Page 15 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1987
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Ao ser levantado o problema de que a
indústria privada, caso tivesse permissão
de explorar os serviços de telecomunica
ções. iria só querer o "filé mignon”, Ethe-
valdo Siqueira não viu mal nenhum nis B U - B U
so e disse que a função do Estado, susten
tado pelos impostos, é arcar mesmo com o
"0550 ‘ e que se o monopólio estatal quiser
ser eficiente para sobreviver deve compe
tir. e acrescentou:
— 0 Estado é atualmente fixador de Debatedores
J.P. Coimbra (A bae)
tarifas e explorador de serviços. P o r
e Delson Sifïert
tanto, o maior inimigo da empresa esta»
(A binee) no
tal é o próprio Estado. Não se deve temer
debate sobre
oque rirá depois (privatização) mas sim o
telecom unicações.
que está acontecendo hoje. Quem poderá
bloquear o desenvolvimento da informá
tica, no Brasil, serão as telecom unica — As primeiras tarifas de repetição de
ções, a persistir o que aí está. TV, nos idos dos anos 70, tiveram como fi
nalidade incentivar o estabelecimento de
O modelo redes de televisão através das redes pú
blicas e não pela construção de redes pró
Na ocasião, o Secretário Geral do Mi- prias. Ainda recentemente a retransmis
nicom explicou o que entendia por priva são de sinais de televisão foi reajustada
tização, que segundo ele deverá ocorrer em 90%, ao passo que as tarifas dos de
da periferia para o centro, encontrando- mais serviços foram reajustadas em 75%
se uma forma justa para que a empresa — justificou o Secretário G eral do M i-
privada se apoie na infra-estrutura exis nicom.
tente, pagando por este apoio. O Governo, Transmitido ao vivo para 24 localida
O olho da indústria cultural atento.
através do emprego de tarifas e de alíquo des pela T V Executiva da Embratel, sob
tas de tráfego mútuo, regularia o fluxo de patrocínio da IBM , Unitron e Am plim a-
caixa entre empresa estatal, em presa serviço básico. E bom lembrar que fazem tic, com produção técnica da S P V T e su
privada e usuário. 8 anos a Portaria 314 criou o estímulo às pervisão da Supermaketing, o programa
Ao dizer que iria desmistificar o cha redes privadas comutadas, através do Telem arketing comprovou, na prática,
vão "privatizar o lucro e estatizar o pre emprego de linhas privatizadas (LPs), a que o assunto da privatização das teleco
juízo'’, Rômulo perguntou se não exis fim de desafogar o trafégo da rede pública municações pode ser, dentre outras coi
tiriam outras alternativas. — afirmou Rômulo, que também apro sas, e para o espectador atento, um show
— Não é possível que o resto do mundo veitou a ocasião para desmistificar, se instrutivo e até, por vezes, se constituir
esteja errado e só nós estejamos certos. gundo ele, outra lenda referente ao fa- num bom entretenimento, não fosse o as
Não defendo a privatização de qualquer vorecimento de tarifas baixas para o se sunto tão sério e vital para o futuro do
serviço. Não pretendemos abrir mão do tor de televisão: País. (JCF).
A t é q u e p o n t o v a i a a u t o n o m i a d o P a í s ?
ram, na prática, reservas de mercado
D para a indústria estrangeira nos setores os países do 3.° mundo, têm que se valer
— Quem não tem tecnologia, tal como
urante o Informática 87, realizado
em São Paulo, diversas conferências
foram dedicadas a temas políticos. A se automobilístico, farmacêutico e muitos de recursos políticos, a exem plo da re
guir, um resumo do debate público sobre outros. serva de mercado, cujo perigo maior ocor
a capacitação tecnológica do País e sobre O País não pode ser auto-suficiente re, porém, quando ele termina. Nesta si
o setor de serviços, que reuniu elenco de em todas as áreas, reconheceu Millet, e tuação, a indústria protegida até então
palestrantes de diversas tendências e por isto deve criar e preservar nichos pela reserva precisa partir para competir
pontos de vista. m ercadológicos como os de automação internacionalmente, o verdadeiro teste
bancária, instrumentação e software. A para qualquer indústria. *
Reserva propósito, disse ele que mais de uma de
zena de empresas brasileiras já pediram
Evandro Millet, da Finep, disse que o ajuda ao Finep para desenvolver soft
fato de uma caneta óptica, fabricada em ware, visando a exportação principal
Manaus por 700 dólares, custar 200 dóla mente para os Estados Unidos. Sobre a
res no exterior, acaba de vez com a falácia tão combatida reserva de mercado de in
de que no Brasil as multinacionais po formática, recordou o palestrante que já
dem fazer produtos mais baratos, citando em 1936, o Japão tinha reserva de auto
que uma CPU que no exterior custa 330 móveis e que os carros japoneses, em 76,
mil, se produzida aqui pelo mesmo fabri- foram barrados de entrar nos Estados
cantechega a custar 750 mil dólares. Por Unidos, numa demonstração de que todo
outro lado, o produto aqui fabricado pelas país defende sua própria indústria.
firmas ern joint-ventures nem sempre é Com um discurso bastante diverso, o
atualizado tecnologicamente. "A grande ex-secretário da SEI, Edson Dytz, vendeu
totalidade do mercado de ônibus urbanos a filosofia de que é o custo o melhor índice
emprega um motor de 20 anos atrás” , para medir a tecnologia e o valor de um
lembrou o técnico, dizendo que se cria- produto para a sociedade. Dytz: de discurso novo.
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