Page 74 - Telebrasil - Março/Abril 1983
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vestimentos impostos pelo programa de contenção inflacio telefonia rural nas suas respectivas áreas. Quando o FNT for
nária. É unânime o sentimento político e social de que se deve extinto, esses recursos serão obtidos de um percentual, tam
levar o telefone ao campo, mas divergentes as opiniões sobre a bém fixo, da provisão para expansão incluída na estrutura
maneira de motivar economicamente as empresas operadoras tarifária.
estatais ou privadas a investir nesta área de baixa rentabili Embora o problem a principal da telefonia rural seja o fi
dade. nanciamento e retom o dos investim entos, isto não exime em
A concentração de tráfego e terminais nos centros urbanos presas operadoras e indústria de buscar soluções que reduzam
é muito mais atrativa sob o ponto de vista de viabilidade eco os custos operacionais e de implantação. Muita coisa pode ser
nômica quando comparada aos parâmetros da telefonia rural. feita no sentido de reduzir o custo do projeto.
Numa fase de restrições de investimentos como a atual, a pres
são da demanda nas cidades e sua rentabilidade dirigem todos 2. Redução dos Custos de Projeto e de Operação
os recursos para expansão da rede nas áreas urbanas. Como a
telefonia rural beneficia os programas de produção agropecuá A s condições de b aixa densidade demográfica e conse-
ria, de dinamização da comercialização dos seus produtos, de qüente baixa concentração de assinantes conduzem a uma re
fixação do homem ao campo, nada mais racional e justo que de externa muito cara e centros comutadores, de pequena ca
setores fora do setor de telecomunicações contribuam financei pacidade em term inais, porém m uito numerosos. Embora se
ramente para viabilizar, com investimentos complementares busque a minimização de custos do binômio rede externa e cen
a fundo perdido, a implantação de redes e centrais, cujos prin tral comutadora, am bos se apresentam na telefonia rural com
cipais beneficiários são as áreas do Ministério da Agricultura, custo por term inal bem m ais elevado do que nas grandes cen
Ministério do Interior, Ministério da Fazenda e Bancos Regio trais em áreas densas. A operação, organização das equipes e
nais de Desenvolvimento Econômico. Esta seria uma solução recursos de manutenção devem tam bém visar a minimização
natural, mas pouco realista, face a uma análise histórica do dos custos. . . w m
que têm sido os investimentos governamentais na área de tele
comunicações. Estes nunca contemplaram o setor de teleco A) Estratégia Principal para Reduzir Custos
municações com verbas de seus orçamentos. Ao contrário, têm Recorrentes de Operação
retirado do setor vultosos recursos criados originalmente para
sua expansão (FNT), desviando-os para outras aplicações es E q u i p a m e n t o e r e d e c o n f i á v e l , isto é, alto MTBF (mean
tranhas à área de telecomunicações. Além disto, têm provo time between failure). Isto significa menor quantidade
cado aumento no preço absoluto de equipamentos e serviços de hom em /hora/term inal/ano e portanto menos pessoal e
utilizados nas telecomunicações através da criação de impos folha de pagamento e encargos sociais menores. Despe
tos, ampliação da abrangência de outros e alteração de alíquo sas com sobressalentes devem ser baixas.
tas (ISOF, ICM, ISS, PIS, INPS, FINSOCIAL). Isenções tem
porárias de IPI representam muito pouco em relação ao que se
— E q u i p a m e n t o n ã o a t e n d i d o . S u p e r v i s ã o C e n t r a l i z a d a
tem retirado do setor. E, portanto, muito irreal esperar dota
ções governamentais federais para financiar a telefonia rural.
E pouco mais provável que os bancos regionais de desenvolvi As centrais devem funcionar sem pessoal permanente, ape
mento se sensibilizem com os benefícios sociais, políticos e eco nas com visitas periódicas rotineiras ou em situação de emer
nômicos que a telefonia rural traria às transações comerciais e gência. Uma razoável quantidade de centrais rurais é supervi
ao desenvolvimento interioranos. Aqui reside também outro sionada de um centro de manutenção, onde são lotadas as equi
problema: a participação dos Estados nas empresas opera pes de manutenção. Deve haver, neste centro, recursos técni
doras vem diminuindo. As telecomunicações dentro dos Esta cos para receber alarmes categorizados das centrais remotas
dos são assunto do Governo Federal (Telebrás) e poucas unida desatendidas e meios de testes para verificação de condições
des da Federação têm participação efetiva nas empresas-pólo. operacionais principais e avaliar remotamente a qualidade de
Terão os Estados interesse em destinar recursos financeiros a serviço. Isto reduz ainda mais o quadro de pessoal e custos de
fundo perdido em programas decididos e geridos fora de seu transporte.
controle direto? Somente um idealismo social e incremento
considerável nas atividades econômicas desencadeadas pela
— Depósito central de sobressalentes, instrumental de
telefonia rural (incremento na arrecadação de tributos esta- teste, de supervisão e medição de tráfego
duais/municipais) motivariam tal política.
Considerando que tudo o que tem sido investido no sistema
brasileiro de telecomunicações pelo menos nos últimos 25 As centrais não devem ter estoque individual de sobres
anos — foi sempre financiado pelos próprios assinantes, tanto salentes nem instrumental de uso esporádico. Os sobressalen
o capital para implantações como o pagamento de taxas e tari tes, divididos em dois níveis, devem estar no centro de supervi
fas para remunerar a operação, temos convicção de que so são (nível inferior: sobressalentes de uso mais freqüente) e no
mente poder-se-á contar com recursos dos assinantes para fi centro de distrito que congrega vários centros de supervisão
(nível superior: peças de uso menos freqüente e conjuntos com
nanciar a telefonia rural. Como esta tem condições bem desfa
pletos de unidades). O nível inferior poderá ser guardado no
voráveis para autofinanciar-se e as redes urbanas as têm fa
voráveis, não restará outra alternativa senão a telefonia ur próprio veículo (furgão) de visitas, que será então um almo-
xarifado móvel. A economia nos custos acima depende em
bana subsidiar a telefonia rural. Isto proporcionaria ao assi
larga escala da qualidade e uniformidade de equipamento. Os
nante rural uma participação financeira nos mesmos níveis ou
bem próximos aos dos urbanos. Como mobilizar recursos? equipamentos subordinados a um mesmo centro de supervisão
ou a um distrito devem ser uniformes, para uso comum de so
Criar uma contribuição adicional às tarifas? Não é necessário,
bressalentes, documentação, equipamento de teste e especiali
pois os assinantes e quaisquer usuários de serviços de teleco
zação mais fácil da equipe de manutenção.
municações já contribuem com 30% de sobretarifa para o FNT.
E deste fundo que devem sair recursos para viabilizar a telefo
nia rural, porém não a critério das empresas operadoras, pois — Economia de energia elétrica
na sua busca de melhores indicadores de performance opera
cional e económico-financeiros, estas irão optar pela maximi /
zação do retorno dos investimentos, isto é, aplicação na telefo O equipamento deve ter alto rendimento energético. E co
nia urbana naquelas cidades onde as atividades econômicas mum se fazer esforços para reduzir a potência (KW), mas não
estiverem mais ativas. se criou ainda o hábito de verificar o consumo de enerva.
Assim, deveria haver um percentual fixo do FNT arreca (KWh) ao longo do regime de funcionamento, para se estimar
dado em cada operadora para financiamento dos projetos de o consumo de energia por unidade de trálego escoado (KV