Page 62 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983
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D E B A T E



                                TELEBRASIL






                                                                                      U m   m o d e l o   p a r a   a   h o r a   d a   c r i s e


















                            Salomão Wanjberg, do Geicom, numa ex­                                                                                  “As decisões não podem ser radicais —


                     plicação panorâmica, mostra que os objeti­                                                                             afirma Wanjberg, — o que todos desejamos


                     vos da Telebrás e de seu acionista majoritá­                                                                           é um processo de nacionalização integrado

                     rio que é o Governo, nem sempre são coin­                                                                              ao longo do tempo e compatível com os re­


                     cidentes. O maior interesse das operadoras                                                                             cursos de que dispomos."


                     e de seus dirigentes é operar e implantar o                                                                                   Jacques Glaz, da Abinee, levanta o pro­


                     SBT (Sistema Brasileiro de Telecomunica­                                                                               blema de que sem insumos importados, e

                     ções) de uma maneira económica e eficien­                                                                              sem dólares, que hoje estão difíceis ou im­


                     te. O Governo quer isso, mas quer também                                                                               possíveis de serem obtidos, a empresa genui­

                     muito mais, como a capacitação tecnológica                                                                             namente nacional irá se extinguir. A dificul­


                     do pais e a economia de divisas. Produzir o                                                                            dade maior não é mais hoje em dia a extra­


                     máximo com o mínimo de divisas é o lema                                                                                ção de uma guia de importação, uma tarefa


                     do Governo — completa.                                                                                                 em si difícil, mas sim o da obtenção de dóla­

                            O nacionalismo absoluto tecnológico não                                                                         res do Banco Central.


                     existe, e todos os países são de certa manei­                                                                                 Em  breve somente as multinacionais

                     ra interdependentes, afirma o engenheiro. O                                                                            (Glaz frisa que não tem nada contra elas) é


                     problema real consiste em saber que mode­                                                                              que poderão importar seus insumos. Foi im­


                     lo adotar e que nível queremos ou podemos                                                                              plantada uma indústria no Brasil para dimi­


                     alcançar. Queremos imitar o Japão, Alema­                                                                              nuir as importações, mas o modelo agora é

                     nha, Estados Unidos ou Taiwan? — Que tem­                                                                             exportador. Sem insumos externos não há


                     po,  recursos e dinheiro disponíveis tem o                                                                             porém como exportar e os critérios de mul­


                     Brasil no momento? — indaga Salomão.                                                                                  tinacional e nacional (genuina ou não), de­

                            Ele acha que a indústria de componentes                                                                        vem ser revistos para efeitos de importação,


                     é viabilizada pela de equipamentos, daí a                                                                             propõe Jacques.


                     grande importância dessa última para o país.                                                                                 A definição de um modelo para aquisições

                     O domínio da tecnologia é apenas uma com­                                                                             será sempre um problema difícil. O empre­


                     ponente do grande mosaico do desenvolvi­                                                                              sário Sérgio Lopes da Ericsson, em pergunta


                     mento, resta saber se há escala de consumo                                                                            ao conferencista Palha Neto quer saber co­                                                                          Jarques Glaz, da Abinee. aeha que sem insu

                     na  nossa  sociedade  para  justificar  a                                                                             mo poderia ser resolvido o problema do con­                                                                         mos importados c sem dóknvsa cmpivsa xenui


                     produção.                                                                                                             trole de preços, no caso da divisão do mer­                                                                          n/mu í i t r   unruwut] 11YI <í' rxtnUMir

                                                                                                                                           cado para as centrais CPAs temporais, se a


                                                                                                                                           Portaria 215, também admite o regime da li­


                                                                                                                                          vre concorrência para este tipo de equipa­                                                                          tomobilística, o equipamento de escritório e

                                                                                                                                          mento. Reconhece Palha que não existe uma                                                                           a substituição de importações são áreas pró­


                                                                                                                                          solução fácil, mas que provavelmente será                                                                           prias para a diversificação, afirma ele.


