Page 64 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983
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D E B A T E
TELEBRASIL
V o z d o s e t o r s e f a z o u v i r
Fernando Vieira de Souza explica que se ruim, um mecanismo de pressão fará o se
a filosofia do Decreto Lei 2037 foi a de con tor ir bem”. Mas acredita que se deve tentar
trolar, via OCS (Ordem Comercial de Servi obter a liberação dos limites de investimen
ço), o limite dos investimentos, a da Porta to e do FNT e termina dizendo que “todos
ria 118, que limita em 20% o valor de paga precisamos trabalhar para que o endivida
mentos a serem carreados para o ano seguin mento externo não seja tão opressivo ao nos
te, foi o de limitar o comprometimento das so desenvolvimento”.
empresas estatais para outros exercícios. No Um bom resumo da situação é dado por
entanto, como o prazo médio de maturação Luiz Carlos Bahiana, da Equitel, ao afirmar
de projetos do setor é de 2 a 3 anos, este se que a polí tica de aquisições do setor é basi
rá um daqueles decretos de difícil, senão im camente boa, e que o objetivo dos debates é
possível, aplicação. aperfeiçoar detalhes entre comprador e for
Os contratos não poderão prever paga necedor para minimizar problemas numa
mentos além de 12 meses (antes, revela Viei hora de emergência. Para Bahiana, que é um
ra de Souza, a Sest limitava a seis — a inten Segundo Luiz Carlos Bahia na, da Equitel, “o dos diretores da Telebrasil, o agravamento
ção primeira da Sest era de 6 meses) — e a Grupo Telebrús deve participar junto com a in das influências externas como as limitações
medida irá gerar 1,8 milhões de papeis dústria do clamor daqueles que não desejam ver oriundas da Cacex e da SEI, o problema do
adicionais. o setor de TCs morrer" similar nacional, o monopólio centralizado
do câmbio e mais recentemente a Portaria
118 é que poderão vir a destruir o setor. Pa
ralisada a expansão do setor, as operadoras
continuarão operando com suas receitas es
tagnadas, os usuários reclamando pelos jor
nais e a indústria silenciará porque estará
morta.
“O Grupo Telebrás deve participar junto
com a indústria do clamor daqueles que não
desejam ver o setor morrer. — completa o
empresário.
Delson Siffert, da Elebra e diretor de
eventos da Telebrasil, sugere algumas regras
internas ao setor, que poderão minimizar
seus problemas. Preocupado com os crité
rios, que devem nortear as licitações, suge
re minizar a subjetividade, premiar a com
petência e aumentar a comunicação. Quan
tificar é a palavra-chave que o engenheiro
Siffert emprega para expressar suas idéias
sobre uma boa licitação. Prazos, preços, con
dições de pagamento, desempenho pregres-
so, estrutura tecnológica e fabril, situação
económica-financeiro devem ser traduzidos
em números.
Participantes do 7.° Debate mostram-se preocupados coin os atuais problemas.
Os resultados das licitações devem ser di
vulgados e os motivos da classificação ou nào
dos participantes também. A classificação ou
O presidente da CRT, Carlos Magnus, é desclassificação dos licitantes e os motivos
de opinião que o esforço para se dotar o país correspondentes devem ser divulgados e, fi
de uma infra-estrutura de TCs chega ao li nalmente, o cadastramento de fornecedores
mite do esgotamento. As empresas compra qualificados deve ser revisto de tempos em
doras estão submetidas a restrições na cap tempos para “não formar cartórios eternos”.
tação de seus recursos e são limitadas quanto Siffert também oferece sugestões quan
a seus investimentos. No seu entender a cha to à importação dos insumos indispensáveis
ve do problema transcende aos limites do se para a indústria: “O momento nào é de ficar
tor. O Brasil está passando por um processo passivamente parado esperando os dólares
de transformação política e de deterioração caírem do Banco Central, mas sim que os co
econômica e os altos escalões, se procurados, legas do Minicom e da Telebrás fiquem aten
“estararão mais preocupados com o preço da tos com a fila, como a informática está na fi
rapadura do que o de um componente ele la, a imprensa está na fila e outros mais es
trônico”. Propõe que chegou o momento de tão na fila”.
acionar um processo de conscientização das
autoridades sobre a problemática das nossas
telecomunicações.
Palha Neto, da Telemig, acha que todos
devem participar como membros mai%am- Carlos Magnus, presidente da CRT
plos da sociedade para as definições que so acha que o esforço para
lucionarão a situação conjuntural e de que “é dotar-se o país de uma injra-estrutum
uma ilusão achar que se o país continuar de TCs chega ao limite do esgotamento.