Page 5 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1985
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e d it o r ia l











































                                                                                                                      P O R   Q U E   G R E V E S ?





















                                                                                                                                                                                                                           Lázaro José de Brito


                                                                                                                                                                                                            (Diretor da Telerj e Diretor da Telebrasil)




































                                                          E stam os observando, no País, o reinicio                                                                                             reivindicações não tenham  caráter apenas



                                                  da  agitação  que  presen ciam os  no  com eço                                                                                                político.


                                                  dos anos 60.                                                                                                                                          Por outro  lado,  pela  lei,  os em pregados



                                                          C oncordam os  inicialm ente que  as clas­                                                                                            de serviços essenciais não podem  fazer g re­


                                                  ses  m enos  favorecidas  precisam   lutar  por                                                                                               ve.  E a  lei deve ser cum prida. A  sociedade


                                                  suas reivin dicações de m odo a sensibilizar                                                                                                  não  pode  ad m itir  que  in ocen tes  m orram



                                                  G overno e opinião pública.                                                                                                                   nos hospitais por greve de m édicos e que ci­


                                                          N inguém   desconhece  e nem   nega  a  ne­                                                                                           dades inteiras fiquem  sem água, luz e tele­



                                                  cessidade  da  reposição  salarial  dos  traba­                                                                                               fones, que são serviços básicos.


                                                  lh adores  em   geral.  H ouve  achatam entos                                                                                                        Respeite-se a  população.  Ela  é o verda­



                                                  de salários, é verdade, m as, com o brasilei­                                                                                                deiro  patrão  dos  em pregados  em  serviços



                                                  ros,  tem os  que  entender  não  ser  possível                                                                                              básicos.  N unca será dem ais observar que,


                                                  dar, de um a só vez, 30%  de reposição sala­                                                                                                 nesses serviços ligados ao G overno, existe


                                                  rial.  Tem os  que  entender  que  a  reposição                                                                                              tradicionalm ente  a  garantia  do  em prego.



                                                  só poderá ocorrer paulatinam ente.                                                                                                           E só  lem brar que num   País de m ilhões de


                                                          A fora isto, corre-se o risco do caos. Prin­                                                                                         desem pregados, têm -se nessas em presas a



                                                   c ip a lm e n te   n u m   P a ís  q u e,  e co n o m ic a ­                                                                                felicidade de poder exercer o direito de tra­


                                                   m ente, pode estar sujeito a problem as.                                                                                                    balh ar  e  ter  ga ra n tid o  todos  os  m eses,  e


                                                           N o  e n t a n t o ,  o  q u e   te m o s   v is to ,  a té                                                                         sem atraso, o salário.



                                                   agora, é radicalism o puro e sim ples, esque­                                                                                                       Q uem  hoje em dia não tem  um  parente


                                                   cendo-nos de que violên cia costum a gerar                                                                                                  desem pregado?



                                                  violência. E resta, ainda, a dúvida se todos                                                                                                         O Brasil precisa retom ar o rum o do cres­


                                                   esses m ovim entos não são "fabricados” por                                                                                                 cim ento.  Para  tanto,  precisa-se  dar tran-


                                                  grupos políticos que tenham  um  só propó­                                                                                                   qüilidade a nossos governantes, para que,



                                                  sito:  desestabilizar o G overno.                                                                                                            com   o  trabalh o  de  cada  um ,  tra n sform e­


                                                           O  qu e  se  sa b e  das  a ssem b léia s  é  que                                                                                   mos, juntos, este País num a grande potên­



                                                  80%   dos  p a rticip a n tes  são  estranhos  aos                                                                                           cia  m undial.  Só  assim   acabarão  o  desem ­


                                                  sin d ica tos.  E  são  essas  assem bléias,  m i­                                                                                          prego e a fom e.


                                                  noritárias,  que  decidem  se um a classe  in ­                                                                                                     Os prejuízos de um a greve são enorm es.



                                                  teira deve ou não parar.                                                                                                                    A ntes deste ato de força ditatorial das m i­


                                                          A  história conta que, na m obilização dos                                                                                          norias, deveríam os dialogar à exaustão.



                                                  anos 60, grande parte dos líderes eram  pa­                                                                                                         De que adianta conseguir im plem entar


                                                  gos p or organism os interessados no fecha­                                                                                                 propostas  absurdas  se  para  viabilizá-las,


                                                  m ento d o regim e,  e m uitos  enriqueceram                                                                                                econom icam ente,  correm os  o  risco  de  ver



                                                  por arregim entar "inocen tes úteis” .                                                                                                      d e s e m p r e g a d o s   c o m p a n h e i r o s   d e


                                                          T orcem os para que o  setor de telecom u­                                                                                          trabalho?



                                                  nicações esteja livre deste perigo e que  as                                                                                                        O m om ento exige reflexão e bom  senso.
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