Page 37 - Telebrasil - Julho/Agosto 1986
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Telesc comemora
17 anos com
possível porque o Sistem a Telebrás, aliena a totalidade das ações, detendo em
operando mais de 95% dos telefones ins seu poder quantidade necessária a manter demanda reprimida
talados — praticamente um regime de mo o controle da empresa.
nopólio — teve e tem condições de promo
ver uma verdadeira distribuição de renda Tarifas justas A Telesc — Telecomunicações de Santa
no País, através da aplicação, em áreas de Catarina S.A. completou, dia 14 de ju
ficitárias, de recursos provenientes de Um aspecto importante a ressaltai' é que lho, seu décimo sétimo aniversário. Cri
áreas superavitárias. E a socialização dos tal solução vem se identificai' com a política ada em 1969, após absorver o controle
lucros. Daí o fortalecimento da corrente de exploração de serviços públicos de teleco acionário da CTC — Companhia Telefô
que defende o monopólio estatal na explo municações adotada no Brasil, caracteri nica Catarinense e fundar a Cotesc —
ração dos serviços públicos de telecomuni zada pela exploração, por sociedades de eco Companhia Telefônica do Estado de
cações. nomia mista, tais serviços. Quando o Go Santa Catarina, passou a ser uma das
Esta corrente vem sendo surpreendida verno vier a aprovar tarifas justas, que as primeiras subsidiárias da Telebrás.
com notícias de que se discute a abertura do seguram a remuneração do capital prevista No início, m uitos problem as cer
monopólio do Sistema Telebrás a favor de na Constituição, a entrada da Telebrás na caram a nova empresa de telecomunica
um grupo que está se formando para explo Bolsa de Valores mostrará ao público a ções: sistemas mal dimensionados, pou
rar telecomunicações de "massa” (sinais de validade de nossa política e a pujança do cas localidades atendidas, congestiona
TV e dados, especialmente). setor. mento, falta de terminais. Este foi o le
Grupos como este, conhecidos nos Esta Exposto o quadro geral, cabem duas en- gado que ela recebeu e que mais tarde o
dos Unidos como "specialized carriers”, sur dagações. Está o Brasil com o seu problema catarinense se orgulharia em ver ultra
giram, no início da década dos 70 naquele de telecomunicações inteiramente resol passado.
país, quando a FCC (Federal Communica vido, como os três países citados? Evidente De Santa Catarina, sem dúvida, saí
tion Commission) pressionada pela campa mente que não, pois há muito a fazer no ram iniciativas pioneiras como as do
nha desenvolvida por poderosos conglo campo da interiorizaçào e popularização. Serviço de Despertador Automático e da
merados económicos e industriais, para Esta solução trouxe benefícios para a socie Discagem Direta a Cobrar. Alem disto,
acabar com o subsídio que os serviços in dade americana? Não, pois os serviços, foi a Telesc, uma das primeiras empre
terurbano e internacional davam ao ser além de terem seus preços elevados para o sas do Sistema Telebrás a centralizar e
viço urbano (local), de profundo interesse público, se deterioraram a afirmação é automatizar seus Centros de Operações,
social, permitiu a formação de tais empre de um grupo de rotarianos dos Estados para onde convergem todas as socilita-
sas especializadas. Era o Governo cedendo Unidos, comuns dos serviços, que visitou ções de serviços, reclamações e informa
a pressões econômicas em detrimento do so uma das empresas do Sistema Telebrás. ções a respeito de números de telefones.
cial. Se o nosso País não está suficientemente A empresa também lançaria o Plano de
Um outro movimento, nos Estados Uni amadurecido para promover tão grande re Telefonia Rural, que trouxe — com pio-
dos, no início dos anos 80, que resultou no volução em suas telecomunicações; se, com neirismo nacional — o telefone para as
desmembramento da ATT (American ela, é de se prever que os serviços não me pequenas vilas e povoados da área
Telephone and Telegraph), enfraqueceu lhorariam; se o custo dos serviços de maior rural.