                                                                                                                                          necessário fazer uma primeira concorrência                                                                                 Antonio Carreira, aparteando Wanjberg,


                                                                                                                                          de preços e depois acertar a divisão do                                                                             cita que a diversificação é válida, mas não em


                                                                                                                                          mercado.-                                                                                                           tempo de crise e numa época em que as por­

                                                                                                                                                 Geraldo Garbi, presidente da Telepar e di­                                                                   tas estão fechadas. “As telecomunicações —


                                                                                                                                          retor da Telebra^jr,'expressa sua curiosida­                                                                        constata-o empresário — constituem um se­


                                                                                                                                          de em não ver nenhuma proposta para que                                                                             tor que pelo menos paga a seus fornecedo­

                                                                                                                                          a sistemática de aquisições “tivesse menos-                                                                         res. Hoje não dá para investir ou diversificar


                                                                                                                                          restrições â iniciativa e aos riscos do empre­                                                                      para outras atividades à exceção do ramo da


                                                                                                                                          sário tornando o processo mais competitivo".                                                                        informática que é repleto de concorrentes".


                                                                                                                                          Cita a propósito o caso de fornecedores que                                                                                Voltando ao tema da classificação das em­


                                                                                                                                          querem competir e não podem, por não es­                                                                            presas. Quandt de Oliveira, da Splice, crê que

                                                                                                                                          tarem qualificados pelo sistema TB. A res­                                                                          os problemas precisariam se concentrar em


                                                                                                                                          trição fazia sentido — diz ele — numa época                                                                         duas vertentes: o da pequena e o da grande


                                                                                                                                          em que necessitava proteger procriar um                                                                             empresa. Juntar ambas para fornecer o mes­


                                                                                                                                          mercado. A situação agora é oposta e hoje,                                                                          mo produto "acaba dando confusão", pois a

                                                                                                                                          na sua opinião são os fornecedores que de­                                                                          empresa pequena operando no mercado das


                                                                                                                                          vem decidir se querem  ou  não ingressar,                                                                           grandes avilta os preços e não assegura a


                                                                                                                                          prosseguir ou se retirar do ramo.                                                                                   mesma qualidade de fornecimento. Por ou­


                                                                                                                                                 “A idéia básica, enfatiza Garbi, é que o                                                                     tro lado, a firma grande, operando no mer­


                                                                                                                                         processo seja mantido competitivo e que ha­                                                                          cado das pequenas, onde estas estão capa­


                                                                                                                                         ja uma diminuição da intervenção governa­                                                                            citadas a fornecer bons produtos, pode ope­

                                                                                                                                         mental nas decisões que cabem exclusiva­                                                                             rar mais longamente com preços baixos e le­


                                                                                                                                         mente ao empresariado" e sugere que a Te­                                                                            var seus novos concorrentes à falência ou


                                                                                                                                         lebrás pense neste assunto.                                                                                          concordata.


                                                                                                                                                Dentro de uma linha de pensamento se­                                                                                Comentando sobre divisão de mercado e


                                                                                                                                         melhante, Wanjberg opina que a indústria de                                                                          livre participação. Quandt acha que o impor­

                                                                                                                                         TCs deve diversificar-se para outros setores                                                                         tante “é termos uma única diretriz para to­


                                                                                                                                         como o da eletrônica ou da metalurgia, citan­                                                                        dos os setores", lembrando que naqueles em



                   Para Salomão Wanjbn% do ( à ieoni,  "o ihft io                                                                        do que já há empresas fabricando quadros                                                                             que foi aplicado a livre concorrência, com os

                   nalismo absoluto tecnológico não exish  <  todos                                                                      de bicicleta e que o 1 taú e o Bradesco mon­                                                                         perigos de pulverização do mercado e con­


                  (>s paísis são di  certa maneira inU rdetxiiden-                                                                       taram  firmas para a automação bancária.                                                                             corrência predatória, são onde as empresas

                         • »
                   i
                   tes .                                                                                 1                               “As áreas militares, de entretenimento e au-                                                                         vêm enfrentando as maiores dificuldades.  ?
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