Page 39 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1988
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que arvora mais de 300 bilhões de dóla scale integration), o Núcleo de Compu A microeletrônica pressupõe a pro
res de PNB — afirma Morato, que cri tação Eletrônica da UFRJ, a PUC/RJ duçáo de insumos, no caso do silício
tica "a falta de definição na política vi (optoeletrônica integrada), a UFRGS purificado. Neste sentido, a Quartzotéc-
gente, visto que, tecnicamente, jü se de (ferramental para projetos e teste), a nica vai receber 2 milhões de dólares
finiu o nicho no qual o Brasil quer capa UFMG e a UFSC. Importante contribui para tecnologia de benefiejamento do
citação tecnplógica industrial em micro- ção tecnológica ainda é dada pela Tele- quartzo; a Heliodinámica, 600 mil dóla
eletrónica. E caso de apelarmos até para brás (CPqD), Eletrobrás (Ccpel), MCT res, para obtenção de silício, em grau de
a Presidência da República”. (CTI), além dos Institutos Militar de pureza eletrônica; e um grupo de seis
Ponto de vista similar é defendido Engenharia (IME) e Tecnológico da Ae universidades (UFMG, UFRGS, Uni-
por Wanda Scartezinni, da Sid, para ronáutica (1TA). camp, USP, PUC e S. Carlos) 1,5 mi
lhões de dólares para desenvolver técni
quem "o Brasil está na última oportuni No tocante a recursos, o Governo Fe cas de crescimento epitaxial e novos ma
dade de se capacitar em microeletrô- deral vem financiando há cerca de duas teriais como Arseneto de Gálio (AsGA).
nica, se não quiser Dcrder o bonde da décadas o esforço de microeletrônica, Quanto aos recursos humanos, "6
história, até a virada do século”. Se através de órgãos como Fincp, BNDES, fundamental acelerar a formação de
gundo a técnica, o caminho da canacita- CNPq e Fipec e de iniciativas como o ente especializada”, opina Pinto Gue-
çáo tecnológica não deve ser abando PBMicro (Programa Básico de Microe- S
es (ex-Embratel), agora na Finep.para
nado, mas leva tempo, e requer a forma letrònica) e do FNDCT (Fundo Nacional quem "o Brasil, com pouco mais de 50
ção dos recursos humanos necessários. de Desenvolvimento Científico e Tec mil pesquisadores, dos quais somente
Entretanto, é preciso que o País, até nológico). Muito dinheiro já foi e terá 200 em microeletrônica, está longe da
1991, produza seus próprios chips que ser gasto. O PBMicro prevê um total massa de 1,2 milhões de pesquisadores
mesmo com tecnologia de fora, senão a de 13 milhões de OTNs, para o biênio 88/ que ostentam os EUA”. O PBMicro des
idéia de termos uma indústria de equi 89, com recursos provenientes do AD- tina recursos para 360 bolsas de mestra
pamentos eletrônicos terá que ser aban TEN e do FNDCT. Deste total, 4 mi do e doutorado (60 no exterior) só na
donada, visto que o chip será, em grande lhões de OTNs estão reservados para área de microeletrônica — o que é visto
parte, o próprio equipamento. universidades e centros de pesquisas, e
os 9 milhões restante para empresas na pelos especialistas como bom, mas
Brasil cionais. ainda muito pouco.
Do lado industrial, destaca-se re
O mercado mundial de microeletró- cente projeto da Avibrás, que recebeu o Capacitação
nica ascende a 25 bilhões de dólares, apoio de 26 milhões de dólares da Finep, O denominado ciclo completo do silí
70tt dos quais são para circuitos digitais dos quais 9 milhões já foram liberados. cio compreende seis etapas (vide box). O
integrados (CDls). No mundo interna Uma iniciativa de inspiração militar, Brasil já domina todas as etapas, restri
cional do chip existem três grandes gru destina-se o projeto da Avibrás a fabri tas algumas, por ora, aos laboratórios
pos: EUA e Japão, que dominam a alta car, em escala industrial, chips de alto universitários, que já produziram cen
tecnologia da fabricação de integrados; desempenho, do tipo especial, neces tenas de tipos de chips. O LME/USP
os europeus que atuam em conjunto na sários aos sistemas de defesa da Aero
mostrou, no Info’88, efetuado no Rio de
área de chips dedicados e mantém capa náutica, Exército e Marinha. Deverá Janeiro, memória experimental ROM
citação estratégica do restante, em suas ser uma produçáo de alto conteúdo tec de 2 kbit/s, em tecnologia C2L. No
universidades; e os quatro dragões do nológico, baixo volume de produçáo, mesmo evento, o LSI/USP apresentou
Oriente (Coréia, 1 long Kong, Singapura alto interesse estratégico e retorno fi
e Taiwan) que detém a produção, cm nanceiro a médio e longo prazos, prog processo em tecnologia CMOS, com 2
larga escala, dos componentes de uso nosticou um especialista, afirmando |im, de porta. A UFRGS já produz mi
universal. que com isto o Brasil nada mais faz do croprocessadores de 1 bit que encontra
No Brasil, os esforços para microelc- que fazem os outros países com seus pro uso em aplicações industriais, como
trônica se distribuem pelas áreas de jetos militares c espaciais. para o controle de elevadores. I
P&D, na de investimentos financeiros e
na formação de recursos humanos.
Na área acadêmica de P&D vicejam
na USP o LSI (Laboratório de Sistemas
Integrados), o LME (Laboratório de Mi
croeletrônica) e o LSD (Laboratório de
Sistemas Digitais), todos interessados
em algum aspecto de microeletrônica. O
LSI se concentra no desenvolvimento de
um minissuper computador (MS-8701),
de alto desempenho, utilizando até 64
processadores de 32 bits para alcançar
25 Mflops (milhões de operações lógicas
por segundo). Além disto, desenvolve
ferramental lógico para projetos de
chips. O LME, organizado em 68, tem
em sua equipe 21 doutores, 46 mestres e
38 pesquisadores que estão voltados
para a fabricação de máscaras e para o
domínio técnico do ciclo completo de
produção do silício. Seu esforço de pes
quisa ainda seextende para dispositivos
de Arseneto de Gálio, epitaxia, células
solares, circuitos híbridos e de ondas de
superfície, técnicas bipolares e MOS.
Na Universidade de Campinas (Uni-
camp), o LED (Laboratório de Eletrô
nica e Dispositivos) se dedica à tecnolo
gia básica para produção de chips in
cluindo fornos de alta precisão, proces
sos para deposição de elementos e para
implantação iônica. Esnccializaram-se O CPqD da Telebrás já produziu várias dezenas de circuitos integrados dedicados para serem
na área de projetos VLSI (very large utilizados em equipamentos de telecomunicações.
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