mais ainda as empresas concessionárias interesse social tenderia a subir; se a explo Hoje, outro quadro traduz a reali
(Common Carriers) ração dos serviços sob a forma de monopólio dade das telecomunicações em Santa
Estas duas profundas mudanças na polí permite justa distribuição de renda no se C atarina, influenciado também pela
tica de exploração dos serviços públicos de tor; se a atual política brasileira de explora política governamental que visa sanear
telecomunicações nos Estados Unidos são o ção dos serviços obteve resultados excepcio as estatais, nivelando empresas eficien
resultado da crescente influência que o se nais reconhecidos intemacionalmente, por tes, como as operadoras de telecomuni
tor de informática passou a exercer sobre o que mudar? Por que não seguir o programa cações, com outras, que pela má admi
poder público naquele país e em todos onde da Aliança Democrática? nistração são objeto de críticas do pró
ela, a informática, tomou-se poder. A "cas No entanto, se, apesar de todas as razões prio Governo Federal.
sação” da política industrial do setor de aqui expostas, for intenção do Governo mu A Telesc, como empresa responsável
telecomunicações do País é um exemplo. dar a política, permitindo a exploração pela pelas telecomunicações públicas do Es
Tem-se consciência da grande revolução iniciativa privada de alguns dos serviços tado de Santa Catarina, verifica sinais
que a simbiose das telecomunicações e da que são de competência da União explorar, que podem indicar problemas: o grau de
informática, gerando a teleinformática ou através do Sistema Telebrás, que o faça. Ao ocupação das centrais telefônicas chega
telemática, está destinada a promover na fazê-lo, no entanto, tudo aconselha que aos 98% e a demanda reprimida está na
Humanidade. No entanto, considera-se mantenha o monopólio, ou seja, dando con casa dos 43%-, representando um déficit
inadmissível a quebra da autonomia que o cessão a um único grupo e obrigando seu de 120 mil terminais telefônicos. Caso
setor de telecomunicações tão brilhante detentor a atuar social e economicamente, não fossem as contratações efetuadas
mente conquistou. fazendo com que explore todos os serviços, mais recentemente pela empresa, não
A Inglaterra, com a privatização da Bri- em toda as regiões do País, de modo a poder se teria um m ínim o de term in ais à
tish Telecommunication e o surgimento transferir, para as áreas subdesenvolvidas, venda.
das "Specialized Carriers” fortaleceu a posi recursos obtidos em serviços e regiões eco Preocupa o fato de que, vistas as cir
ção americana. O Japão caminhou na nomicamente melhor dotadas. cunstâncias, poderá a Telesc ser forçada
mesma direção, privatizando a NTT (Nip- Qualquer outra solução ressuscitará a a reprogram ar o cronograma de seus
pon Telephone and Telegraph). O objetivo situação com a qual convivíamos até o iní projetos, resultando em sérios prejuízos
foi o de concorrer com a ATT na sua aber cio dos anos 70, quandoo antigo DCT explo ao presente e as futuro usuário. Resta
tura para o campo internacional, onde pas rava telegrafia no interior do País e as em indagar se as empresas de telecomuni
sou a atuar agressivamente na prestação presas concessionárias o faziam nas capi cações continuarão sendo m edidas,
de serviços de assistência técnica a venda tais ao longo da costa brasileira e outras neste contexto, pelo desempenho geral
de equipamentos para países do terceiro poucas grandes cidades. O serviço telegrá das estatais — indiscriminadamente. Tff
mundo. Neste dois países, no entanto, e em fico no interior era folclórico. Caminhar
outros que estudam tal transformação, nesta direção seria um imperdoável retro Rubens Geraldo Dal Grande
como a Itália, por exemplo, o Estado não cesso. T (Comunicação Social da Telesc)