Page 36 - Telebrasil - Maio/Junho 1992
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Rosa e Dascal
Uma revisão crítica dos PCTs
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Natal
Hugo Marques da Rosa, da Método En Dentre as soluções citadas por Marques
genharia de Telecomunicações, disse, em da Rosa está a de manter o custo do termi
sua palestra, que dentro dos objetivos do nal abaixo de 2 mil dólares, eliminar custos
Programa Comunitário de Telefonia (PCT) des financeiros e compatibilizar a forma de pa
tacam-se: a ampliação da capacidade de im gamento para aquisição de novos terminais
plantação de novos terminais; proporcionar com o poder aquisitivo da população. Além
maior agilidade ao atendimento da deman disso, as obras devem ser tocadas no ritmo
da; reduzir custos; engajar a iniciativa priva da entrada das verbas, os projetos devem
da no desenvolvimento tecnológico do sis ser simples e sem correções de trajetória
tema; ampliar a receita das operadoras; e no meio da obra e o planejamento (inclusive
reativar a situação econômica do setor. estimativa de demanda e de comercializa
Dentre as dificuldades, Marques da Rosa ção) deve correr por conta do empreende
citou o momento conjuntural da economia dor, que é quem vai arcar com os riscos do
brasileira; o desgaste da imagem dos pla projeto.
nos de expansão; a diferença entre os pre
ços de alguns PCTs e o da operadora; juros Standard TCs
do sistema financeiro extremamente eleva
dos; pouco envolvimento da operadora; e Para Cláudio Dascal, vice-presidente do
demanda superdimensionada. grupo Standard Telecomunicações, o turn-
Quanto a viabilidade econômica, o pales key e o PCT são uma resposta da criativida
trante ressaltou a projeção de sistemas pa de brasileira às limitações de investimentos
ra atender a demanda real e atual, que só impostas às operadoras mas que poderão
pode ser avaliada após o início da comercia não dar certo se continuar o excesso de
José Reina Ido, da Telern. lização; compatibilizar conograma físico de regulamentação. O grupo Standard Teleco
implantação com prazos de financiamento municações tem projeto em 22 localidades
(poder aquisitivo do usuário); não onerar o na área da CRT-Companhia Riograndense
empreendimento com introdução de altera de Telecomunicações (RS), que é responsá
ções ou melhoria dos sistemas existentes; vel, em regime full turn-key, pelo projeto
não onerar o empreendimento dimensionan ECO-92, envolvendo comutação, transmis
do o sistema para atender demanda futura são e comunicação de dados.
(rede, comutação, transmissão); planejamen O palestrante criticou a demora das ope
to e projeto devem ser executados pelo em radoras na fase da licitação que gera atraso
I / preendedor e submetidos à aprovação da no projeto que depois tem de ser recupera
operadora; desenvolver e/ou consolidar par- do pela empresa privada e a burocracia que
r ceriais sólidas entre fornecedor e empreen pesa sobre todo o processo. “ Os prazos que
dedor; participação econômica da operado são dados à indústria pelas operadoras, nes
ra nos casos de projetos excepcionalmente
n h l onerosos ou de cunho social. tas circunstâncias, são absolutamente inviá
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veis” , afirmou o executivo. Ele alertou que
Para Hugo Marques Rosa há necessida
as fontes de financiamento dos fornecedo
Cláudio Dascal, da Standard TCs, de do engajamento da operadora, a fim de res - vistos como fiéis aliados pelo Sistema
proporcionar melhor aceitação do PCT pe Telebrás - são limitadas e que é preciso achar
los funcionários da empresa; incluir a ope novos recursos, definir regras claras e está
radora na viabilização econômica do PCT; veis, e prover a tarifas adequadas.
envolver a operadora no processo de co Cláudio Dascal mostrou preocupação de
mercialização, ou seja, campanhas institu que a imagem do setor de TCs, que é pas
cionais, cartazes, serviços de informações, sada ao Congresso Nacional pelas adminis
videotexto, etc.; apoio logístico através de trações, é a de que está tudo bem, quando
lojas, pessoal e outros meios disponíveis nas na verdade é necessária grande quantidade
localidades. de recursos para expandir o sistema. Sobre
Fazendo uma visão panorâmica do PCT, o tema das licitações PCTs, ele registrou
o palestrante destacou suas vantagens, en que constantemente surgem novas regras
tre as quais o complemento da expansão da e classificou a processualística da Telesc
operadora, que é mais ágil do que o siste como simples, a da Telepar como detalha-
ma tradicional, permitindo atendimento a lo díssima e a da Telerj como estranha, visto
calidades periféricas. Ainda dentre as difi querer ela cobrar até aluguel pelas facilida
culdades, o executivo da Método falou so des a serem integradas ao projeto.
bre o medo do usuário frente aos reajustes Do lado da comercialização, disse Dascal
das prestações acima dos salários, a má que o usuário - que é quem paga - é muito
imagem que ficou do passado de terminais sensível a notícias como o de promoções e
pagos e não entregues, os preços diferen descontos e que o anúncio do término do
ciados praticados no PCT e o pouco envol autofinanciamento faz com ele adie a com
vimento dos escalões mais baixos das ope pra do terminal. Finalmente, o palestrante
radoras (a direção se envolve, mas o mes sugeriu que se mudem os critérios de re
mo entusiasmo nem sempre existe nos de muneração do PCT, fixados hoje em dois
(E/D):Kleber Castilho, e Luiz anos, algo que ele julga não viável. (JCF/JP)
Carlos Bahiana. mais escalões).