Page 22 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1986
P. 22
ves Tavares, do Inpe, revelou, por exem ópticas; 7% em comunicações por satéli
plo, que técnicos brasileiros que traba tes; 12% nas demais áreas. Mas será que
A ODISSÉIA DO lharam no projeto AMX se deslocaram para o futuro isto será adequado? — in
DESENVOLVIMENTO para o exterior, simplesmente à procura dagam os técnicos.
de melhores oportunidades salariais. Para responder a essa e outras ques
Uma das possíveis soluções, no caso tões, o grupo procurou abordar primeiro
do CPqD, foi mencionada por Hélio Ma o futuro do País de uma maneira multi-
chado Graciosa, indicando a possibili disciplinar (empregando o método dos
Citara-se dentre as principais uni dade da criação pela Telebrás da carrei cenários), para avaliar o papel das TCs
versidades, que cooperam com o CPqD, ra específica de pesquisador — à seme nos diferentes contextos a que poderão
a Unicamp (trópico, rede digital, enlace lhança do que existe em outros países — chegar nossa sociedade.
de assinante, fibras ópticas, multiplex, com regras de acesso e de reclassificação Em primeiro lugar, fizeram-se hipó
rádio digitais, laser e linguagem Chili); da classe. teses genéricas sobre o que esperar do
USP/São Carlos (estação baixo custo Já na área do relacionamento Tele- país no ano 2000 (vide "O Brasil do Ano
para satélite, circuitos híbridos, prote brás/CPqD -U niversidade e consi 2001”), que combinadas com entrevis
ção elétrica, distribuidor geral, resi derando sua importância, os Ministros tas do setor empresarial e especialistas
n as); PU C /R J (an ten a o ffset p/ de Estado da Educação e das Comunica (método Delphi) conduziram a 3 ce
microondas, simulação de enlace via sa ções assinaram a Portaria Interminis- nários distintos para o futuro. Estes
télite, laser, enlaces radioelétricos); terial 937 (25.09.85) que trata da estrei foram denominados de Ecodesenvolvi-
UFMG (proteção elétrica, distribuidor ta colaboração entre as entidades. Den mento (com ênfase no social); Cresci
geral, circuito integrados); FEA, Luiz tre outras providências caberá às uni mento Econômico (com.ênfase no econô
de Queiroz (condutibilidade de solos). versidades fornecer cursos de recicla mico); e Modernização (com ênfase no
Do lado industrial, o Centro de P&D gem ao pessoal técnico e ao Sistema sócio-econômico).
da Telebrás opera, dentre muitas ou Telebrás prover os estágios técnicos ne No l.° cenário — o do Ecodesenvolvi-
tras, com a Elebra (comunicação digital, cessários mento — haverá no Brasil 2001 priori
central eletrônica de texto); Icatel (rede dade na auto-suficiência do País, no
de pacotes, software para Cetex, anali Pesquisar para o futuro atendimento das necessidades básicas
sador de dados); ABC (fibras ópticas); da população, favorecendo-se as classes
Splice (rede); PHT (comutação digital). Olhar o futuro é uma forte tentação, mais pobres, a pequena e média empre
O âmbito das pesquisas e oportuni sem dúvida. No mínimo ajuda a pensar. sas e o setor rural. Quanto as TCs ha
dades oferecido pelo CPqD às universi Flávio Barbieri, Roberto Gadelha e Luiz verá ênfase no social e serão investidos
dades à indústria é grande e variam Del Fiorentino, que são do grupo de Es 44 bilhões de dólares (0,47% do PIB),
desde o estudo de especificações para tudos Prospectivos do CPqD e fazem para atender à telefonia que represen
ambientes de software até o problema exatamente isto —, procuram desven tará 94% do total, com 19 tel/100 hab.,
do esmaltamento eletroforético (migra dar o que serão as TCs brasileiras no 33 bilhões de aparelhos, e redução pro
ção de colóides sob ação de um campo ano 2001. gramada do padrão de serviço.
elétrico) para filmes espessos. Segundo disseram os futurólogos, o Já no cenário do Crescimento Econô
desafio básico do CPqD é o de consolidar mico, os recursos serão aplicados com
Recursos Humanos uma tecnologia nacional, e isto expli prioridade no sistema produtivo e pa
caria porque 87% de seus recursos são drões internacionais serão imitados. A
Entre os problemas levantados no gastos em desenvolvimento e 13% (ape ênfase será no setor industrial, nas em
Seminário, um dos mais sérios, sem dú nas) em pesquisa. O desenvolvimento presas e nas classes de média e alta
vida, é o do esvaziamento salarial do por sua vez se reparte 35% em comuta renda. O investimento em TCs será
pesquisador universitário e do pesqui ção eletrônica; 23% em comunicação de para dinamizar o setor de negócios, acei
sador brasileiro, em geral. Santiago Al dados e textos; 13% em comunicações tando-se importação para se manter o
setor na vanguarda tecnológica. Com 45
bilhões de dólares, 80% serão aplicados
em telefonia, que representarão 17,4
milhões de dólares, com 10 telefones por
100 habitantes.
Finalmente, no cenário (moderado)
da Modernização haverá nacionalização
da produção e consumo, ênfase na edu
cação e nos setores terciários, com prio
ridade dada às classes médias, pequena
e média empresas. As telecomunicações
servirão de vetor para integrar e moder
nizar a sociedade disseminando conhe
cimentos. Em conseqüência, as mesmas
ganharão 35,3 milhões de dólares ou
0,84% do PIB para investir. O País terá
20 telefones por 100 hab. e 25% do inves
timento será na área não telefônica,
vale dizer para comunicação de dados.
As oportunidades
Com base numa sociedade possível
(cenários), nos serviços que irá requerer
e nas atuais tecnologias de ponta, é que,
segundo os pesquisadores, surgem as
Encerramento do Seminário CPqD/Universidnde; ao microfone José Pinotti, reitor da oportunidades de P&D em eletrônica,
Unicamp, tendo a seu lado (E) Carlos de Paiva Lopes, diretor da Telebrás e do CPqD. telecomunicações e telemática.