Page 22 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1990
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A implantação e operaçáo desse com desempenha papel fundamental, em per
plexo sistema náo teria logrado êxito sem o manente entrosamento com a universi
suporte de recursos humanos altamente dade e a indústria.
capacitados. Constituiu, na verdade, preo Aquinhoado com um percentual da re
cupação de primeira hora, selecionar os ceita da Telebrás (US$ 64,8 milhões em
mais capazes e submetê-los a intensos 1988), o CPqD assumiu posição de van
programas de treinamento e aperfeiçoa guarda na tecnologia de ponta e vem
mento, muitas das vezes em estágios no gerando, com projetos próprios, novos pro
exterior. Formou-se, destarte, um corpo de dutos que são repassados ao parque fabril.
profissionais do melhor nível, nas áreas Graças a essa política, a virtual totalidade
técnicas e administrativas, a cuja compe dos equipamentos do setor vem sendo pro
tência se devem os resultados unammente duzida, por empresas aqui sediadas, com
enaltecidos. crescentes percentuais de nacionalização.
A política industrial, de resto bem-su Ao terminar a década de 70, o panorama
cedida, nos idos de 70, tinha por objetivo: era bastante auspicioso. Vinham se verifi
substituir as importações pela produção cando elevados índices de expansão dos
local e ter em máos brasileiras a maioria do meios de telecomunicações, os serviços
capital votante. eram de boa qualidade e o volume de con
A Telebrás — detentora, de longe, da tratações assegurava, às indústrias, taxas
maior fatia do mercado — dispunha das de ocupação compensadoras, embora já se
condições necessárias e suficientes para houvesse iniciado o desastroso repasse do
fazer cumprir os preceitos estabelecidos: o FNT, do Mimcom para a Seplan.
poder de compra aliado aos poderes nor Em termos de atendimento à demanda
mativo e homologatório. 0 investidor na todavia, estávamos muito aquém dos pa
cional acorreu ao chamamento e a substi drões universais. Contando apenas com
Telecomunicações, energia e transportes sào a tuição de importações deu azo à criativi 6,3 telefones por 100 habitantes, ocupa
infra-estrutura indispensável ao progresso de dade dos nossos engenheiros que foram vamos, no contexto internacional, obscura
qualquer pais.
além da "engenharia reversa". posição que, em absoluto, se coadunava
Os projetos das casas matrizes foram com nossa próspera economia.
completamente refundidos para atender Apesar dessa gritante insuficiência, o
nas Gerais e Espírito Santo, a despeito de as normas da Telebrás. Saiu algo d i governo, já a braços com dificuldades fi
haver iniciado um processo renovatórío, ferente, consentâneo com nossas exigên nanceiras, houve por bem apropriar-se de
instalando modernos sistemas interurba cias e realidades, configurando nova gera parcelas crescentes do FNT, conter tarifas
nos em meados da década de 50, asfixiada ção de equipamentos, com elevado teor de e limitar investimentos, embora o setor
por severa contenção tarifária e pela bal nacionalização. contasse com recursos próprios. Esta polí
búrdia reinante, tornou-se totalmente ina Paralelamente, o Ministério das Comu tica, como não poderia deixar de ser, a
dimplente. nicações, mediante estímulos e atrativos, longo prazo, revelou-se desastrada.
Os anos 60 encontram as comunica fomentou a criação de pequenas e médias Contidas as taxas de expansão, uma ad
ções nacionais praticamente esfaceladas. empresas que ocuparam nichos de um ministração competente, mediante solu
Faltam recursos de toda sorte, a legislação mercado em expansão e constituem, hoje, ções imaginosas e eficazes, garantiu,
é anacrônica, desmantelam-se as conces apreciável acervo de capacitação técnica e durante algum tempo, dar vasão ao cresci
sionárias. Correios, telégrafos, telefones, empresarial. mento natural do tráfego.
nada funciona. Nesse processo inovador é imperioso
destacar o Centro de Pesquisa e Desenvol Degradação
Nova era vimento da Telebrás (CPqD) — em Campi
nas — que, desde meados dos anos 70, Náo se conseguiu, entretanto, mantero
O Código Brasileiro de Telecomunica status quo. Paulatinamente degradou-se a
ções (Lei 4.117/62) é o marco de uma qualidade do serviço. Nota-se hoje demora
nova era. Reestrutura-se o Conselho Na no tom de discar, maior ocorrência de li
cional de Telecomunicações (CONTEL), nhas cruzadas, incidência de ruídos nas li
órgão normativo e regulador que estabele gações e, com freqüência, cai a linha. 0
ce, no Plano Nacional de Telecomunica número de chamadas completadas, em re
ções, as diretrizes e prioridades a serem lação às tentativas, excede o limite do tole
doravante obedecidas. rável.
A Embratel, constituída em 1965, com Cerca de 300 mil pretendentes que
os recursos gerados pelo Fundo Nacional acorreram aos planos de expansão lança
de Telecomunicações (FNT) faz implantar dos pelas concessionárias, aguardam a
as comunicações internacionais e o Sis instalação dos telefones já pagos e com
tema Nacional de Telecomunicações prazos de entrega vencidos. Esta inadim
(SNT). O País passa a contar com todos os plência, injustificada e impune, alimenta
serviços e facilidades que a mais avançada o mercado paralelo de telefones com pre
técnica pode oferecer. ços em continuada alta.
Cria-se o Ministério das Comunicações, De 1973 a 1984 foram aplicados US$
deferindo-se ao setor a autonomia já con 14,35 bilhões para instalar 5.250.000
cedida aos transportes e à energia. Adqui- term inais a um custo médio de US$
re-se consciência de que o trmômio trans 2.734/terminal. De 1985 a 1988 instala
porte, energia e comunicações configura a ram-se 1.577.000 terminais, investin
infra-estrutura básica, pilar das socieda do-se US$ 5,935 bilhões, ao preço médio
des modernas. de US$ 3.548/terminal.
Em 1972, organizou-se a Telebrás, Os anos 80 presenciaram dramática
"holding’' do grupo, competente para pla evolução da microeletrõnica e da optoele-
nejar, coordenar e orientar os serviços pú trõmca facultando, nos países desenvolvi
blicos de telecomunicações: a cargo da dos, intensa digitalização dos meios de
Embratel, em âmbito interestadual e inter Ministro das Comunicações (1979/1 985) Ha telecomunicações e extensa utilização dos
nacional, e das empresas-pólo, à nível es roldo Corrêa de Mattos, atualmente é vice-presi- microcomputadores, propiciando a com-
tadual. dente da Sesa-Rio. patibilização das tecnologias de telecomu
20 Telebrás t, Jorufev.^