Page 40 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983

O aspecto social do telefone também vem
Essas medidas refletiram-se positiva­
mente nos indicadores operacionais da em­
presa. Com relação à solicitação de conser­
tos/100 telefones, em dezembro de 80, a Te-
lerj detinha a marca de 12 pedidos de repa­
ro, número que foi gradualmente caindo des­
de então: 8,2 por cento, em 1981; 6,8 por cen­
to, em 1982; e 5,6 por cento, em julho de
1983.
Quanto ao tom de discar, dentro dos três
segundos estabelecidos de acordo com o pa­
drão Telebrás, a Telerj atingiu, em dezem­
bro de 80, 96,1 por cento; 98 por cento, em
dezembro de 82; e 98,7 por cento, em julho
deste ano.
V a l o r i z a ç ã o d o
Como ocorreu a virada da Telerj, em
matéria de imagem e de qualidade do ser­
viço? Certamente, milagres não existem
no universo das telecomunicações. O
grande segredo da diretoria da empresa,
encabeçada pelo presidente Nelson Souto
Jorge, é a administração competente.
Uma administração que assumiu o pas­
sivo da empresa e reverteu expectativas
dos usuários e do próprio governo. E a
grande mudança partiu do óbvio, geral­
mente esquecido: o patrimônio mais va­
lioso de uma instituição é seu próprio pes­
soal, que precisa ser estimulado a acre­
ditar em si mesmo.
A valorização do homem sempre foi
uma bandeira de Nelson Souto Jorge,
desde os tempos do Exército — foi co­
mandante, inclusive, da Escola de Comu­
nicações e do 4? Batalhão de Comunica­
ções — e quando ingressou na vida civil,
como representante regional da Constru­
tora Mendes Junior, como presidente da
antiga Companhia Telefônica de Brasília
— Cotelb, hoje Telebrasília — e que vem
mantendo, desde 1979, quando assumiu
a presidência da Telerj. “Como subalter­
no ou comandante, empregado ou presi­
dente, sempre tive sensibilidade para li­
dar com as pessoas, procurando ser jus­
to, acima de tudo. Um chefe não precisa
ser benevolente, pois isto é demagogia,
mas tratar os empregados como indiví­
duos, de igual para igual".
Souto Jorge lembra que ao assumir a
empresa havia um descontentamento ge­
ral entre os empregados. Eu sabia que sc
conseguisse motivar o homem, a recupe­
ração da empresa viria logo depois. A so­
lução de um problema técnico é mais fá­
cil que a de um problema emocional, que
exige trabalho, carinho, para que o ho­
mem redescubra o interesse por sua vi­
da profissional. E foi o que fizemos: de­
vemos valor ao empregado e tivemos sua
dedicação como resposta.
Rio de Janeiro foi o pioneiro na automatiza­
recebendo as atenções da diretoria da empre­ ção dos serviços em todas as 64 sedes mu­
sa. Além dos orelhões, que começaram a ser nicipais. O marco foi atingido com a inaugu­
instalados no Rio em janeiro de 1972, a ci­ ração, em 24 de junho de 1982, de centrais
dade ganhou “orelhinhas", destinados às automáticas nos municípios de Cambuci,
crianças, “orelhõezinhos”, para deficientes fí­ Itaocara e Rio Claro.
sicos, “orelhões" com DDD, “orelhões" em Um importante programa colocado em
favelas e “orelhões" comunitários, que fazem prática diz respeito à taxa de UTI (Utiliza­
e recebem ligações. ção de Terminais Instalados), que era muito
A interiorização da telefonia, de acordo baixa em relação a de outras concessionárias
com a política traçada pelo Governo federal, do Sistema Telebrás: 78,6 por cento. Já na­
é um dos grandes objetivos estabelecidos pe­ quela ocasião, a taxa média de UTI no sis­
la Telerj. A modernização no interior, acom­ tema era de 84,6 por cento.
