Page 17 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1985
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derá tornar-se possível e trará uma ver formática junto aos diversos segmentos linguagem Prolog, com capacidade pre
são eletrônica para acabar com a bíblica da sociedade. vista de 100 m il in ferên cias por se
confusão da Torre de Babel e substituir Segundo Jean Paul Jacob, o esforço gundo. Já para Gerald M. Schumacher,
o sonho mais recente de uma linguagem japonês é considerável. São cerca de 9 vice-presidente da Control Data, o uso
universal — o esperanto. empresas participantes, com seus pró pleno da Inteligência Artificial, não de
No entanto, os computadores para o prios laboratórios, e um centro comum verá ocorrer antes da década de 90. Jean
entendim ento de LN precisam ter ar de pesquisa com a universidade. A pri Paul Jacob resume assim a situação:
mazenado um modelo que reproduza os meira fase do projeto — que já foi ultra — O ser humano é excelente para re
conhecimento de sintaxe, semântica, re passada — envolveu cerca de 300 pes conhecer configurações e para entender
gras de contexto — com conjunto de quisadores que deverão chegar a 10 mil a linguagem natural, ao passo que a má
crenças e conceitos aplicáveis a cada si ao final da terceira fase. Alguns resulta quina é ótim a para o raciocínio mate
tuação — com que raciocinam os huma dos já estão sendo obtidos. K eneth mático. Para ter inteligência artificial é
nos. Muitos acham que esta é uma tare Sloan, vice-presidente da ADR (uma necessário, porém, que a máquina ad
fa im possível. O que significará, por empresa americana de software), se dis quira o senso comum das coisas (algo
exemplo, para um computador (ameri se impressionado com a tradução auto muito difícil de ser alcançado).
cano) a expressão brasileira tudo azul? mática do japonês para o inglês de des Um projeto feito pela Columbia Desk
— Ainda que muitos julguem que a pachos da agência de notícias UPI, que Encyclopedia estima que serão neces
Linguagem Natural será melhor, para a presenciou na Feira de Tsukuba. A Mit sários 20,30 ou até mesmo 50 anos para
comunicação máquina-ser humano, isto subishi está para lançar proximamente que um computador possa adquirir co
nem sempre é verdadeiro. As vezes, grá uma estação de trabalho, operando em nhecimento corriqueiro semelhante ao
ficos, representações de moléculas, de dos humanos.
faixas espectrais ou de tabelas, podem
dizer muito mais em determinadas si Sistem as especialistas
tuações, do que a linguagem natural —
ob serv ou E dw ard F eigen bau m , na Se o raciocínio geral do ser humano
palestra que proferiu em São Paulo, por não está (ainda) ao alcance dos atuais
ocasião do Informática ’85. computadores, o conhecimento especia
lizado (mecanizado) não só é possível,
como tornou-se comercial mente um ex
O e sfo rço m undial
celente negócio.
O Sistem a E specialista (SE) nada
As técnicas de IA tomadas em seu mais é do que a reprodução por compu
âmbito maior requerem muita capaci tador dos conhecimentos profundos de
dade computacional e representam o es um especialista — médico, geólogo, ad
tado da arte e da pesquisa da informá vogado — em determinada área. Dentre
t ic a mundial. as atividades que o SE pode efetuar es
"E m Taiw an, em Israel, na índia, tão a interpretação (ou análise de da
todo mundo pesquisa IA. Nos Estados dos), o diagnóstico (determ inação de
Antonio Furtado, PUC/RJ: "Desenvolvendo
Unidos, em universidades como Stan um sistema especialista sofisticado para causa e efeito), o monitoramento (con
ford, MIT, Carnegie Mellon; no Canadá, gerenciar Bases de Conhecimento”. trole de exceções), a predição (modela-^
na Universidade de Waterloo; na Euro
pa — dentre outros centros de pesquisa
— em Edimburgo (aplicações), no Im
perial C ollege (program ação lógica), L i n g u a g e n s a d a p t a d a s
além dos denominados projetos Esprit e
Eureka. No Japão, na Universidade de
Kioto, com a ativa participação da in p a r a s i s t e m a s e s p e c i a l i s t a s
dústria” , relatou Jean Paul Jacob, um
cientista brasileiro que trabalha nos T odo Sistema Especialista (SE) é mais adequadas.
Laboratórios de Pesquisa da IBM, em constituído de três partes: uma O Lisp foi desen volvid o na
San José, na Califórnia. Base de C onhecim entos para década de 60 no M1T, ao passo
— O Departamento de Defesa, com guardar representações de fatos que o P rolog data de 72 e é m ais
sistemas de vigilância automática e ro e regras; um S elecionador de usado no J a p ã o e E uropa. O
bôs, e a NASA, com processos de autono Problem as p or inferência e um P rolog possui diversos p ad rões
mia no espaço e processamento de ima interface interativo com o tais com o E dim burgo, W aterloo,
gem, participam intensamente dos pro usuário. O SE em prega uma U -P rolog e A pes (A ugm ented
gramas americanos de Inteligência Ar velha lógica de três mil anos, P rolog for E xpert System s). N o
tificial. Somente na Universidade de devida a Aristóteles: se A Brasil foram desenvolvidas a
Stanford são mais de 40 pesquisadores im plica em B e este em C, então linguagem Safo (PU C/RJ) e o
dedicados ao assunto — acrescentou es C im plica em A. Este tipo de Prolog/IM E .
pecialista. lógica é predicativa ou de 1." A m aior parte d os SEs rod a em
O Japão criou o ICOT (Institute for ordem , existindo porém outros m icrocom pu tador m as algum as
New Generation Computer Tecnology) tipos de lógica, com o a não aplicações requerem
e lançou um ambicioso projeto para os m onotônica, etc. com pu tadores m aiores. Os
próximos 5 a 10 anos denominado Com Q ualquer linguagem de alto atuais sistem as operam na
putador de 5.“ geração. O projeto japonês nível com o C obol, Fortran ou região das m ilhares de
é baseado, do lado do harware, em má PL-1 p od e ser utilizada para op erações lógicas p or segundo,
quinas mais poderosas com processa desenvolver sistemas com cerca de 400 regras de
mento paralelo e máquinas para lidar especialistas. Linguagens inferência, mas já se fala em
com bases de conhecimento; do lado do' orientadas para o m ilhões de op erações p or
software empregará técnicas de IA (in processam ento sim bólico, com o segundo, com o em prego de
ferência); e do lado do usuário visa a di o P rolog e Lisp, são todavia m ultiprocessam ento.
vulgação efetiva dos benefícios da telein-