Page 61 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1983
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TB — 0 orçamento com que a Diretoria mais elementares. É isto que vejo como DRH — Em primeiro lugar, a Telebra
de RH pode contar já foi definido? homem do povo. Como profissional, vejo sil é uma espécie de observatório, uma
DRH— Em outubro já tínhamos um or uma continuidade de política e uma con- entidade que não fica polarizada em
çamento estudado, que atenderia as catenação de planejamento que justifi torno de uma idéia. Ela veicula todas as
nossas necessidades e permitiria uma cam o êxito do setor. Agora, a nossa idéias e portanto traz a luz, a experiên
evolução bastante grande. Com as res evolução não tem sido tão rápida quanto cia, o diálogo. A Telebrasil tem um
trições vindas após outubro, na reali a da tecnologia, que se renova a cada grande papel — ela não só deve anun
dade bastante drásticas, tivemos que ir cinco anos. Nós nos esforçamos ao má ciar as coisas boas como apontar os ca
cortando naquilo que não é essencial. ximo para isso, mas por contingências minhos a seguir, quando as coisas não
Mesmo assim, verificamos que um dos de todas as naturezas, não conseguimos forem muito bem — e, ao mesmo tempo,
itens que não poderia evoluir mais era o acompanhá-la. Fazemos força e daí le deve estar sempre atenta às novas téc
dispêndio com pessoal — o item que varmos os nossos homens mais jovens a nicas, para nos atualizarmos. A Tele
mais sobrecarga trazia ao nosso orça conhecerem as técnicas para que, na ho brasil atua, realmente, como uma asso
mento, correspondendo a cerca de 60% ra que tenhamos possibilidades e recur ciação de classe e, se conduzida com bas
dos dispêndios globais. A idéia de con sos, possamos traduzir isso em coisas tante objetividade — sem radicalismos
gelamento dos nossos efetivos veio daí. palpáveis. É isto que vejo, tanto como e polarizações em tomo de certas idéias
Então, o primeiro reflexo dos cortes foi usuário como homem que observa o se — será sempre o campo do debate am
decorrente de um teto, não ultrapassá- tor há muitos anos. E acho que estamos plo, através de sua revista e de seus céle
vel, de gastos com pessoal — e a respon de parabéns — se não chegamos ao bres painéis. Eu sou um assíduo leitor
sabilidade de mantê-lo neste teto é mi ótimo, estamos do razoável para o bom. da revista Telebrasil. Tenho toda a cole
nha. A gora, a T eleb rá s tem uma ção e acho que ela serve tanto para mim,
característica: ela sempre adiantou-se a um simples mortal e um homem não al
todos os eventos e, mesmo antes de acon tamente especializado, como vejo alí,
tecerem estes fatos recentes, já existia a "A realidade é que, se também, assuntos próprios para estes
política de restrição e austeridade. Por homens dedicados às ciências e a tec
esvaziarmos os recursos, nós
isso, estamos no nível em que podemos nologia. A Telebrasil dá esta visão am
vamos parar".
estar sem prejuizo do funcionamento de pla do panorama do Brasil.
todo o sistema.
TB — O Sr. teria mais alguma coisa a
mencionar?
TB — É difícil conservar os profissio TB — O problema das TCs é que ela não DRH — Apenas que eu me abri aqui,
nais de alto nível e manter a política de pode parar nunca — não há ponto final. dando minhas idéias pessoais, idéias de
austeridade. Como fazer isto? Como conciliar este fato com corte de
DRH — Os níveis mais baixos são mais investimento? observador do nosso mundo, sem nenhu
fáceis de substituir, embora represen DRH — Parar é sinônimo de voltar ma preocupação em esconder coisas. Foi
tem um custo adicional, pois cada troca para trás, basta ver o problema da tec tudo dito com a maior franqueza — e
significa ensinar alguém — e se a nós nologia que citei acima. Por outro lado, acho que isso é, realmente, bom.
não convém trocar, num mercado de tra um país com a extensão territorial do
balho difícil, não interessa ao homem Brasil cria necessidades tremendas
sair. O turn-over nosso está muito bai para manter uma evolução constante.
xo, temos empresas com um coeficiente Acho que foi pouco salientado o esforço
de 0,014, como a Telpa. Já no nível mais que a Telebrás fez para ligar todos os
alto, o turn-over é maior, principal municípios em 82. E como uma escada
mente nas áreas especializadas, pois as em que cada dia precisamos subir um
indústrias, tanto nacionais como milti- degrau: se pararmos num patamar in
nacionais, procuram captar estes ho termediário, não chegaremos nunca ao
mens. O nosso enfoque especial é a ma objetivo final, que é a satisfação da po
nutenção desses homens, de alta forma pulação — e a realidade é que, se esva
ção e de difícil substituição. Os mais vi ziarem os recursos, nós vamos parar. E,
sados são os do CPqD, cientistas que es acima de tudo, o setor de TC representa
tão pesquisando fibras ópticas, raios la um fator importante não só no contexto
ser, circuitos digitais — esses homens da integração nacional, como no da sa
não podem sair. tisfação da população e no econômico.
As TCs favorecem entendimento e negó
TB— Como usuário, como vê a evolução cios, através de uma comunicação rá
do sistema de comunicações? pida e a custo mínimo, com tarifas abai
DRH — H ouve uma evolução tre xo da inflação do país. Considerando o
menda, principalmente para o homem dólar, o INPC, as ORTNs, as nossas ele
que usa o telefone e a TV, que se espa vações de tarifas estão 5% abaixo de
lharam pelo Brasil inteiro. Foi um há qualquer uma das taxas consideradas.
bito que adquirimos, que faz parte do Preservando os recursos, o país está fa "A Telebrasil, conduzida com
dia-a-dia e não sabemos mais ficar sem zendo economia e melhorando o status objetividade, será sempre o
eles. Antigamente, o telefone era de de vida de toda a população. campo do debate amplo,
classe alta e hoje está entrando nas fa através de sua revista e de
velas. Quer dizer, passou da camada TB — Dentro do contexto global, como o seus célebres painéis".
elta para a média e está chegando nas sr. situaria a Telebrasil?