Page 16 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1985
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i n t e l i g ê n c i a A r O m u n d o real rente) de grande soma de dados. Com o
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novo enfoque de IA a informática pas
A criação exata de um modelo para o sará a conviver não mais com o conceito
m undo real é talvez um a utopia que de Bases de Dados, mas sim com o de Ba
nunca será alcançada, mas, como dizia o ses de Conhecimentos. Neste novo uni
bém é chefe do Laboratório de IA da Scu- poeta, se deixados de lado "os áridos de verso, as informações possuirão signifi
m ex-A im Facility — uma empresa co sertos da teoria muito se pode fazer nos cado simbólico, isto é, estarão carrega
m ercial orientada para a área biom é- verdejantes campos da realidade” . Tro das de conhecimento ou evocações e não
dica — o campo da IA iniciou-se com a cados em miúdos, isto significa que as serão apenas dados alfanuméricos” .
introdução, fazem 30 anos, do raciocínio diversas tecnologias de IA não estão "A engenharia do conhecimento não
sim bólico em m áquinas de computação, ainda totalmente unificadas debaixo de é porém uma ciência exata (e muito me
uma filosofia que seria estendida para o uma sim ples teoria do conhecim ento, nos teórica) como também não é exata a
Estudo de A lgoritm os (regras formais mas que sistemas mais restritos podem m aneira com que nós nos movimenta
para resoluções de problemas), Base de e estão sendo desenvolvidos, comercial mos no mundo real. O conhecimento hu
C on h ecim en tos e S istem as E specia mente, com bons resultados práticos são mano pode ser de dois tipos: um consen-
listas. os Sistemas Especialistas. su a l p a ra o p ú b lic o em g era l (Ex.
Os problem as que concernem a IA Para Feigenbaum , "é um novo tipo 2 + 2= 4) e outro particular que depende
são de duas ordens, sintetizou Feigen- de engenharia que está nascendo — a do conhecimento que cada indivíduo ad
baum : l.°) — representar conhecim en engenharia do conhecim ento — e que quire em relação a determinado campo
tos para que máquinas possam empre nos auxiliará a entrar na segunda era de atividade — vulgarm ente denomi
gá-lo; 2.°) — com o introduzir m ecanis nado experiência ou intuição. Daí recor
mos de inferência lógica num computa rerm os com freqüência a especialistas
dor, isto é, com o adquirir um novo co quando queremos tirar uma dúvida ou
nhecim ento a partir de outros já conhe efetuar determ inado diagnóstico” —
cidos — tal qual fazem os humanos. disse Feigenbaum — "na esperança que
Já para a Emmanuel Lopes Passos — eles acumularam mais saber (especiali
doutor pelo Coppe/U FRJ, professor ti zado) do que nós” .
tular do IME e um dos instrutores no se
m inário do IBPI, um dos grandes impac L in gu a gem n atural
tos trazidos pelas técnicas de IA encon
tra-se na nova maneira de empregar os Tais considerações mostram por que
computadores. a tecnologia do processam ento da lin
— Tomemos — disse ele — duas sen guagem natural — grandem ente pes
tenças: Joào trabalha na Universidade; quisado no mundo acadêmico — é algo
P edro é R eitor da U niversidade. Um tão difícil de ser alcançado e para alguns
com putador, hoje, consultando essas até utópico. Por outro lado, isto explica o
sentenças (se for programado de manei m otivo da crescente popularidade dos
ra convencional) poderá dizer onde tra pacotes com erciais de "Sistemas Espe
Emanuel Lopes Passos, professor do IME:
balha João (na Universidade) e quem éo "Não se deve confundir sistemas que andam cialistas de Com putação” (hoje são mais
reitor da instituição (Pedro). Mas não por aí, com sistemas inteligentes”. de trezentos).
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poderá — sem técnicas de programação E evidente que o processamento da
de IA — inferir que João é subordinado Linguagem Natural - LN (falada ou es
a Pedro, algo que não está explicitado no crita) representará grande avanço no
enunciado e que irá requerer novo co do computador e da comunicação. Uma em prego dos com putadores, onde o li
nhecimento a ser deduzido a partir dos mudança de filosofia se fará porém ne m ite só será a im aginação. Máquinas
outros. cessária junto ao pessoal de com puta que compreenderão e dialogarão com os
— Aí reside a diferença entre compu ção. Este devera deixar para trás u tese, hum anos de form a inteligente e robôs
tadores que em pregam ou não em pre que vem durando há anos, de que o ra verdadeiram ente inteligentes (heurís
gam técnicas de IA. Lopes Passos adver ciocínio da programação e algo secun ticos) se tornarão até corriqueiros. A
tiu, porém, que não se deve confundir os dário frente ao arm azenam ento (coe tradução automática de linguagem po-
program as de com putação que andam
por aí com programação "inteligente” .
SISTEMAS ESPECIALISTAS
O que se tem hoje, na maioria dos casos,
é o estágio do "idiota sabido” , isto é, uma Matemática & Computação SAIN T — in te gra ção m atem ática (MITj
grande base de dados com pouco ou ne M A C S Y M A - s im p lific a expressões m atem áticas
nhum poder de inferir (esta é a palavra- S1N— reconhece padrões sem ânticos
% MATHLAB—
chave) conhecimento. E foi ainda mais integra funções racionais
PSG, OPS, LI - co n fig u ra sistem a de com putação (Carnegie)
explícito:
RITA ROSIE - desenvolve sistem as especialistas (Stanford)
— A programação do tipo "se isto en
HAARSAY — e n te n d im e n to da fala hum ana (Carnegie)
tão aquilo” não representa IA e é apenas
Área Biológica C A S N E T - m o d e lo para doenças
um a estru tu ra fixa de com p u tação,
C A D U C E U S - m e d icin a interna (Carnegie)
visto que tal program ação não faz ex
INTERNIST — d ia g n ó stico (503 doenças: 4 m il sintom as)
periências alternativas, não m odifica
M YCIN — d ia g n ó stico doenças d o sangue (Mellon)
suas respostas à medida que são adicio E N Y C IN -- d ia g n ó stico em geral
nados novos conhecim entos à base. Isto TEREZIAS - a q u isiçã o de co n h e cim e n to
é, tem-se um sistema que não infere e P U F F - doenças p u lm o n a re s
nem aprende, ou seja, um sistema "não O N C O N C IN - o n co lo g ia (câncer)
inteligente” . As soluções que envolvem Área Tecnológica L U N A R - m in e ra is lunares
IA são também conhecidas como heurís PROSPECTOR - le va n ta m e n to m in e ra ló g ico (Stanford)
ticas, isto é, tal como no raciocínio hu D E N D R A L - e stru tu ra s quím icas (espectografia)
m an o são b a sea d a s num m étodo de M E T A D E N D R A L -• evolução d o D endral
aprendizado por tentativa e erro — con SOPHIE — la b o ra tó rio de eletrônica
A C E - redes te le fô n ica s (Bell Labs)
cluiu o pesquisador.