Page 41 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1985
P. 41
Burnt ica
Scribe: o escritório do futuro
S cribe tem o significado, em francês, para preencher 14 itens de caracter téc
nico e 20 de cunho socio-econòmico. Ou
de escrevente e burocrata e foi justa-
mente este o recurso acrográfico escolhido tro aspecto im portante, defendido por Via-
por Ivan Viale para Sistemas de Com unica le, é de que náo se devem adotar normas
ção de Redes de Inform ática e Burótica próprias dos fornecedores, por m aiores
Evolutivos. Na prática trata-se de um ex que estes sejam (possivelmente numa re
perimento efetuado no M inistère de l ’Eco ferência discreta á IBM ) e sim recorrer a
nomie et Finances destinado a testar, em normas internacionais. Assim, no caso das
definitivo, a im plantação da Burótica na redes locais, o projeto Scribe adotou as
administração governamental francesa. normas ISO/ECMA (Orgamzaçáo Interna
cional de Padrões/Construtores de M áqui
Burótica nas Autom áticas da Europa) de 7 níveis.
O engenheiro francês Ivan Viale
0 núcleo do Scribe é a rede local Ether
E o que é exatam ente Burótica? Se net, operando a 10 M bit/s e responsável
gundo o engenheiro Viale, um dos respon com um plano piloto, seguido de sua am por 85% do tráfego de todo o sistema e por
sáveis pelo projeto e conferencista do In pliação em media e depois em grande es isso foi descrita com m ais detalhes pelo
formática 84, trata-se de “ um conjunto de cala, “ podendo alcançar até 1 milhão de conferencista. A rede coaxial percorre to
meios para autom atizar as atividades de postos de trabalho” . 0 projeto inclui as das as dependências do prédio e a ela são
escritório, com ênfase na com unicação suntos técnicos como o do estabeleci conectados postos de trabalhos, term inais
falada, escrita e da im agem .” Traduzido mento de redes locais, o dimensionamento e videos. Concentradores sáo empregados
em termos reais significa prover ao trata de postos individuais de trabalho e a deter como elo de ligação com a rede, se neces
m ento eletrónico de textos, ao arquiva minaçáo de interfaces apropriadas além sário. Um m inicom putador se encarrega
mento, reprodução e recuperação e doeu de uma fase de acompanhamento e de es do correio e arquivam ento eletrónico de
mentos e à organização dessas facilidades tudos organizacionais, para avaliar o lado mensagens e docum entos, e outro é em
a nível individual, com o suporte bien humano do escritório do futuro. pregado como processador para uso do
entendu — de uma solida rede teleinfor pessoal da rede local. Interfaces apropria
mática. Redes Ethernet das conectam essa rede local à Renpac.
Do ponto de vista econômico, disse o
especialista, a burótica tem como aliados Do ponto de vista técnico, o Scribe será Móveis de Escritório
o custo anual decrescente dos componen c o n s titu íd o de redes in te rn a s locais
tes eletrônicos (25% aa), dos dispositivos (Ethernet), interligadas através de conver Para o futuro diversos m elhoram entos
de arm azenam ento da informação (40% sores de protocolos adequados, a uma rede estáo previstos. Um deles será a introdu
aa) e das telecomunicações (11% aa) que pública de pacotes (Renpac). A rede local ção de um serviço de reprodução centrali
se contrapõe o aumento das despesas de suportará equipam entos tais como con zado, com acesso ao arquivo eletrônico de
pessoal, que só tendem a crescer. A ex centradores, processadores e, principal docum entos do estabelecim ento. O utro
periência Scribe nasceu, em 81. de uma mente, Estações Buróticas (EB) ou postos visa interligar a rede Scribe a serviços tele-
decisão presidencial em prover a 200 mil individuais de trabalho. Estes serão cons máticos como teletex, video-texto e teleco-
m de novas instalações — na Gare de titu íd o s de unidade de tratam ento de piadoras.
Louest, em Paris — para abrigar 3 m inis texto, processador local e terminal infor- — E o projeto náo estaria com pleto se
térios e 6 .5 0 0 pessoas. Então por que náo mático. não olhasse também para um elem ento às
partiu para a Burótica? Um importante aspecto a considerar é o vezes esquecido: o móvel de escritório que
Seguiu-se um planejamento detalhado da política industrial a adotar, não sendo deve ser adaptado ergonom icam ente às
que restringiu as ambições de 33 proposi- desejável a proliferação de fornecedores, necessidades do novo am biente repleto de
tos para apenas 7, aplicáveis a 13 dire que devem ser limitados a um grupo con aparelhos eletrônicos. Mas, em termos de
torias de um universo inicial de 23. A ex fiável, para cada lote de equipamentos. No mercado, móveis de escritório podem ser
periência deverá ter início em 86 e term i caso do Scribe, 68 empresas concorreram um bom negocio. Um total de 4 0 0 m ilhões
nar em 88, envolvendo cerca de 75 postos de francos forma dispendidos, som ente
de trabalho autom atizados, destinado a em 82, pela adm inistração francesa na
servir 150 pessoas. “ Mas se o Scr/beé téc aquisição de móveis de escritório. Assim,
nica, também é organização e relaciona não é de espantar que 220 designers te
mento humano — enfatizou Viale — e a nham ocorrido a atender a concorrência
filosofia adotada para o projeto foi a de que para o móvel do escritório do futuro, dos
a Burótica só funcionará se o usuário parti quais 7 protótipos estão em experiência —
cipar ativamente de sua im plantação” . As comentou o engenheiro Viale que ao term i
sim criaram-se para o Scribe orgâos cole- nar sua exposição sob um tom otim ista c i
giados e participativos em diversos níveis tou uma frase do século XVII atribuída ao
hierárquicos, suportados por comités téc engenheiro m ilita r Vauban, célebre por
nicos. suas fo rtificações: “ Procurarem os des
A im p la n ta çã o do S cribe será feita m entir o que dizem dos franceses que em
como todas as implantações no mundo — O novo escritório será muito mais facil de preendem tu d o , sem ja m a is te rm in a r
disse o conferencista francês — iniciando operar, graças à eletrônica. nada” . . i f