Page 17 - Telebrasil - Maio/Junho 1986
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Planin aprovado: Eletrônica
digital direcionada até 89
D epois de inúmeras manobras parla ção, em tomo da sua aprovação, vale lem como de disciplinamento da comerciali
zação interna.
brar seu caráter estratégico no momento
mentares, debates e proposições de
em que passa a ter redobrada importân
emendas, a Política Nacional de Informá • definir critérios que permitam conduzir
tica ganhou finalmente seu instrumento cia política o fortalecimento da autono o processo de automação, no sentido de
de execução: o Planin, aprovado pelo mia nacional, principal mente frente às alocar com eficácia os recursos disponí
Congresso Nacional, na noite de 3 de pressões externas. "A continuação do veis e minimizar os impactos sociais ne
abril, e sancionado pelo Presidente da processo de desenvolvimento e capacita gativos decorrentes.
República 14 dias mais tarde. Como qual ção tecnológica das empresas nacionais • estimular o desenvolvimento e a con
quer plano de ação, proposto pelo execu do setor de informática é condição indis solidação de empresas nacionais fabri
tivo, estabelece regras e metas a serem pensável para o País aumentar sua inde cantes de instrumentação digital, além
cumpridas pelo Governo e o setor dentro pendência econômica e política e, conse de promover a capacitação de empresas
do prazo de três anos, ao final dos quais o quentemente, sua autonomia na tomada nacionais para desenvolverem e fabri
Congresso deverá cobrar seu desem de decisão” — diz o texto do Planin. carem transdutores e dispositivos neces
*
penho. E nesse sentido que o Plano se esforça sários à instrumentação.
O texto do Plano Nacional de Informá para traçar objetivos, estratégias e dire • promover a implantação de empresas
tica e Automação aprovado foi apresen trizes gerais internas e externas, baliza nacionais, produtoras de equipamentos
tado, pela primeira vez, aos membros do das pelo atendimento aos princípios ex específicos para as aplicações de telemá
Conin na reunião de 15 de maio de 1985, pressos no artigo 2." da Lei de Informá tica, incentivando a padronização de pro
portanto há um ano. Serviram de base, tica. Dividido em cinco capítulos, no ter tocolos entre sistemas de tratamento de
para sua elaboração, subsídios colhidos ceiro e especificada a estratégia de ação. informação, com base no modelo OS1.
junto à assessorias de cada associação de La podem ser encontradas as seguintes Para tudo isso, porém, o quarto capí
classe com assento no Conin, como Abi- diretrizes específicas: tulo dispõe sobre a aplicação dos incentf
comp e Assespro. Em última análise, sua • direcionar os incentivos governamen vos previstos na Lei 7.232/84 mais pre
importância reside na consolidação da re tais no sentido de dominar todo o ciclo cisamente os artigos 13, 14 e 15 e seus
serva de mercado, assegurando fomento tecnológico da microeletrônica, esti respectivos parágrafos concedidos de
para pesquisa universitária e formação mulando e incentivando as atividades de acordo com parâmetros preestabelecidos
de recursos humanos, assim como a defi projeto* de circuitos integradosdedicados no Plano (ver bom exemplo na microele
nição e consolidação dos incentivos fis ou semidediçados, e a utilização de pro trônica).
cais para as empresas consideradas pelo dutos de microeletrônica fabricados no Como se vê, as metas prioritárias do
artigo 12 da Lei 7.232/84 como nacionais, País por empresas nacionais. Ministério da Ciência e da Tecnologia ga
que queiram desenvolver programas nas • incentivar o desenvolvimento e a co nharam força. Os planos setoriais vin
áreas de bens e serviços de informática e mercialização de software por empresas culados às áreas de educação, saúde e
microeletrônica. nacionais, estabelecendo mecanismos e agricultura, assim como os projetos de re
Para quem ainda não havia tomado instrumentos legais para controle de im gulamentação e comercialização do soft
conhecimento do porquê de tanta agita portação e internação de programas, bem ware, estão, de maneira direta ou indire
ta, previstos no Planin. E mais do que
nunca, foi reafirmado o fechamento ao
ingresso de capital estrangeiro no setor
de acordo com o que preconiza a Lei.
Incentivos para microeletrônica Vale lembrar, também, que se fossem
aprovadas as emendas propostas, o Pla
nin sofreria uma série de transformações
Al concessão de qualquer incentivo está 7.232 84, desde que os projetos sejam inte ecom ele o espírito inicial da Lei de Infor
condicionada ao compromisso formal assu gralmente desenvolvidos no País e que as mática. A propósito, o Planin faz questão
mido pelo beneficiário, de investir em pro empresas beneficiárias se comprometam a de registrar o alcance da Política Nacio
grama de criação, desenvolvimento ou capacitar-se no desenvolvimento de ferra nal de Informática ao dizer que: ”com a
adaptação tecnológica, parte de sua receita mentas de projeto.
de comercialização. O incentivo previsto no parágrafo 14, utilização cada vez mais ampla das técni
Os incentivos previstos nos artigos 13 e da Lei de Informática, será atribuído aos cas digitais nos diversos segmentos in
14 da Lei de Informática (ver Revista Tele- usuários de circuitos integrados dedicados dustriais e tecnológicos, esta passou a
brasil Nov/Dez-84) serão concedidos aos ou semidedicados, integralmente projeta abranger, além do processamento de da
projetos de empresas nacionais que objeti dos no País e que, pelo menos, a etapa com dos convencional, os segmentos de micro
vem a capacitação tecnológica na produção pleta de testes desses circuitos seja reali eletrônica, teleinformática, automação
de componentes eletrônicos a semicondu- zada ho Brasil. de projetos e m anufatura, controle de
tos, optoeletrónico e assemelhados, bem As demais atividades de microeletrô
como os insumos, desde que em seus proje nica, que não apresentem os compromissos processos, instrumentação, software e
tos de fabricação as empresas estejam cla citados anteriormente, poderão receber in serviços”.
ramente comprometidas com a execução centivos relativos a exportação, pesquisa e Por ora o Planin vem encaixar como
dos respectivos processamentos físico- desenvolvimento, formação de recursos hu luva nas necessidades do setor de infor
químicos. manos, bem como a aquisição de ativos fi mática. Resta saber se seus dispositivos
A atividade de projeto de circuitos inte xos fabricados no País, de acordo com as re sairão do papel ou não? De qualquer
grados dedicados e semidedicados fará jus gras estabelecidas para os demais segmen forma, sua aprovação encerra mais um
aos incentivos previstos no artigo 13 da Lei tos da informática. capítulo da controvérsia sobre a política
de informática. (CDL). nr