Page 22 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1985

in d ú s t r ia
C o m e n c o m e n d a
S e s a n ã o f e c h a r á
Foi assinado, na sede da Teleij, con­
trato para o fornecimento pela Standard
Eletrônica de centrais telefônicas para
em presas do Sistema Telebrás, com a
presença do M inistro das Com unica­
ções, Antonio Carlos Magalhães, e do
Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro,
Dom Eugênio Salles, que intermediou
as negociações visando salvar uma in­
dústria responsável por quase dois mil
trabalhadores.
Esta foi a segunda fase do Plano de
Salvamento da Sesa, liberando mais de
Cr$ 60 bilhões para a entrega, até o fi­
nal do ano, de 103 centrais do tipo "pen-
taconta” . Em abril passado, a Telebrás
já havia liberado Cr$ 45 bilhões para a
fabricação de 67 outras centrais, finan­
ciando diretam ente insumos e paga­
mento do pessoal.
História
A S ta n d a rd E le c tr ic a -S e s a
durante muitos anos o braço industrial
da ITT no Brasil onde reinou, junto com
Ericsson, Siemens e NEC como fornece­
dora de equipamentos de comutação ele-
tromecânica e outros. Em determinado
momento, com a chegada da CPA (espa­
cial) abriu-se concorrência internacio­
nal para essa tecnologia tendo sido eli­
minadas, no julgam ento, as empresas
Equitel (Siemens), GTE e Philips e clas­
sificad as, por ordem de interesse, a
Ericsson Sesa e NEC, com seu respecti­
vos partners nacionais e internacionais.
Como as negociações com a Ericsson
não tiveram curso — pela impossibili­
dade do sócio brasileiro ser uma empre­
sa de seguros (Atlântica Boa Vista) —
elegeu-se a segunda colocada Sesa, as­
sociada ao Grupo Bergamo. Pouco de­
pois ganharia a Ericsson recurso admi­
nistrativo, baseado numa falha proces­
sual da licitação e, numa decisão salo-
m ôn ica , am bas em presas — Sesa e
E ricsson — foram declaradas vence­
doras, tendo o CPqD que selecionar uma
para sua sócia no empreendimento da
C PA d igita l (tem poral). M ais tarde
seria perm itido à NEC, associada ao
grupo Docas (C om panhia Eletrônica
Nacional-CEN), participar como 3.a for­
necedora do mercado de CPA espaciais.
Paralelamente, o Brasilinvest (BIT-
P R O D U T O S D O FUTURO
Para os que pensam que o mercado está
d o M i n i c o m parado, a lista de equipamentos aprovados
pela SEI mostra que quem comanda a eletrô­
s u a s p o r t a s nica digital comanda quase tudo, incluindo
informática, comunicação de dados, controle
industrial e automação.
Na área de periféricos contam-se os se­
guintes projetos: impressoras da DigiRede
(com Z-80A) e Alfa Digital (matricial de 80a
Brasilinvest Informática e TCs) adqui­ 180 cps); terminais vídeo da DigiRede (Z-
ria da ITT, a Sesa, pagando o valor sim­ 80A), Scopus (com Intel 8085) e ADI) (com
bólico de US$ 1.00. Fruto da transação, Zilog 80*A); unidades de disco da Brasdriver
a BIT arcava com o passivo da Sesa, mas e Eletrodigit (ambas para 5,25”).
com o direito ao mercado de CPAs. O O famoso chip da Zilog Z-80A será empre­
mercado total de comutação, à época, gado no micro da Microdigital e no controla­
era dividido aproximadamente entre dor de processos da Calcon, ao passo que o In­
tel 8088 servirá de base para os equipamen­
Ericsson (42%), Sesa (28%), Siemens tos nodos servidores da Cetus. Também da
(15%) e NEC (15%). Intel, o chip 8085 terá emprego no comando
Em nova negociação, a BIT passou a numérico da MCS e no equipamento de su­
"partner” da NEC, em substituição ao pervisão e telecomando da Microcom. Com­
grupo Docas. Como parte da transação, pletando a lista, o controle elétrico para
a BIT cedeu à NEC a participação da bomba de combustível dos Irmãos Kroli-
Sesa no mercado de CPAs, por 8 milhões kowski empregará um micro 8039; a máqui­
de dólares, dos quais recebeu 3,5 mi­ na portátil Praxis da Olivetti uma pastilha
3872 e a Carton irá montar, no País, canetas
lhões em ações da NEC do Brasil. Em para leitura de código de barras.
troca, a NEC cresceu sua participação Em telecomunicações, a Splice já pensa
para 43% do mercado de CPAs. Posteri­ no terminal teletex que deverá obedecer
ormente, a Siemens, instalada em Curi­ as normas do Minicom —, a Scopus no inter­
tiba, ingressaria no mercado associan­ face coaxial, a Moddata no modem de 4800
do-se ao Grupo Hering. bps (síncrono), a Logus no adaptador telex,e
A situação das CPAs ficou oficiali­ a Nortronic nas chaves opto-eletrónicas.
zada com a Portaria n." 215, que termi­ Reserva de mercado é isso aí.
foi nou com a CPA espacial e fez uma divi­
são taxativa das CPAs temporais (digi­
tais) entre a Ericsson (Monteiro Ara­
nha), NEC (BIT) e Equitel (Hering), re­
servando-lhes respectivamente os mer­ P o r t a r i a d o
cados de São Paulo, Rio, Brasília e Curi­
tiba. M i n i c o m a m p l i a
Alijada do mercado de CPAs, a Sesa
foi vendida, pela BIT, ao empresário u s o d a s T C s
Samson W oiler por Cr$ 1,00, visando
uma im possível recuperação econô­
mica. Com a escandalosa falência do O Ministro das Comunicações, Anto­
Brasilinvest, a NEC passou a procurar nio Carlos Magalhães, assinou a Por­
novo parceiro brasileiro e negociar a taria 225, de 29/08/85, permitindo que
transferência de 17% de suas ações, em as estações e redes do Serviço Rádio Ci­
poder da BIT. A NEC retém o direito a dadão sejam interligadas, independente
20% das vendas da Sesa, o que junta­ de qualquer autorização, à rede de ser­
mente com o passivo desta vem desesti- viços públicos de telecomunicações, por
mulando sua aquisição por terceiros. No meio de equipamentos, manuais ou au­
todo, o Rio de Janeiro saiu perdendo. tomáticos, específicos para esse fim. 0s
equipamentos, porém, devem possuir
Preocupação Certificado de Homologação ou Registro
expedido pelo Dentei e que o interessado
A situação da Sesa preocupa as au­ seja permissionário do serviço limitado
toridades do setor, não só por ser a maior e assinante do correspondente terminal
indústria.eletrônica do Rio, mas por ser do serviço público de TCs.
a fonte natural para reposição de so­ A aludida portaria tem o objetivo de
bressalentes das centrais Pentaconta estender a política adotada pelo Mini­
(eletromecânicas) que equipam, só na com de universalização e interiorizaçâo
Telerj, 70% de suas centrais. Como op­ dos serviços de telecomunicações, vi­
ções outros deveriam fabricá-los no País sando atender, especialmente, os usuá­
ou então serem im portados da Sesa rios localizados nas regiões rurais e re­
(ITT) espanhola. (JCF). motas. Em um de seus considerandos, a
portaria alega a existência de meios que
tornam possível a interconexão desses
usuários com os centros urbanos.