Page 16 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1989
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João Carlos P. da Fonseca1*1
Especialistas debatem Microeletrônicn(E-D): Luiz Eduardo Uocha-CPql), José Iiipper b.
Elebra, Eugênio da Rocha-Itaucom, Flóvia Goldcnbcrg-SID.
Existe toda uma mística — nica como “arena sangrenta de concor pode ser examinado sob várias óticas
(vide Tabela). Em linhas gerais, a ten
alimentada, ou pelo menos náo rência feroz”, a ponto do Governo dos dência m undial é para o aumento da
Estados Unidos já ter acusado, no pas
combatida, pelos que detêm o co sado, o Japão de praticar dumping de participação dos circuitos integrados di
mando mundial da tecnologia do preços pressionando o Governo nipônico gitais (que encontram grande emprego
hardware — que o item funda a vender memórias nos Estados Unidos em informática e telecomunicações), em
mental da indústria da informa por preços nunca inferiores aos da in detrimento dos de tipo linear e de com
ponentes discretos que estão em de
ção é o software. Com isto, o chip dústria local. clínio.
— Trata-se de um mercado extrema
(o componente físico) passa a ser mente competitivo e promissor e, assim, Em termos de tecnologia vem decres
considerado, na imaginação po a maioria aos países e corporações sub cendo a tecnologia bipolar (vide Rev.
pular, como aquele item peque sidiam a competição internacional, de Telebrasil M/A 83 pág. 61) e firmando-
nino, maravilhoso, cada vez uma ou outra forma — observa Eugênio se a MOS (Metal Oxide) que deriva seu
nome dos elementos que são emprega
Neves Rocha, da Itaucom — alguns até
mais barato, mais eficiente (e vendendo abaixo do custo e verticali- dos para formar o efeito transistor. 0
mais misterioso) que, se neces zando a produção, visando m anter sua Brasil, com certa defasagem, acompa
sário for, poderá ser até adquiri participação no mercado. Disse ainda o nha a tendência mundial.
Mas quem pensar que a microeletrô
do do contrabandista favorito da técnico que a microeletrônica é m un nica se restringe apenas a este tipo de
dialmente reconhecida como recurso es
esquina. tratégico e, assim, é tratada como tal, o classificação estará enganado. Como ex
que já não acontece em nosso País. plica Roberto Spolidoro, da SEI, o campo
Nem todos, porém, pensam que o O mercado mundial de semicondu da microeletrônica é vasto e inclui, além
chip é m atéria de somenos importância. tores movimentou cerca de 25 bilhões de de circuitos de alto nível de integração e
Fernando Vieira de Souza, diretor de dólares, em 1985, e deverá alcançar 55 para uso não especificado (como micro
pesquisa e desenvolvimento da Tele- bilhões em 1990, registra a Dataquest, processadores), outros tipos tais como:
brás, é um dos que alerta, por exemplo, uma empresa especializada neste tipo dispositivos discretos (longe de signifi
que “sem circuitos integrados (CIs), fei de projeções. O investimento mundial car que estes são itens capazes de guar
tos aqui, a indústria brasileira de equi em microeletrônica só tem crescido: em dar segredos a expressão se aplica a
pamentos de eletrônica terá muito pou 86 representava 6,8 bilhões de dólares e componentes isolados, como diodos e
ca chance de sobreviver, pois seus pro em 88 já ascendia a 9,7 bilhões. O Japão, transistores); CIs (circuitos integrados
dutos ficarão cada vez mais caros e de hoje, lidera os investimentos com 44% que reúnem várias funções elétricas
penderão cada vez mais de tecnologia do total, seguido pelos Estados Unidos num mesmo chip); circuitos híbridos
estrangeira”. (39%) e Europa (11%), ficando o res (interligação de distintos componentes
O jogo mundial da microeletrônica se tante do mundo com 6% (nestes incluí num mesmo dispositivo empregando
processa nos planos estratégico e merca dos os 1,5% do Brasil). tecnologias de filme fino e filme espes
dológico. Roberto M ilward Spolidoro, so); fotodiodos (transformam luz em si
secretário adjunto da SEI, descreve o Tecnologia nal eletrônico), led (diodos eletrolumi-
ambiente internacional de microeletrô- (*) niscentes), lcd (mostradores a cristal lí
• Das características previstas para quido), laser (emitem luz coerente) de
um chip, até sua obtenção final, muitas estado sólido, além de fibras e demais
(*) Com base no Seminário de Microeletrônica, pro operações entram em jogo e que depen componentes eletro-ópticos.
movido pelo Conselho Empresarial de Informática dem também do tipo de tecnologia em A indústria de microeletrônica, se
da ACRJ; patrocínio da Standard Eletrônica; apoio
da Embratel; organização da Argos. pregada. O mercado da microeletrônica comparada com outros segmentos ma-