra descritiva, que retrata as caracte este objeto. Uma das características
rísticas e os atributos do dado, como, de sistemas orientados a objetos é a
por exemplo, saber se ele é numérico, de unir dados e funções dentro de
alfabético, gráfico ou outra coisa qual Fruto dos trabalhos de Chris Date uma mesma cápsula. A noção de ob
quer. A modelagem dos dados deu e Codd nasceria a idéia, na IBM, de jetos não ficou apenas na teoria. A
origem às diversas famílias de siste armazenar os dados em tabelas, do abertura de janelas de informações
mas de gerenciamento de base de da tadas de colunas e linhas, estas deno que surgem na tela, ou “Windows",
dos. minadas de “ tuples” . O modelo rela tem base na teoria dos objetos. Cada
O modelo hierárquico - que pode cional, assim chamado, tinha tabelas janela pode ser vista como um obje-
ser imaginado como um gigantesco que devido ao modo como foram mon to. Ao se fazer clique com um mouse
organograma - deu origem, na déca tadas, estavam implicitamente relacio — este nada mais é que um transdutoj
da de 70 e pelas mãos da IBM, a um nadas. Isto facilitou os programas apli eletromecânico que faz um ponteia
dos primeiros sistemas gerenciadores cativos a navegarem por entre os da se mover na tela - equivale a manda
de base de dados comerciais. Deno dos. Na época, a IBM desenvolveu algum tipo de mensagem para o om
minado “ Information Management um modelo relacional experimental, jeto ou janela em questão. 0 P°-
System” ou IMS, uma informação “ fi denominado Sistema R, que ela iria gress é uma experiência de donuts
lha” só podia estar conectada a um comercializar, mais tarde, com o no público, da UCLA, com linguage
único “ pai” . O mesmo fenômeno, vis me de DB2, já havendo novas ver orientada para objetos. *
to sob o modelo da organização grá sões em laboratório. 0cr