Page 57 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1983

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Maria Cristina Brasil

lemig, brigadeiro Theobaldo Antonio Kôpp, “Este período crítico vai até 1985. A par­

tir daí, a situação começará a melhorar. Mas
Noventa e sete redes telefônicas lo­ que se responsabiliza por sua veracidade. a dívida era absolutamente necessária e foi

— Pelo menos — afirma — quem me
cais, 300postos de serviço interurba­ contou garantiu que era absolutamente ver­ altamente benéfica para o desenvolvimen­

no, 29.371 quilômetros de circuitos in­ dadeira. E como est e são muitos os casos pi­ to das telecomunicações no Estado: em

terurbanos, 90.082postes de aroeira, torescas que correm de boca em boca por to­ 1973, a Telemig tinha 100 mil terminais em

aço e concreto, 26.669 telefones em do o Estado. Mas quase que, sem exceção, sua área de concessão; hoje já ultrapassa­

mos os 500 mil terminais, temos uma rede
essas histórias são coisas do passado, do
serviço, 131.442 quilômetros de con­ tempo em que as pessoas do interior viam moderna e alguns indicadores de atendi­

dutores em cabos subterrâneos e aé­ o telefone como um objeto estranho e em mento acima do padrão da Telebrás. E, ape­

reos, aproximadamente Cr$5 milhões que uma simples ligação entre dois municí­ sar de crescer menos do que seria desejável,

(antigos) de material em estoque e 20 pios exigia, ás vezes, alguns dias de espera. a Telemig continua mantendo um cresci­

Hoje as telecomunicações na área de con­ mento positivo”.
prédios. Com esse acervo nascia, a l.° cessão da Telemig alcançam um alto nível

de junho de 1953, a então Companhia de tecnologia e o telefone já faz parte do co­ O começo

Telefônica de Minas Gerais, hoje Te­ tidiano de muita gente, que não saberia mais

lemig. Um total de 71 subscritores, viver sem ele. O entusiasmo do Imperador Pedro II pe­

O atual padrão da Telemig é resultado
que representavam mais de 2/3 do ca­ de um trabalho que vem sendo desenvolvi­ la invenção do escocês Alexander Graham
Bell, apresentada na exposição do Centená­

pital social, assinaram a ata, registra­ do principalmente a partir de 1973, quando rio da Independência dos Estados Unidos,

da na Junta Comercial oito dias de­ houve a grande arrancada nas telecomuni­ em 1876, fez do Brasil um dos primeiros paí­

pois. Trinta anos passados, a empre­ cações no Estado. ses do mundo a adotar a telefonia. Mas le­

sa atinge agora plena maturidade, — Nessa ocasião, a Telemig foi obriga­ vou muito tempo até que o telefone deixas­
se de ser considerado apenas um objeto cu­
ocupando o terceiro lugar entre as ope­ da a se endividar, afetando sua capacidade rioso e que não se devia levar muito a sério.

de investimento para pagar o serviço da dí­
radoras estaduais do Sistema Tele- vida — revelou Kôpp. E continuou: No relatório de 1906 da Repartição Geral

brás. dos Telégrafos era mostrado um quadro da

telefonia em Minas Gerais: em Belo Hori­

zonte havia um centro telefônico que perten­

cia à Prefeitura Municipal, com uma rede de

“Uma assinante, numa cidadezinha no nove quilômetros de extensão e 160 assinan­

interior de Minas Gerais, ligou para a em­ tes que pagavam uma contribuição mensal

presa reclamando que a campainha de seu de 5 mil réis. No interior do Estado, a situa­

telefone não estava funcionando. ção não era melhor. Em Barbacena, por

Alguns minutos depois, a mesa de teste exemplo, a rede possuía 150 quilômetros,

ligou para a casa da assinante e ela tendeu. mas só havia 18 telefones em operação.

— Foi daí que reclamaram que a campai­ Além disso, a instalação do aparelho custa­

nha não toca? va 180 mil réis e a mensalidade chegava a

— Sim, foi daqui mesmo. 10 mil réis, o dobro da cobrada aos assinan­

— Mas se não toca, como é que a senho­ tes de Belo Horizonte.

ra atendeu ao nosso chamado? A criação, em 1916, da “Rio de Janeiro

— É o seguinte: todas as vezes em que and São Paulo Telephone Company” repre­

o cachorro late, eu sei que tem alguém ligan­ sentou um marco importante não apenas pa­

do para cá. Não erro uma: é só levantar o fo­ ra Rio e São Paulo, mas também para Mi­

ne e encontrar alguém na linha. nas Gerais. Datam dessa época a compra pe­

Foram ver. Na entrada da casa o fio d r o p la empresa das ações de várias concessioná­

entrava em contato com um arame, onde fi­ rias locais nos três Estados e o estabeleci­

cava acorrentado o cachorro. Quando al­ mento das ligações interurbanas entre essas

guém ligava, a corrente de toque eletrizava localidades, imprimindo um grande desen­

o bicho, que uivava e alertava a patroa”. volvimento ao serviço.

Curiosas, folclóricas, verdadeiras, mas O fim da Primeira Guerra Mundial tam­

sempre engraçadas, são muitas as histórias bém trouxe progressos à telefonia, tornan­

que se contam em Minas que têm o telefo­ do necessária a criação de novas centrais pa­

ne como principal personagem. Esta, por O brigadeiro Theobaldo Kbpp está à frente da ra atender a demanda crescente de

exemplo, foi revelada pelo presidente da Te­ Telem ig desde 1974. telefones.