Page 46 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1988
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Automação comercial
A automação comercial está come utilizá-las. Hoje ocorre o mesmo com a falta de planejam ento de compras. O
çando a equipar as grandes lojas dos paí automação comercial. Não adianta in certo seria comprar para vender e não
ses desenvolvidos. Atualmente já exis troduzir terminais de ponto de venda vender para comprar”.
tem cerca de 40 mil casas comerciais au (PDV) se a loja não tem os meios neces — Supermercados e lojas de modas
tomatizadas, no mundo. A tecnologia sários de informação. Não tem sentido são os departam entos comerciais que
scanner para leitura óptica do código de automatizar apenas para fazer folha de mais necessitam de automação, porque
barras pregado nas mercadorias é a pagamento, contabilidade, etc., quando estão sempre renovando seus estoques
nova tendência em substituição à ca os custos são menores se realizados por — adiantou o executivo. E acrescentou:
neta óptica. Seguindo exemplos de paí terceiros. O Cardex ainda é o mais bara "Este País não vai aumentar suas ven
ses como o Japão e os Estados Unidos, to meio para controle de mercadorias”, das tão cedo! Eu acredito que vai cair
que se utilizam em larga escala de lei enfatizou o palestrante. mais em 1989”.
toras ópticas em seus processos de auto — O varejo no Brasil ainda é uma ati Segundo Galvão, o setor de super
mação comercial e industrial, o Brasil vidade tipicamente familiar e qualquer mercados encontra algumas dificulda
também começa a incorporar esta tec mudança mais radical não é bem rece des para aderir à automação. Em pri
nologia ás suas ferramentas de gestão. bida pelo comerciante — acrescentou meiro lugar, a falta de equipamento
Por ocasião de sua palestra no XXI Galvão. Segundo ele, o mesmo ocorreu adequado para entrada automática de
Congresso Nacional de Informática, na uando da introdução das vendas a cré- dados, im prescindível em virtude do
sala G. 1, do Riocentro, o administrador ito e dos talões de cheques. "A automa volume de mercadorias manuseadas. O
Antonio Galvão Cardoso de Vascon ção comercial no Brasil está trilhando dispositivo ideal, o scanner a laser, está
celos, ex-presidente da Associação Bra- por um caminho um pouco diferente do sendo prometido pela Itautec e a cadeia
sile ira de A utom ação C om ercial ocorrido em outros países. A Mesbla, em gaúcha de Supermercados Real será a
(ABAC), mostrou como a tecnologia da 1974, foi a primeira loja a implantar au primeira a implantá-lo.
informática vem utilizando a leitura óp tomação comercial calcada em mini O palestrante citou o Carrefour como
tica, bem como a adoção do código de computadores. O sistem a mais mo exemplo de sucesso: "Eles compram a
barras nos produtos de consumo e suas derno, no momento, de term inais de mercadoria ao atacadista ou produtor
variadas utilizações nos segmentos co ponto de venda é o da Makro, que são co para pagamento em 30/60 dias. Durante
merciais, industriais e de serviços. Ele nectados on-line (diretamente) a um esse período vão vendendo os produtos e
também explicou as vantagens, desvan aplicando no overnight. Aí sim, ganha
tagens e custos que envolvem equipa dinheiro”.
mentos e programas, e os principais cui Falando sobre a automação comer
dados de sua adoção e metodologia. cial em países desenvolvidos, Galvão
lembrou que na Alemanha Ocidental,
Aplicações por exemplo, um cliente leva 40 segun
dos para entregar a mercadoria no caixa
Através de transparências e slides, e efetu ar o pagam ento. No Japão já
Galvão exibiu os diversos tipos de códi existe um scanner que lê o código de bar
gos e suas m últiplas aplicações nas ras a um metro de distância.
áreas de produção, de pessoal e as van O B rasil é filiado à EAN, desde
tagens para captura de dados para o março de 1985, e utiliza o padrão inter
controle de estoque, visando a otimiza nacional determ inado pela entidade,
ção e a i ntegraçáo com os sistemas de ar que tem sede nos EUA. Para Antonio
mazenagem. A tecnologia do raio laser Galvão, que também é presidente da
na impressão e leitura do código de bar Automacom Assessoria de Sistemas e
ras também foi abordada. No Brasil, Representações Ltda., um passo impor
A caneta leitora do código de barras reconhe
partindo de uma rotina administrativa ce e lè o código, além de conectá-lo para o mi tante para adoção do sistema PDV foi a
de controle de tempo real, alguns gran crocomputador. entrega das normas técnicas elaboradas
des magazines, lojas de departamentos, pela Associação Brasileira de Normas
supermercados e indústrias já estão Técnicas (ABNT) — que irão regular o
utilizando essas leitoras ópticas para mainíramc. Mas uma simples caixa re uso do código de barras no País — à
agilizar o controlo de estoques e vendas, gistradora pode ser um instrumento de ABAC. Ele afirmou que o sistema de
além de reduzir os custos ooeracionais e venda e controle excepcional. Um micro verá ser adotado não apenas pelos gran
dar maior eficiência à produção. PC também pode ser um im portante des magazines e supermercados, mas
O palestrante disse que, em geral, o PDV”, explicou Galvão, revelando em também pelas pequenas e médias em
comércio varejista brasileiro ainda não seguida que, nos Estados Unidos, exis presas, "pois seu custo não é elevado”.
está preparado para receber as novas tem supermercados que controlam mer — Existem ainda dois fatos que po
tecnologias, fato que já ocorrera no final cadorias e estoques utilizando caixas re dem ser considerados animadores: a de
do século passado (década de 80) quando gistradoras automáticas, que ainda não cisão da Labo e da Digirede, além da
da introdução das caixas registradoras, são PDV. Itautec, de passarem a atuar nesse seg
e que isso se deve à falta de culturação mento, e o fechamento de alguns contra
do mercado. Para Antonio Galvão, a ex Superm ercados tos com lojas de departamentos, como
pansão da automação comercial em nos prova o impulso que Casas Pernambu
so País não virá a curto e médio prazos, Antonio Galvão acha que as grandes canas, M appin, C&A e Grupo Susa
exceto para as grandes lojas. redes de supermercados no Brasil neces (Sears e Sandiz) deram em seus projetos
O orador lembrou a evolução das má sitam implantar a automação comer de automação. Porém, dificilmente mui
quinas registradoras e a resistência, a cial, "porque elas não controlam corre tas lojas brasileiras abandonarão o pro
partir de 1884, dos varejistas àquele tamente os estoques, com a reposição cesso convencional para adotarem o
avanço tecnológico. "De fato, muitos co certa de cada produto, e por isso deixam scanner, que é, sem dúvida, a medida
merciantes não souberam, de início, de obter maiores lucros. Existe ainda ideal — concluiu o palestrante. (JP) *