Page 19 - Telebrasil - Julho/Agosto 1982

no que vem. Aqui dentro acredito que po Olivetti faz, e bem. É possível que guns deles e, naturalmente, estamos res­

este ano, pois todo m undo está ven­ precisemos partir de uma tecnologia de­ peitando as regras do jogo, sem fazer

dendo um pouco mais, o m ercado está senvolvida no Brasil, o que pode ser uma pressão de nenhum tipo. Eu acho que a

bom. No ano que vem, possivelmente, a das exigências. Não é um problema, por­ Olivetti contribuiu muito para o proces­

nte tem que dar uma brecadinha. Se que só na área de eletrônica temos 40 so de desenvolvimento do Brasil e tem

eu estivesse a testa do governo, faria pessoas fazendo pesquisas, hoje, em um desejo fortíssimo de continuar con­

isto. G uarulhos. Tem os lá um dos labora­ tribuindo. O nosso problema náo é fazer

tórios mais bem montados do país. Pode pressão para conseguir fabricar determi­

TLB - Esta brecadinha seria em função de ser que para determinados produtos a nado produto, mas saber se há interesse

controlar a inflação? imposição do Governo seja a participa­ - isso è muito importante.

EM • Exato. Acho que é absolutamente ção, em maioria, de capital nacional no

mandatória e, me entenda bem, não con­ TLB - O que levou Cario de Benedetti a

funda brecadinha com desemprego. Um convidá-lo para dirigira Olivetti?

país como o Brasil não pode, absoluta­ E.M. - Nós éramos sócios numa empresa

mente, dar-se ao luxo de produzir de­ de equipamentos para petróleo. Eu fun­

semprego. Aqui não há seguro-desem- dei a empresa em 68, incentivado pela

prego, não somos como outras econo­ Petrobrás. N esta época havia certos

mias em que o desem pregado recebe equipamentos que tinham de ser nacio­

uma parte do seu salário. D evem os nalizados. Procurei desenvolver estes

equacionar o desem penho econôm ico produtos aqui no Brasil, muito ajudado

interno tendo como regra m andatória pela Petrobrás, que tem sido a maé de

geral e primeira o seguinte: não produzir uma porção de empresas que nasceram

desemprego. as custas da coragem da Petrobrás - ela

testava os novos produtos em lugares

TLB - Qual é o seu receituário? que náo eram perigosos e em diâmetros

EM - Um elenco de medidas que, sem pequenos, e a coisa ia se expandindo.

produzir desemprego, faça a economia Toda a indústria de base nacional foi ex­

andar. E este já não é mais um assunto da tremamente ajudada pela Petrobrás nes­

Olivetti. "Os produtos de tes últimos 20 anos. Em 1972, quando a

informática custam, empresa que começou do nada, com 30

TLB - Um assunto da Olivetti é o escri­ aqui, 3 a 4 vezes o preço pessoas, já estava fazendo equipamen­

tório do futuro. Que mais a Olivetti está tos importantes, eu precisava de tecnolo­

pensando lançar? do mercado gia e não tinha. Nessa altura, saí pro­

EM - A minha resposta é muito simples: internacional — só por curando pelo mundo todo e, exatamente

por uma razão de escala, encontrei-me
para o grupo Olivetti, isso é a vida. O um problema de escala!"

grupo investiu uma m ontanha de di­ na Itália com o engenheiro Cario de Be­

nedetti, que é hoje o principal acionista e
nheiro nisso e está fazendo estes produ­
dono da Olivetti. O pai dele tinha fun­
tos. Não no Brasil, porque aqui não pode
dado uma empresa em 1930, na Itália,
devido ao que o Governo estabeleceu -

determinadas prioridades, limitações de empreendimento. Também náo é pro­ que fazia outros produtos além dos que

mercado - pelas quais a Olivetti do Brasil blema. Mas quero deixar bem claro que, eu fazia aqui. Eles tinham uma tecnolo­

náo pode fazer determinados produtos. muito mais importante do que as deter­ gia já de 40 anos e uma posição consoli­

A Olivetti italiana investiu forte neste minações do Governo no sentido do que dada no mundo. Nós nos associamos, a

campo, está tendo um sucesso muito se pode ou náo fazer, é saber se o pro­ empresa continuou nacional e cresceu

grande em suas vendas, a custos real­ duto que pretendo fazer dá para fazer no bastante.
Em 76, o eng. de Benedetti entrou
mente baixos e a preços competitivos. Brasil e em que condições: se só con­ para a Fiat e saiu 4 meses depois, tendo

Claramente a nossa intenção é poder fa­ tando com o mercado interno ou se pre­ vendido a parte dele na nossa empresa

zer o mesmo também no Brasil. Para fa­ ciso da exportação - por um problema de

zer isto, teremos que nos adequar as exi­ escala. É o que está acontecendo hoje nos para a Fiat. Eu continuei até 78, quando

gências do Governo e, à medida que elas produtos de informática, que aqui cus­ acabei também vendendo a minha parte

e estava pensando no que iria fazer. A es­
forem feitas, vamos procurar atendê-las: tam três a quatro vezes o preço do mer­

sa altura, o eng. de Benedetti, que já ti­
vamos fazer as contas e procurar atendê- cado internacional - só porque não tem

las. escala e tem que custar caro! Se para fa­ nha comprado a Olivetti, veio ao Brasil e

conversou com o Presidente da Repúbli­
zer um produto com a qualidade exigida

ca e seus Ministros, dizendo que queria
TLB -Já existe alguma nova máquina ele­ para exportar e a preço internacional é

trônica em projeto? preciso um número de peças que o mer­ entrar no cam po da inform ática. Isto

aconteceu em 79. A resposta do Governo
EM - Lançamos a máquina de escrever e cado interno não absorve, então é pre­ foi que a empresa deveria tomar-se bra­

o telex eletrônicos, e só falta sair a Praxis, ciso fazer um número de peças para o sileira. Ele me procurou então e pergun­

cujo problema é o ferramental. Começa­ mercado interno e mais um tanto para tou-me se eu não queria fazer um projeto

mos há dois meses e acredito que até o exportação, de modo que o volume total para desenvolver produtos de informá­

fim do ano estará tudo pronto. Portanto, permita exportar. A filosofia é esta. Os
tica e aproveitar para tom ar conta da
penso que no começo do ano que vem produtos nós temos.
"lojinha". Foi o que eu fiz. Em 80 entrei
tem máquina na rua. aqui e estou tomando conta da "lojinha"

TLB - É o Sr. poderia citar, já, algum

e procurando ver o que podemos fazer.
TLB - E depois? produto?

EM - De agora até o fim do ano vamos E.M . - Eu prefiro não citar porque essa

avaliar o desempenho de todo o mercado área é muito sensível. N ó s estamos estu­
dando uma porção de produtos, estamos
e vamos nos situar em algumas áreas e Vera R achel
vendo o desempenho aqui dentro de al­
produtos que sabemos fazer - que o gru­