Page 51 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1985

0 homem é obrigado, em certos circunstancias. a acreditar < egamente cm seu computador I um só

erro de logicial pode ser fatal.

E natural, portanto, que a arte de pro­
0 homem parece ter dom inado a má e apenas escrever uma seqüência de sím­ gramar esteja sendo substituída pelo pro­

quina, mas não sua ultim a criação, o
bolos par a informar um computador. O que

logicial. Dois especialistas europeus - sequer, de fato, é instruir o ser humano so­ cesso de criar a habilidade de adaptação,

Manny Lenhman e Jean Warnier pare- bre o que a maquina ira fazer. Mas nem as mudanças do mundo real. Esta seria a

cem preocupados com a arte da programa­ sempre isto é simples, como por exemplo função da engenharia de logicial (o sonho

ção, que não conseguiu ainda adaptar-se à ao tratar de programas com centenas de do futuro), em que fundam entada num

velocidade das mudanças do mundo real. milhares de instruções, que devem ser co conceito base (queremos o projeto de uma

Dois especialistas, dois professores, dois nectadas para formar um todo coerente. aeronave) se teria um programa flexível su

pensadores preocupados. E “ pegando daí" entrou o lado filosó­ ficiente para dirigir todo o processo: pro­

fico de Lehman para explicar que, partindo dutos, documentação, am biente, ativida­

Programar é difícil do mundo real, seres humanos definem des, gente, métodos, organização, etc.

qual o problema (o que é subjetivo), a fim A atual maneira de programar baseia-se

Ex-pesquisador da IBM e da Ferranti, de construir um modelo, efetuar especifi­ no processo dito em cascata, em que su-

chefe do Departamento de Computação do cações e escrever programas, que a essa cessivamente se estabelecem requerim en­

Imperial College (UK), ex-cientista do M i­ altura devem conviver com a (cambiante) tos, projetos, etc., até chegar a etapa de

nistério da Defesa de Israel, PhD, profes­ realidade. Os programas devem ser por­ teste, num processo que pode, as vezes,

sor, filosofo e escritor, Manny Lehman pre­ tanto "m antidos", ou sejam, adaptados à levar anos. O que se procura no momento é

ocupa-se so com as leis que regem a pro­ vida real, o que hoje consome mais de estabelecer um processo adaptativo em

gramação de grandes sistemas, mas tam ­ 70% do esforço total de programação. função das m udanças que ocorrem no

bém com os perigos, ainda mal vislum bra­ mundo real. E sera isto possível?

dos, dos erros de sua programação. M anny Lehm an tem suas p ró p ria s

— Programas constituem o mais sofisti­ idéias a respeito. Ele acha que o projeto de

cado artefato feito pelo homem. No en­ sistemas deve ser feito de baixo para cima,

tanto, estão sujeitos a erros que podem ser começando com a base teórica m atem á­

fatais, quando se trata de comandar um tica, em seguida transferindo o conceito

avião ou controlar uma usina atómica e ate da aplicação real para um sistema opera­

mesmo apocalíticos, caso se trate de deci­ cional abstrato, chegando as especifica­

dir a 3. ’ Guerra Mundial frente aos avisos ções finais. Deve-se trabalhar com m o­

de computadorizados sistemas m ilitares delos intermediários, evoluindo para o sis­

— preveniu Manny Lehmann por ocasião tema operacional final.

do Inform ática ‘84, acrescentando que — Deve ser reservado, ao elemento hu­

“ se estes são fatos pouco reconhecidos, mano, a função da criatividade do sistema

são menos ainda divulgados, a nível m un­

dial". e deixar para a máquina trabalhos auxilia­
res, tais como verificar consistências, vali­
Programar é difícil. Em realidade não Manny Lehman: o perigo e real.
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