Page 18 - Telebrasil - Maio/Junho 1990
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Governo Collor
O q u e p e n s a m o s i n d u s t r i a i s d e T C s
Naja de Paula
As indústrias adotaram uma po pela Telebrás em cerca de 6,5 milhões, a tilhados com a iniciativa privada, efeti
sição clara em relação às ques demanda reprimida, mais a vegetativa vando-se, por exemplo, o que Siffert de
nomina de “privatização por investi
tões do setor de telecomunica de 2,5 milhões no próximo qüinquênio mento complementar”, que permite a
(5% ao ano), representará um investi
ções (TCs) que elas pretendem mento de US$ 32 bilhões. empresa privada tornar-se sócia do Sis
ver resolvidas, como um planeja Por parte da indústria, em cinco tema Telebrás na exploração de alguns
serviços sem ferir o monopólio do con
mento de orçamento consistente anos, para cobrir esta demanda, ela de trole acionário que continuaria em
e eficientemente administrado verá ampliar de 20 a 25% ao ano sua mãos das estatais, garantido pela Cons
atual capacidade produtiva, com um re
pelo Governo. Aliás, os dirigen sultado final de, no mínimo, 2 milhões tituição.
tes das empresas fornecedoras de terminais/ano. Atualmente, a produ Os serviços compartilhados seriam,
encontram-se realmente otimis ção é de 500 a 700 mil terminais/ano, entre outros, os chamados de periféri
cos, como a telefonia móvel, ou a im
tas, e a figura do ministro Ozires com grande capacidade ociosa; por outro plantação de redes de dados (permissão
lado, as em presas precisam de um
Silva à frente da orientação das tempo para sua recuperação. Certas fa para a ligação de terminais inteligentes
TCs vem contribuir fortemente mílias de produtos levam de seis a oito à rede nacional da Telebrás), como tam
com este estado de ânimo. meses para serem entregues à Telebrás, bém serviços de manutenção de todos os
depois do contrato assinado, “porque as tipos de terminais usados em TCs, e a
turbinas estavam frias”, garantem os descentralização das redes com peque
As dificuldades do setor de TCs estão dirigentes. nas centrais para condomínios, vilas,
restritas a um círculo vicioso: indús shopping-centers, etc.
trias lutando para sobreviver, adminis As joint-ventures também são defen
tração pública ineficiente, além da falta didas como forma de se aumentar o le
de um planejamento duradouro no sis que de opções de investimentos no sis
tema. Basta transformá-lo num círculo tema, trazendo maior atualização tec
virtuoso que implica, segundo os execu nológica e competitividade em termos
tivos, num planejam ento com orça de qualidade às empresas privadas. “Só
mento consistente e não oscilante, e ad que, para cumprimento pleno deste ob
ministração das operadoras mais com jetivo, deveriam cair as barreiras de re
petente em termos de gerência, expan servas eme impedem a absorção de no
são e operação do sistema. Deste modo, vos conhecimentos, e se estabelecer
se tem uma indústria respondendo com uma livre competição no mercado in
qualidade e custo mais competitivo, a terno”, reivindicam os executivos.
uma demanda organizada. Delson Siffert considera importante
Neste sentido, alertam os dirigentes, enfatizar que estas associações deverão
é necessário um verdadeiro combate à ser efetivadas “com regras transparen
inflação, aliado a uma recomposição tes, precisas e de longo prazo, que resul
tarifária realista por parte do Governo e tem em emprego qualificado, efetiva
medidas severas da Telebrás visando transferência de tecnologia, aporte de
seu equilíbrio receita x despesa. Para capital de risco e em expansão de merca
investir, a iniciativa privada se oferece dos adequados”.
como aliada na em preitada, comple
mentando os serviços do Estado. A indústria almeja trabalhar com planeja Considerações
“O setor é extremamente dinâmico, mento duradouro, sem oscilações orçamen
de recuperação muito mais rápida do tárias, e efícientemente administrado pelas Walter Machado, diretor superinten
que outras áreas da infra-estrutura do operadoras. dente da ABC Teleinformática, lembra
País, como energia elétrica, por exem da necessidade de indústria e CPqD
plo. Se as medidas forem tomadas de criarem soluções de alto nível de acordo
acordo, acredito que dentro de um ano a Delson Siffert, consultor de empre com as necessidades das concessio
demanda de equipam entos será boa sas e diretor de coordenação da área de nárias. No que é apoiado por Luiz Carlos
para a indústria, propiciando boa recu telecomunicações da Abinee (Associa Bahiana, presidente da Équitel: “E pre
peração do sistema neste quinquênio do ção Brasileira das Indústrias Elétricas e ciso que o CPqD seja um dos repositórios
novo Governo”, acredita Alcides Be- Eletrônicas), mostra-se confiante e con de tecnologia, dedicando-se com este ob
thlem, presidente da Multitel Tecnolo sidera perfeitamente possível o cumpri jetivo às técnicas novas para que real
gia, holding do Grupo Cataguases/Leo- mento da meta por parte das indústrias mente possa estar à frente”.
poldina. “No entanto”, complementa, fornecedoras, “caso o ciclo de desenvol Para a indústria fornecedora de equi
“estamos falando em termos de centrais vimento seja alcançado, garantindo um pamentos de TCs, o CPqD ocupa posição
e interligações, que é a parte mais com planejamento seguro e duradouro, sem insubstituível, mas deveria, segundo os
plicada, o resto é periférico.” oscilações nos orçamentos e na eficácia executivos, aprofundar-se mais na tec
adm inistrativa, até a finalização dos nologia de base, como a microeletrônica
Desafio programas”. e o software, o que lhe permitiria, asse
guram, levar à indústria nacional o ver-
Esta recuperação não deixará de re Investimentos adeiro domínio da produção. Walter
presentar um desafio para a indústria. Machado sugere que a empresa privada
Se tomarmos por base, por exemplo, o Os recursos para investimentos de possa desenvolver novos produtos, por
congestionamento por falta de term i que o setor público precisa para concre encomenda direta da Telebrás, já con
nais telefônicos, atualmente calculado tizar suas metas, poderiam ser compar tando com um investimento inicial, mas