Page 41 - Telebrasil - Julho/Agosto 1987

mento e em estoque — disse Lacerda. com multinacionais na área de central

Para ele tudo vai depender da veloci­ pública. ''Sessenta e quatro term inais

dade com que o Sistema Telebrás cum­ ainda são poucos para se levantar o pro­

prir seu orçamento, visto que até o mês blema, mas depois, com os futuros 250,

de abril tinha sido cumprido apenas acho que será um direito legítimo da Ba­

parte de 7%. É possível, segundo o dire­ tik apoiado pelas normas jurídicas e de

tor-presidente, que um total desempe­ política in d u strial do setor. Porém ,

nho do Sistema Telebrás não possa ser nada foi formalizado ainda neste sen­

alcançado, seja porque não poderá colo­ tido”.

car as encomendas a tempo, ou porque a Lacerda coloca também como neces­

indústria não está entregando o que foi sário para a pequena e média empresa

encomendado, ou porque os projetos não nacional uma política definida de enco­

ficaram prontos. Por outro lado, se o mendas no segmento de TCs e um hori­

congelamento não se estender por mais zonte maior de pelo menos uns 8 meses.

3 meses, se as empresas conseguirem re­ O mercado externo também apresenta-

solver seus problemas de capital de giro se como opção para negociações. A Batik

e se a Telebrás puder pagar em dia (sen­ já elaborou um projeto com esta finali­

tindo que as empresas estão com proble­ dade para ser iniciado em 88, embora

mas de caixa), é possível que o setor te­ pensar em futuro seja sempre uma in­

nha um desempenho razoável este ano, cógnita, principalmente quanto ás TCs

apesar de que o endividamento e os cus­ que se encontram em fase de questiona­

tos financeiros se mantiveram muito al­ mento de modelos.

tos no primeiro semestre. Ao tocar no problema institucional

Segundo Lacerda, a expansão do afirmou o executivo sua confiança de

mercado privado poderia ser uma solu­ que a sociedade brasileira será capaz de

Juntor R2. ção para as empresas do setor, se uma de definir um modelo de estatal adequado

suas antigas reivindicações fosse aten­ aos interesses da maioria da população.

dida. ou seja, que a comercialização E pergunta: "Quem garante que as tari­

ção da nova fábrica. Através dele, junto direta de centrais autônomas como ter­ fas públicas em se tratando de empresa

com o BNDES, estamos negociando con­ minal remoto fosse autorizada pela privada seriam adequadas. O problema

trato de financiamento da ordem de 5 Telebrás, possibilitando sua utilização tarifário e político que existe hoje e que

milhões de dólares. Aliás, estamos fa­ em condomínios ou empresas. afeta o desempenho do Sistema Tele­

zendo associação com o BNDES-PAR, A propósito, disse Lacerda que já ini­ brás continuaria existindo e afetaria

que será acionista da empresa, já que ciou conversações neste sentido, e consi­ também a empresa privada; isto sem

ela está se transformando numa S/A”. dera bem possível o atendimento da me- considerar a necessidade de atender às

Na opinião de Márcio Lacerda, uma

das dificuldades para quem se lança a

criar tecnologia é a questão dos recursos

financeiros. Os financiamentos oficiais

existem mas é preciso vencer as barrei­

ras das garantias, do processo de decisão

que é burocratizado, "e que é necessário

ser burocratizado”. Outra, é a questão

da mão-de-obra e pessoal qualificado,

mas segundo Márcio Lacerda são su­

peráveis: "O Brasil tem uma indústria

aeronáutica de alto nível e as bases co­

meçaram a ser implantadas há mais de

30 anos”.

Consciente de que aplicar em infra-

estrutura é garantia de futuro, a Batik

cresceu e se impulsionou exatamente

pelo fato de investir em pesquisas e

numa mão-de-obra jovem, de destaque,

universitária e técnica, contactada nas

universidades ou no mercado de traba­

lho. Os frutos já se fizeram sentir: hoje

ela ocupa posição pioneira entre as in­

dústrias privadas nacionais de teleco­ Divisão de Treinamento para clientes.

municações.

Reivindicações dida, visto que a demanda existe e os questões sociais no que a empresa pri­

produtos estão homologados. vada teria muito mais dificuldades”.

— Se 86 foi ótimo para a Batik, dando Outra reivindicação, seria a reserva

inclusive, pequeno lucro, am adure­ parcial de mercado para equipamentos Os produtos

cendo um produto e o comercializando a criados com tecnologia 100% nacional

fim de lhe assegurar 8 meses de produ­ na empresa privada, caso tenham van­ Era necessário serviços de níveis in­

ção, 87 se afigura menos promissor. De tagens sobre os equipamentos de tec­ termediários de atendimento que possi­

janeiro até agora ainda não se fechou nologia im p o rtad a e x iste n te s, na bilitassem à Telebrás oferecer teleco­

um contrato significativo. Não se tem mesma faixa. Assim, como o Trópico municações a uma faixa de renda mais

encomendas que deem segurança a um tem 50% de reserva na faixa dele, para baixa. Percebendo este espaço no mer­

quadrimestre da produção e, mesmo as­ Márcio Lacerda, a CPA da Batik de­ cado, a B atik in tro d u ziu a Elcom.

sim, temos que investir em desenvolvi- veria ter na faixa dela, pois compete Atualmente sua produção já está pro-i