Page 55 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1987

Os primeiros atuam exatamente das pelo Fortran). dido em computação, mas que ao mesmo

como seu nome indica, isto é, cada co­ Uma importante contribuição tra­ tempo permitisse a transportabilidade

mando é traduzido (interpretado) em zida pelo Fortran e pelo Basic foi a intro­ dos programas, de máquina a máquina.

linguagem de máquina, sendo, logo em dução do conceito de sub-rotinas. Estas, Muito divulgada, com um grande

seguida, executado sobre os dados. A se­ nada mais são do que programas que po­ acervo de programas escritos, a lingua­

guir, interpreta-se novo comando e as­ dem ser "chamados” por outros progra­ gem Cobol, veio para ficar, como talvez

sim por diante. mas, sempre que necessário, dando não tivessem previstos os especialistas

— É como se duas personalidades mais eficiência à programação. Em re­ do Department of Defense dos Estados

falassem através de um interprete si­ lação ao uso de sub-rotinas, o Fortran Unidos que a inventaram e que hoje lu­

multâneo — ressaltou Bianchi. tam por uma nova linguagem universal

Já no outro caso — o da compilação — mais aperfeiçoada denominada ADA.

carrega-se o compilador (que é um pro­ Se o Fortran se baseava em fórmulas

grama) na memória; carrega-se, a se­ ALGUNS SISTEMAS OPERACIONAIS numéricas, o Basic nas aplicações in­

guir, o programa fonte (escrito na lin­ terativas, o Cobol teve como objetivo es­

guagem correspondente a este compila­ CP/M — é o sistema operacional típico da linha crever programas que fossem indepen­

dor) e tem-se como resultado de sua in­ Apple, voltado para micros e para o usuário final. dentes da máquina em que seria rodado.

teração um programa objeto (que é igual DOS — voltado para desenvolvimento de siste­ Assim, antes de iniciar a programação

à fonte, porém em linguagem de máqui­ mas e particularmente aplicável em processa­ propriamente dita, um programador

na). Noutra fase, o programa objeto dores de mini para cima. Possui filosofia seme­ Cobol terá de preencher uma Divisão de

atua sobre os dados e produz os resulta­ lhante ao 360, incluindo JCL (job control lan- Identificação (o que, para que, quem do

dos desejados. guage). programa); outra de Ambiente (que tipo

A compilação, segundo ressaltou o de máquina, periféricos e arquivos);

palestrante, "é como se um tradutor Unix — desenvolvido pela AT&T é a célula mater uma Divisão de Dados (tipo, caracterís­

juramentado pegasse um docuYnento, de uma série de sucedâneos É caracterizado por ticas); e, finalmente, aí sim, uma Divi­

obtivesse sua tradução na íntegra” que ter um terne/central, característico do chip. sendo são de Procedimento (ou dar instruções
empregado, e uma linguagem própria "C".
depois seria utilizada para a finalidade ao computador para agir sobre os dados)

a que se destina. Mumps — voltado para o processamento distri­ que é programa propriamente dito.

Os compiladores são mais rápidos na buído. on-line. especialmente aplicável para a — Não há dúvida que o programa es­

execução, visto que ao se rodar os pro­ transmissão de dados, tratamento de cadeia de crito em Cobol é prolixo, mas possui

gramas, emprega-se um programa ob­ caracteres e desenvolvimento de utilitários pro- uma grande vantagem (burocrática)

jeto, que já está em linguagem de má­ prios. que lhe é inerente: ele mesmo se au-

quina. Por outro lado, o interpretador é to-documenta — observou Paulo B.

mais fácil de programar, pois se tem os França.

resultados parciais já conhecidos, passo apresenta maior flexibilidade, visto que

a passo, o que já não acontece com os re­ a correspondência de variáveis se efetua D Base II

sultados compilados. pela ordem em que os parâmetros são

Em resumo: os programas compila­ enunciados no programa principal e na Uma das grandes preocupações dos

dos são mais rápidos de executar, ao sub-rotina. No Basic, esta correspon­ que lidam com computadores — à seme­

passo que os interpretados são mais fá­ dência se dá pela denominação das vari­ lhança dos que trabalham com grande

ceis de programar. Como a programa­ áveis, que deve ser mantida a mesma volume de informações — é a organiza­

ção, em ambos os casos, se distancia dos em ambos programas. ção de arquivos. A medida que progre­

códigos binários (ou de máquina), deno­ Apesar da computação ter nascido diu a ciência da computação, procurou-

mina-se a este tipo de programação de sob a égide do cálculo científico sentiu- se evitar a duplicação do arquivamento

alto nível, mais próxima da linguagem se, desde o início, que uma de suas gran­ de informações, nascendo assim a idéia

humana. Fortran, Cobol são linguagens des aplicações seria para as aplicações de um grande arquivo integrado para

de alto nível. administrativas. Assim, nasceria, em dados — o Banco de Dados.

59, o COBOL (Common Business Orien- Uma das simplificações a seguir in­

Fortran, Basic Cobol ted Languages), uma linguagem que troduzida foi a de deixar a descrição dos

seria feita para quem não é um enten- dados por conta do próprio programa

Na época do lançamento do Fortran, gerenciador do Banco de Dados. Outra,

em 57, a maioria dos computadores foi a do emprego de comandos de progra­

eram empregados para cálculos científi­ Software mação não procedimentais, ou seja, o

cos. Assim esta linguagem — que pro­ programador deixa de se preocupar em

vém das primeiras sílabas da expressão 1 a Fase; detalhar como o resultado deverá ser ob­

inglesa Formula Translation — enfati­ Montagens tido ou que mecanismo exatamente em­

zava os cálculos matemáticos e as ex­ pregar para localizar determ inado

pressões aritméticas. Este compilador, dado. As instruções passaram a ser mais

que se deve aos trabalhos de John Bac- genéricas, do tipo Index, Sort, Locate e a

kus, da IBM, introduziu a idéia de cons­ linguagem faz o resto.

tantes e variáveis, índices e expressões, Exemplo típico das novas lingua­

que se aproxima dos símbolos matemá­ gens, em que se manuseiam Base de Da­

ticos usuais. 2 a Fase: dos, é o interpretador D Base II, espe­

Em 65, surgiria o interpretador Ba­ Execução cialmente adaptado para operar com

sic, desenvolvido por dois cientistas do microcomputadores com aplicações de

Darmouth College, com a característica caráter administritivo.

dominante de ser para uso interativo, — Naturalmente, existe toda uma

através de terminais de computador. gama de linguagens de programação,

Simples de aprender, o Basic apresenta E - Compilador para serem empregados como micro­

COM - Computador
expressões aritméticas, opera com ma­ D - Dados computadores, e escolhemos apenas

trizes, manuseia caracteres alfanu­ F - Programa Fonte falar de algumas linguagens como o As-

O - Programa Objeto
méricos e apresenta instruções de en­ M - Montador sembler, Basic, Fortran, Cobol e D Base

trada e saída de dados bastante simplifi­ R - Resúhado II, como caberia numa palestra introdu­

cadas (uma das dificuldades apresenta­ tória — conclui Pedro Briancchi. (JCF)

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