Page 11 - Telebrasil - Maio/Junho 1984
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Q u a n d t d e p õ e s o b r e
p o l í t i c a i n d u s t r i a l
Na apresentação que fez à Comissão geiro, com pessoal na sua quase totali sózinho todos seus produtos, Quandt vê
de Economia do Senado Federal, presi dade nacional, criou no país um núcleo como única solução "a criação no próprio
dida pelo Senador Roberto Campos de conhecimento em engenharia indus país dos novos conhecimentos capazes
(PDS-MT), o ex-Ministro das Comuni trial que facultaria futuras medidas na de permitir a criação de novos produtos”
e citou a propósito a criação do CPqD da
cações, Euclides Quandt de O liveira, trajetória da nossa política industrial —
presidente da Telebrasil, destacou que afirmou o ex-ministro. E prosseguiu: Telebrás "destinado a dar à indústria o
"qualquer política industrial deve ter — Valendo-se da situação de grande apoio científico/técnico necessário” .
como objetivo capacitar o país a fabricar compradora ocupada pela Telebrás e da No tocante à* informática, defendeu o
os produtos de que necessita e criar a existência, para quase todos os produ incentivo e a consolidação de empresas
tecnologia correspondente” . tos, de indústrias multinacionais esta nacionais na produção de equipamentos
Depois de aludir ao fato de que proce belecidas no país passou-se a dar pre de processamento de dados, o que, se
dimentos de fabricação não constituem ferência a fornecedores nacionais e a in gundo ele, * e feito até em países como os
tecnologia, mas sim os procedimentos centivar seus investimentos em áreas Estados Unidos, onde a livre concorrên
que permitem elaborar tais conheci compatíveis com os níveis de capital e de cia e levada às alturas”. Advertiu porém
mentos, Quandt fez distinção na sua tecnologia de que dispunham. Forçou-se que "enquanto se consolida a indústria
palestra entre os setores de TCs c de In a seguir a nacionalização do controle em um segmento, os demais não devem
formática que apresentam aspectos pró acionário (51%) de algumas empresas sofrer restrições que possam vir a preju
prios, decorrentes do grau distinto de co existentes, o que seria acompanhado dicar usuários, tais como os dos siste
nhecimento técnico e industrial que já é por quase todas as demais multinacio mas de dudos”.
dominado por brasileiros. nais.
Em seguida, disse o conferencista A nacionalização do controle acio Dando as sugestões que considera
que, a partir da promulgação do Código nário das mult inacionais teve como básicas para uma Lei de Informática, o
Brasileiro de Telecom unicações, em principal objetivo transferir para den ex-Ministro das Comunicações do Go
1P62, iniciou-se a implantação do Sis tro do país o centro de decisões adminis verno Geisel sugeriu que este é um as
tema Nacional de Telecom unicações trativas e gerenciais, o que levaria á cri sunto que deve ser debatido em profun
com o emprego de equipamentos impor ação e desenvolvimento local de novos didade, ouvindo todos os setores atingi
tados em m aior ou m enor escala, de produtos — como de fato aconteceu — dos. As medidas de apoio devem ser apli
acordo com a disponibilidade da produ afirmou Quandt de Oliveira. E acres cadas em empresas que estejam sob con
ção nacional, o que permitiu adquirir centou: "Creio ser salutar a existência trole acionário nacional e comprometi
experiência básica na instalação, opera no mercado, de fabricantes sem nenhum das com a criação local de tecnologia. O
ção e gerenciamento de uma grande re vínculo tecnológico permanente com o apoio será dispensado de forma propor
de de TCs. exterior e de outros com esse vínculo, cional ao capital nacional e à criação lo
— Simultaneamente foram fixadas uma situação que estimula o desenvol cal de tecnologia e deve ser interrom
normas e diretrizes técnicas que, esta vimento de produtos no país (pela pre pido de imediato, verificado o não cum
belecendo um padrão para operação, ferência que lhe é dada nas compras do primento dessas exigências. E Quandt
forçaram a compatibilização dos equi Governo) e impede a acomodação da em prosseguiu enumerando outras suges
pamentos (importados ou não) e a diver presa (pela existência de concorrência tões:
sificação das fontes fornecedores, preve de tecnologia externa)”. — As medidas de apoio serão tem
nindo a form ação de "c a rtó rio s ” . A Reconhecendo que é praticamente porárias e sua desativação gradual, mas
operação das fábricas de capital estran impossível a uma empresa desenvolver com duração suficiente para consolidar
a indústria nacional; deve ser mantida
uma proteção alfandegária aos produtos
aqui produzidos com tarifas seletivas
entre equipam entos, insum os e m a
térias primas; o apoio fiscal será sob
forma de incentivos na compra de insu
mos e na venda dos produtos, além de fa
cilidades especiais de crédito para in
vestimento e giro.
— Deve-se manter o nível de enco
mendas pelos orgáos da administração
direta e indireta coerente com os da polí
tica industrial; apoiar a pesquisa básica
e de tecnologia em universidades e em
centros de pesquisa para a criação de no
vos conhecimentos a serem empregados
pela indústria no desenvolvim ento de
novos produtos. E finalizou:
— Estabelecer prioridade no apoio ao
estabelecimento de uma indústria de in
sumos de microeletrônica, com capaci
Comissão de Economia do Senado: (E-D) Ex-Ministro Quandt de Oliveira, Senador Roberto tação tecnológica. {JCF)
Campos e Ministro da Indústria e Comércio, Camilo Penna.