Page 46 - Telebrasil - Março/Abril 1983
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Ora se apresentavam transformados em objetos de adorno, ora


                em pó, em grãos, em lâminas ou fios, ou mesmo  "in natura


                Impunha-se, assim, a sua pesagem e avaliação, na maior parte



                dos casos por peritos. Desse estágio inicial, evoluiu-se para a


                cu n h agem ,  tornando  a moeda  pública, cuja  aceitação era


                obrigatória. Passa a ter curso legal e poder liberatório. A ocor­



                rência dessa instituição é de oito séculos anteriores ao início da


                Era Cristã.  Os escritos de Heródoto assinalam que os lídios


                foram os primeiros a produzir moedas metálicas, enquanto Fi-


                don, Rei dos Argos, foi o primeiro soberano que imprimiu seu



                selo oficial às placas utilizadas como moeda em seus domínios,


                iniciando-se, então, a utilização de moedas de emissão oficial e


                de curso legal.



                         Quase todas as civilizações antigas compreenderam, desde


                logo, a importância da moeda e entenderam que os metais reu­


                niam importantes características para serem utilizados como


                 instrumentos monetários.


                         As primeiras formas de moedas metálicas (em ferro, cobre,



                bronze) foram, gradativamente, cedendo lugar aos metais pre­


                 ciosos. O ouro e a prata, pela sua relativa raridade, pela sua


                 durabilidade, homogeneidade e perfeita divisibilidade, ascen­


                 deram à posição de metais por excelência.


                         As nações passaram a usar o ouro e a prata sob a forma de



                 peças monetárias, em escalas diferentes de  valores. A prata


                 era, geralmente, empregada na cunhagem de moedas de valor


                 mais baixo. De início não havia relação de valor entre os dois


                 metais, praticando-se o chamado padrão paralelo. Mas, de­


                 vido às profundas variações de valor entre os dois metais, tor­


                 nou-se necessária a fixação de uma relação entre certo peso de


                 ouro e o equivalente peso de prata. Esse tipo de sistema foi cha­



                 mado bim etalism o ou padrão duplo, relação essa que varia­

                 va de nação para nação.



                        Essas relações, porém, continham certa dose de arbitrarie­


                dade: a natureza não se comprometeria a produzir 15 gramas


                de prata sempre ao mesmo custo do que  1  grama de ouro.  A



                descoberta de novas minas ou o melhoramento dos processos


                de extração de um ou de outro metal alterava a relação legal.                                                                                                                                                                                                                            A s   c i v i l i z a ç õ e s


                         Em conseqüência dessas alterações, como ainda se manti­                                                                                                                                                                                                                            c o m p r e e n d e ­


                vessem fixos os valores legais estabelecidos entre os dois me­


                tais, as moedas de ouro tenderiam a desaparecer. Os devedores                                                                                                                                                                                                                          r a m   d e s d e   l o g o


                preferiam pagar seus credores com moeda de mais baixo valor                                                                                                                                                                                                                               a   i m p o r t â n c i a


                intrínseco, conservando a outra em seu  poder.  Com  isso,  as                                                                                                                                                                                                                             d a   m o e d a   e   a


                moedas de ouro passaram a ser entesouradas, vendidas a peso


               ou exportadas.  Esse fenômeno passaria a ser conhecido como                                                                                                                                                                                                                                 c o n v e n i ê n c i a


               Lei  de  G resh am ,  um  financista  inglês da época:  'quando                                                                                                                                                                                                                                    d o   u s o   d e


               duas moedas, ligadas por uma relação legal de valor, circulam                                                                                                                                                                                                                                m e t a i s   c o m o



               ao mesmo tempo dentro de um país,  aquela que possui um


               valor intrínseco maior tende a desaparecer, prevalecendo para                                                                                                                                                                                                                               i n s t r u m e n t o s


               fíns monetários a que tem um valor intrínseco menor”. Em ter­                                                                                                                                                                                                                           m o n e t á r i o s ;   n a


               mos mais simples: a moeda má, expulsa a boa.                                                                                                                                                                                                                                         i l u s t r a ç ã o ,   s é r i e


                       Intervindo nesse processo, os Estados da Europa Ocidental,



              a exemplo do que já fizera a Alemanha, desamoedaram a prata                                                                                                                                                                                                                                d e   m o e d a s   d e


              e  implantaram  um  novo  padrão  monetário,  o  m on om e-                                                                                                                                                                                                                               p r a t a   d e   D o m


              talism o,  baseado,  exclusivamente,  no ouro.  Assim, o  bime­                                                                                                                                                                                                                                     P e d r o   I I .


              talismo cedeu lugar à monarquia absoluta do ouro.






                    2.          Moeda-Papel — Paralelamente à evolução do metalismo,


              desenvolveram-se os  sistem as  b a n cá rio s.  O  desenvolvi­



              mento desses sistemas foi a base e a origem da m oeda-papel,


              papel.


                      M oeda-papel era o instrumento monetário que, destituído



             de valor intrínseco, tinha por garantia as reservas depositadas


             nas casas de custódia de valores ou nas tradicionais ouri­


             vesarias. Poderá ser ainda assim definido:  M oeda-papel é o


             certificado emitido mediante lastro metálico integral.



                     A origem das casas de custódia (precursoras do§ modernos


             sistemas bancários) remonta à antiguidade. A prática da cus­


             tódia  floresceu  nos templos da  Babilônia.  Existiam casas de


            custódia e ourivesarias no Egito e em Roma.


                     A  moeda-papel  veio facilitar e simplificar a realização de



            pagamentos, evitando o deslocamento da moeda metálica, a


            qual,  pelo seu  volume e  peso,  era dificilmente transportada


            especialmente quando se tratava de grandes quantias.
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