panhando o crescimento sócio-econômico da Para modificar este quadro, as Diretorias
região, inclui novos prédios e centrais tele­ Técnica e de Operações da Telerj desenvol­
fónicas, substituição de equipamentos, am­ veram um intenso plano de trabalho, envol­
pliação de rede externa, maior número de te­ vendo uma série de medidas técnicas.
lefones públicos e acesso aos sistemas DDD Todo este esforço gerou um excelente re­
e DDL Uma retrospectiva dos fatos mais im­ sultado: a Telerj chega ao mês de junho de
portantes que marcaram a atuação da Telerj 1983 com uma taxa de UTI da ordem de
nos últimos anos inclui, necessariamente, um 88,8 por cento, superior à meta de 88,3 por
acontecimento muito especial: o Estado do cento fixada para dezembro próximo.
h o m e m é c h a v e d a v i r a d a
conta são os meios. Ele acha que o Fun­
do Nacional de Telecomunicações irá aca­
bar como recurso para as empresas do
Sistema Telebrás. “No ano que vem de­
verão ser arrecadados CrS 525 bilhões, e
apenas 10 por cento desta quantia virão
para a Telebiás. As empresas terão de se
adaptar a essa realidade. O sistema de te­
lecomunicações vive do que arrecada. E
os recursos a Telerj serão aplicados no pa­
gamento da folha de pessoal, manutenção
do sistema, pagamento de empréstimos
e expansão dos serviços, nesta ordem. Os
três primeiros são prioritários, e o quar­
to a gente faz com o que restar".
Souto Jorge afirma que, apesar de al­
gumas previsões pessimistas, a Telerj
continuará a ampliar os serviços: “Em re­
Souto Jorge: tranqüilidadi cente reunião com a Telebrás, tivemos a
cm relação ao futura certeza de que teremos recursos para a
expansão. Para o próximo ano, devere­
mos contratar mais 17 mil terminais com
Na sua opinião, a consolidação da me­ a Standard, além dos outros projetos de
ta empregado satisfeito viabilizou a concre­ expansão em andamento, que implicarão
tização das outras metas da diretoria da na instalação de 60 mil terminais, a lon­
Telerj, melhoria da mie e assinante respei­ go prazo. Também para 1984, talvez pos­
tado. “Hoje, a Telerj é respeitada pela po­ samos contratar a primeira Central por
pulação carioca, nossos empregados ves­ Programa Armazenado — CPA, com a
tem a camisa da empresa e as chuvas dei­ NEC do Brasil, de 10 mil terminais, a ser
xaram de ser motivo de pânico. Estamos implantada em Vila Isabel, além de lan­
absolutamente tranqüilos em relação à çarmos; no Rio de Janeiro, o videotexto.
qualidade de nossos serviços", disse Sou­ Os projetos de fibras óticas e telefonia
to Jorte. móvel estão dependendo de autorização".
Admirado e muito querido entre os O presidente da Telerj está tranqüilo,
empregados, Souto Jorge resume sua fi­ em relação ao futuro: “Os empregados te­
losofia de trabalho em uma frase, pronun­ rão seus salários reajustados de acordo
ciada por Winston Churchill: “O impor­ com a política salarial do governo, e seus
tante da vida não é fazer o que se ama, benefícios mantidos. Continuaremos a
mas amar o que se faz". E esta é a sua fór­ atender aos assinantes, ampliando e man­
mula de sucesso: “Por mais difícil que se­ tendo o sistema telefônico na capital e in­
ja uma missão, quando a aceito, dou o má­ terior do Estado, e diversificando nossos
ximo em entusiasmo". serviços. E, quanto aos acionistas, conti­
Em relação ao atual estágio da econo­ nuaremos pagando os dividendos de
mia brasileira e seus reflexos na área de acordo com a cotação da Bolsa de Valo­
telecomunicações, Souto Jorge afirma res. Aliás, as ações da Telerj têm excelen­
que, para a Telerj, crise não existe, o que te cotação", finalizou Souto Jorge.